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PF: Delação de Palocci sobre Lula e BTG não tem provas

O delegado da Polícia Federal (PF) Marcelo Feres Dantas concluiu que não há provas que corroborem a versão do ex-ministro Antonio Palocci sobre supostos repasses do banco BTG a Lula em troca de informações privilegiadas.


“Quanto aos fatos, observa-se que foram desmentidos por todas as testemunhas declarantes, inclusive por outros colaboradores da Justiça.


Eles aparentemente não teriam prejuízo algum em confirmarem a narrativa de Palocci, caso entendessem ser verdadeira”, argumentou Dantas no documento.

Em delação, Palocci afirmou que bancos doaram R$ 50 milhões a campanhas do PT. 


Dessa forma, eles seriam beneficiados nos governos Lula e Dilma, caso os candidatos fossem eleitos. Segundo o ex-ministro, Bradesco, Safra, BTG Pactual, Itaú Unibanco e Banco do Brasil estiveram envolvidos no caso. 


As instituições supostamente queriam obter informações privilegiadas sobre mudanças na taxa básica de juros, a Selic. Além disso, pretendiam ter a ajuda do governo em outras situações. 


A PF, porém, não conseguiu identificar de onde teria saído o vazamento da decisão do Comitê de Política Monetária, tomada em 31 de agosto de 2011, e que teria beneficiado as instituições.


Em agosto de 2011, o esquema teria sido colocado em prática: segundo Palocci, Guido Mantega teria avisado Esteves de que o Comitê de Política Monetária (Compom) do Banco Central baixaria abruptamente a taxa de juros Selic em 1 de setembro. Até então, ela seguia tendência de alta.


De posse da informação, Esteves teria atuado para que o Fundo Bintang tivesse lucros astronômicos, de 400% no ano.


Parte dos ganhos teriam sido destinados à Lula. Palocci afirmou também que André Esteves queria administrar, em seu banco, R$ 300 milhões de propinas que seriam dados ao PT pela Odebrecht.


“Precisa ser investigado melhor essa conclusão do delegado, pois os argumentos são fracos. Não se explica nada do que foi dito. Qual o interesse dele [Antonio Palocci], sabendo as regras da delação, revelar esse tipo de informação e, ainda, envolvendo vários bancos?”, comentou o jornalista Max Cardoso no boletim da manhã.


Seria interessante, numa investigação como essa, “analisar quais foram os ganhos desses bancos no período Lula/Dilma, examinar as licitações que eles [os bancos] venceram, investigar quem eram os responsáveis por essas licitações, observar se ganharam dinheiro com isso e averiguar as contas”, completou Max.


Revista Oeste