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Joesley diz que anular delação é ato de “covardia’ de Janot

O empresário e delator da Lava Jato Joesley Batista declarou nesta sexta-feira (15) que o pedido de anulação de sua delação premiada é um "ato de covardia” do procurador-geral da República Rodrigo Janot.

A declaração foi feita durante audiência de custódia ao juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, na ação em que Joesley e o irmão Wesley Batista são acusados de manipulação do mercado financeiro. O juiz manteve a prisão preventiva.

"O procurador [Janot] acho que foi muito questionado sobre a nossa imunidade e, por fim, acabou por pedir a quebra da nossa imunidade. Eu acho um ato de covardia por parte dele, depois de tudo o que fizemos e de tudo o que entregamos de prova", lamentou Joesley no depoimento.

O empresário chegou à audiência vestindo calça jeans, sapatos e camiseta polo. Bastante calmo, ele não se exaltou em nenhum momento. Joesley negou o crime de "insider trading" (uso de informações privilegiadas para atuar no mercado financeiro) e disse que é normal a venda de ações na J&F, alegando que isso ajuda a companhia a fazer "caixa", já que "os bancos têm restringido crédito para nós".

— Nós vendemos antes, durante e continuamos vendendo, por necessidade de caixa.

Os irmãos Batista são acusados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, na operação Tendão de Aquiles, de se aproveitar da divulgação das delações premiadas dos executivos da J&F, em maio, no âmbito da operação Lava Jato, para comprar e vender ações da JBS e, assim, diminuir os prejuízos aos negócios da família em até R$ 138 milhões. Eles também são acusados de determinar a compra de mais de US$ 2 bilhões em dólares, numa aposta de que a moeda norte-americana iria disparar assim que o conteúdo das delações se tornassem públicas, o que realmente aconteceu.

O empresário seguiu a linha de defesa de seu time de advogados e destacou que as críticas sofridas por Janot, em razão da imunidade penal concedida aos delatores da JBS, seriam a razão para o pedido de cancelamento das colaborações.

— Eu fui mexer com os poderosos, donos do poder, e estou aqui agora.

Questionado pelo juiz, o empresário declarou que não sofreu nenhum tipo de mau-trato durante o período em que ficou preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Além de manter a preventiva, o juiz determinou que Joesley fique preso na carceragem da Polícia Federal em São Paulo, onde já se encontra seu irmão Wesley.

Joesley foi preso no domingo (10) por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luis Edson Fachin, por supostamente descumprir o acordo de delação premiada firmado com a PGR no âmbito da operação Lava Jato. A prisão temporária foi convertida em preventiva (quando não há prazo para acabar) nesta quinta.

Também ontem, o procurador-geral da República pediu ao Supremo a rescisão definitiva dos acordos de delação premiada de Joesley Batista e do ex-diretor de relações institucionais da J&F Ricardo Saud. A decisão cabe a Fachin, que deu prazo de dez dias para os delatores se manifestarem. (Por Fernando Mellis, do R7)

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