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Pesquisadores da UFPB discutem toxicidade da cloroquina e hidroxicloroquina

Pesquisadores da UFPB elaboraram um Boletim Informativo sobre a Covid-19, destinado à comunidade acadêmica, aos profissionais da área de saúde e ao público em geral. A edição elaborada pelo PET-Farmácia apresenta o que vêm sendo estudado, incluindo o tratamento com medicamentos na forma grave da doença, como cloroquina e hidroxicloroquina.


Ante a pandemia do novo coronavírus, o objetivo principal do trabalho coordenado pela professora Leônia Maria Batista, professora titular do Departamento de Ciências Farmacêuticas, do Centro de Ciências da Saúde (CCS), pelo professor Climério Avelino Figueiredo, do Departamento de Fisiologia e Patologia, e por uma equipe de alunos bolsistas e voluntários, foi decodificar e disponibilizar informação científica de uma forma mais clara para a população.

Segundo a pesquisadora, o boletim faz parte das atividades do PET-Farmácia e já é lançado periodicamente, a cada quatro meses, sempre com assuntos que estão em evidência na saúde pública. Em função da pandemia, a Covid-19 foi o assunto escolhido para ser abordado na edição deste mês de abril.

“A gente fez uma coletânea de informações desde o processo histórico, os dados epidemiológicos, tudo baseado em artigos científicos, muito completo, você pode ver que as referências são 2019 e 2020, é o que tem de mais novo, inclusive a discussão dos medicamentos que estão sendo propostos, que a gente sabe que tem muita toxicidade”, afirma a professora Leônia.

A edição elaborada pelo PET-Farmácia apresenta processo histórico, epidemiologia, mecanismo de infecção, manifestações clínicas, transmissão, diagnóstico, prevenção e medicamentos que vêm sendo estudados para tratamento da Covid-19 na forma grave da doença, como cloroquina e hidroxicloroquina, fármacos utilizados para o tratamento da Malária, Artrite Reumatoide, Lúpus Eritematoso Sistêmico dentre outras afecções.

A professora lembra que oficialmente ainda não existem vacina nem medicamentos para o Covid-19, apenas supostas formas de tratamento. “O que tem são esses supostos estudos e a gente traz a toxicidade dessas substâncias que estão sendo propostas. Todo mundo correu para as farmácias para comprar esse derivado da quina, mas tem uma toxicidade muito grande e está faltando no mercado para quem de fato precisa, para as pessoas que têm Lúpus, Malária e precisam dessa medicação”, alerta a professora.

Ela lembra que o tratamento está em nível experimental e não pode ser usado como prevenção. No boletim, a equipe informa que, devido ao elevado número de efeitos adversos provocados por esses medicamentos, o uso é respaldado desde que seja monitorada a ocorrência de eventos arrítmicos por meio da realização de eletrocardiogramas frequentes.
Manifestações clínicas e prevenção

O material elaborado pelo grupo detalha, entre outros aspectos, as manifestações clínicas da infecção pelo vírus da Covid-19. Ela é marcada por um amplo espectro de indicativos clínicos, que variam de sintomas simples, ou ausência de sintomas a graves acometimentos, diz o boletim.

Ainda conforme o levantamento, nas fases iniciais da infecção ocorrem febre (83% a 98%), tosse (76% a 82%) e mialgia ou fadiga (11% a 44%), bem como dificuldade ao respirar. E os sinais menos frequentes são diarreia, hemoptise (tosse com secreção de sangue), falta de ar, confusão, dor de cabeça, dor de garganta, rinorreia (corrimento nasal), dor no peito, náusea e vômito.

Já entre as informações de prevenção, como isolamento social, higienização das mãos e do ambiente, o material traz informações importantes sobre a efetividade dos produtos sanitizantes indicados para prevenir contágio pelo vírus.

Um exemplo é o efeito do sabão, que consegue destruir o vírus por apresentar característica anfifílica, ou seja, possui uma porção hidrofílica (possui afinidade com a molécula de água e é solúvel nela) e outra hidrofóbica (não absorve ou não se mistura com a água).

Conforme o boletim do PET-Farmácia, a parte lipofílica do sabão, que é solúvel em lipídios, forma um complexo no qual promove o encapsulamento do vírus, devido ao fato de que o microrganismo apresenta uma camada lipídica em seu revestimento, proporcionando assim a atração entre esses componentes e originando estruturas chamadas micelas. Com isso, o revestimento formado desestabiliza a estrutura externa do vírus, resultando na sua destruição.



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