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Pesquisa da UEPB aponta que sucupira é melhor que carbureto usado para amadurecer bananas

Uma pesquisa feita por alunos do curso de agroecologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), campus Lagoa Seca, conseguiu provar a eficácia do uso da folha de sucupira para acelerar o amadurecimento de bananas. 

A folha pode substituir o uso de agrotóxicos, como o carbureto, comumente usado para acelerar o processo. A técnica pode ser aplicada tanto em grande escala de produção rural, como em casa, pelos consumidores.

A pesquisa foi desenvolvida por dois alunos e um professor. Segundo o estudo, a folha da sucupira libera uma substância chamada etileno que faz a banana amadurecer mais rápido.
Para garantir a aceleração é necessário colocar a banana e a folha de sucupira em local abafado, assim como é feito com o carbureto.

Um cacho de banana “verde” na bananeira demora cerca de 15 a 20 dias para amadurecer de forma natural. Como muitas vezes os produtores precisam vender o produto mais rápido, eles aceleram o amadurecimento com uso de agrotóxico. Os cachos de banana são colocadas por cima de uma lona, misturados com saquinhos com carbureto. Depois outra lona é colocada por cima, abafando as bananas junto ao agrotóxico.

Segundo o estudo, com esse processo usando agrotóxico, a banana amadurece em quatro dias. Fazendo o mesmo processo, porém, usando folhas de sucupira, as bananas já estavam amadurecidas em 2 dias. Além disso, o custo é muito menor. Para cada 100 quilos de banana, foram usadas apenas 100 gramas de folha de sucupira.

A pesquisa vem sendo feita há um ano, é exclusiva da universidade paraibana e já rendeu uma publicação em uma revista internacional, padrão A1. Outras pesquisas já comprovaram o uso medicinal da sucupira, como ações anti-inflamatórias e analgésicas. A sucupira é uma leguminosa da família Faceae.

No estudo, os alunos Rivaildo da Costa e Oliveiro de Oliveiras conseguiram provar que o uso da folha consegue ser ainda mais eficaz que o agrotóxico. O amadurecimento com uso da sucupira é mais rápido e deixa a banana mais doce que com o agrotóxico. 

Como tudo começou?

Antes do estudo universitário entre sucupira e banana, a técnica natural já era aplicada através do conhecimento empírico – ou conhecimento popular - dos parentes de Rivaildo. A ideia da pesquisa surgiu antes mesmo dele entrar para o curso de agroecologia.

Rivaildo era estudante de um curso técnico de ensino médio na cidade de Remígio, onde mora. Oliveiro era professor de Rivaildo e, em uma aula, o aluno comentou que tinha uma família de agricultores que usavam folha de sucupira há 50 anos, desde a época do bisavô.

“Eu disse: Rivaildo faz Enem e entra em agroecologia pra gente fazer essa pesquisa, juntos. Não deu outra, ele passou. Já no 1º semestre a gente já começou a trabalhar. Ele trazia o conhecimento que vem de infância do pai, avô e bisavô e a gente colocava em prática na universidade. Quando começou já ficamos fascinados”, disse o professor Oliveiro.

Desenvolvimento

O grupo fez estudos e testes com bananas no campo e também em laboratório. No próprio campus da UEPB, em Lagoa Seca, existe um bananal. No laboratório, as bananas foram colocadas junto à folha de sucupira e abafados com um plástico filme.

Depois do laboratório, os alunos fizeram os testes em uma propriedade rural com grande escala. Para o abafamento foram usadas lonas como as que os produtores já utilizam quando vão fazer o mesmo processo com carbureto.

Risco de agrotóxico

A pesquisa também serviu para mostrar uma alternativa para substituir o uso do agrotóxico. O médico infectologista Jaime Araújo destaca o risco do uso de carbureto tanto para o produtores rurais, como para o consumidor.

“O risco do uso do carbureto é basicamente o risco inerente à maioria dos agrotóxicos e dos produtos químicos. Ele pode precipitar principalmente intoxicações como náuseas, vômito e acúmulo no organismo a longo prazo. A longo prazo, existem estudos que mostram que não só o carbureto, mas outras substâncias tóxicas, podem precipitar o risco de desenvolvimento de câncer, tanto em quem manuseia o produto, como em quem consome”, explicou o médico.

Baixo custo

Outro destaque da pesquisa é que ela possibilita uma economia para os agricultores, uma vez que o uso da planta elimina a necessidade de comprar agrotóxico. “Praticamente o custo é zero, uma planta que germina em nosso meio e sempre o produtor tem. Não precisa de uma grande quantidade, apenas 100 gramas para 100 kg foi suficiente. Uma árvore, quanto mais você poda mais ela flora. É viável para o produtor. O dinheiro que ele gasta com carbureto ele pode comprar algo pra casa dele e a planta está lá”, disse Oliveiro de Oliveiras.


Da Redação com G1