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Pastor acusado de golpe de R$ 3 milhões contra igreja é liberado da prisão pela Justiça da Paraíba



O pastor Péricles Cardoso de Melo, investigado por estelionato após um golpe de cerca de R$ 3 milhões contra fiéis em uma igreja de João Pessoa, vai responder ao processo em liberdade. A decisão da Justiça da Paraíba foi publicada nesta segunda-feira (25). O juiz Antônio Maroja Limeira Filho entendeu que não existem mais fundamentos para a manutenção da prisão preventiva de Péricles. O pastor foi preso em 1º de novembro de 2023.


Além de mandar soltar Péricles Cardoso, o juiz também extinguiu o mandado de prisão contra a esposa dele, Vânia Francisca de Macedo Melo, que também é investigada no processo, mas que nunca tinha sido presa.


Para o juiz, não existe nenhuma indicação de que em liberdade os dois tentarão intimidar ou corromper testemunhas ou ou dificultar as investigações criminais e o andamento do processo. “A conclusão é que não subsiste o alicerce que motivou a decretação da custódia preventiva, nem há demonstração da existência concreta de fatos novos ou contemporâneos a justificar a necessidade da manutenção do decreto de prisão”, afirmou o juiz nos autos.


Entenda como agia o pastor investigado por golpe de R$ 3 milhões

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) se colocou contrário à revogação da prisão preventiva e apresentou um acréscimo à denúncia, para inclusão de 11 novas vítimas. O juiz ponderou que possíveis omissões da denúncia inicial podem ser sanadas a qualquer tempo, antes da sentença final.


A investigação contra o pastor


Em 22 de setembro, o pastor teve a prisão preventiva decretada após pedido do Ministério Público da Paraíba. Ele responde por estelionato.


De acordo com as investigações, mais de 30 vítimas dos golpes aplicados pelo pastor foram identificadas no inquérito. A própria congregação onde ele era pastor também foi vítima de furto, estimado em R$ 17 mil.


O suspeito agia de diversas formas, utilizando a condição de pastor e da confiança que os fiéis tinham nele. O golpe foi aplicado por meio de empréstimo de dinheiro em espécie, cartões com senha, cheques e notas promissórias. Até mesmo foram feitos financiamentos de veículos em nomes de fiéis. O valor que deveria ser pago mensalmente não era devolvido.


Sobre a dinâmica dos golpes, a delegada Andréa Melo, que foi responsável pelas investigações antes da conclusão do inquérito, disse que a condição de ser pastor foi primordial para conseguir a confiança dos fiéis.


“Ele pedia dinheiro emprestado de um pra pagar conta de outro. Ele era uma pessoa muito bem quista dentro da igreja, porque ele fazia muitas ‘obras sociais’, ele ajudava muito as pessoas, dava cestas básicas, pagava contas de luz, pagava cartão de crédito de uma pessoa que tava precisando, pagava conta de água, e com isso ele ia conquistando a confiança daquelas pessoas”, explica.


Essa “ajuda” fornecida pelo pastor acusado de aplicar golpe favorecia a imagem dele perante os fiéis e, posteriormente, os pedidos de favores financeiros aconteciam por parte do líder religioso. 


“Ninguém podia dizer um não para ele, porque ele era uma pessoa extremamente querida e respeitada dentro da comunidade. Então ele chegava chorando para as pessoas, dizendo que estava precisando daquele dinheiro, que não tinha conseguido arrecadar o dinheiro da parcela da casa que a igreja havia comprado e pedia o valor ao fiel, que emprestava”, ressaltou.


A polícia conseguiu informações de que durante anos o pastor tinha esse tipo de atuação em relação aos fiéis, mas desde o começo de 2023 o homem não conseguiu mais pagar algumas contas feitas com os dados das vítimas e isso se tornou uma bola de neve.


“Durante anos ele utilizou vários cartões de crédito de fiéis, que ele realmente tinha a posse dos cartões, a senha, e ele passava o cartão e pagava, mas nesse pedido constante as coisas começaram a desandar. Do final de 2022 para o começo desse ano, ele começou a atrasar alguns pagamentos e isso se tornou uma bola de neve, com juros de cartão de crédito e juros de empréstimo”, disse.


Em um vídeo veiculado nas redes sociais, feito pelo pastor acusado de aplicar golpe e pela esposa conhecida como Vânia, durante o período em que estava foragido da Justiça após o pedido de prisão ter sido decretado, Péricles Cardoso afirmou que realmente utilizava os cartões das vítimas. 


“Eu fiz algumas coisas na igreja. Reformas, trabalhos, salas, auditórios e salas de músicas. Alguns irmãos emprestaram cartões e eu fui pagando. Tem cartões que há mais de um ano eu venho comprando e pagando nas datas certas, até antes”, disse.


Jornal da Paraíba