O médico afirma que os maiores obstáculos para o sucesso da cirurgia concentram-se na fusão da medula espinhal com a cabeça transplantada e na prevenção do sistema imunológico do corpo para não rejeitar a nova cabeça.
A cirurgia
Neste mês, o cirurgião publicou um material com técnicas diferenciadas que ele acredita que irão permitir a realização do transplante. As técnicas envolvem o resfriamento das partes do transplante para estender o tempo que as células do corpo podem sobreviver sem oxigênio. Antes da medula espinhal de cada pessoa ser cortada, o tecido que envolve o pescoço é dissecado e a maior parte dos vasos sanguíneos são conectados através de pequenos tubos. Segundo o cirurgião, o corte das medulas é a chave para o procedimento.
A respeito da possibilidade de rejeição do sistema imunológico ao transplante, o médico diz não pensar que seja um grande problema atualmente. Segundo ele, isso se deve ao uso de substâncias capazes de controlar a aceitação de grandes partes de tecido nervoso, assim como ocorre em transplantes de coração e fígado.
Testes em animais
O primeiro transplante de cabeça foi feito em um cachorro, em 1954, pelo cirurgião soviético Vladimir Demikhov. A cabeça e patas do animal foram transplantadas no corpo de outro cão de tamanho maior. O cirurgião fez diversas tentativas, mas os cães sobreviveram apenas de dois a seis dias.
Em 1970, a primeira cirurgia do tipo teve sucesso. Um grupo da escola de medicina da Universidade Case Western, em Cleaveland, Ohio, transplantou a cabeça de um macaco no corpo de outro. O animal viveu nove dias até seu sistema imunológico rejeitar o transplante. No entanto, nenhuma tentativa de unir a medula espinha foi feita, deixando o animal paralisado.
Algumas tentativas de transplantes de cabeça foram feitas desde então e os procedimentos cirúrgicos envolvidos no processo evoluíram. "Penso que estamos no ponto em que todos os aspectos técnicos são possíveis", declarou Canavero.
WSCOM