São João Batista é festejado em junho em quase todos os municípios da região do Vale do Piancó, mas na maior cidade, Itaporanga, tem comemoração tímida em detrimento de São Pedro, apóstolo e primeiro papa, que ocupa o centro das festividades. Mas por que isso?
O perfil Acervo Itaporanga, página no Instagram dedicada a resgatar momentos históricos do município, fez uma pesquisa e revelou o motivo. Conforme publicado, a razão é em respeito à memória do cônego Manoel Firmino Pinheiro, que foi vigário de Misericórdia – antigo nome do município Itaporanguense.
Ele faleceu no dia 23 de junho de 1954 e, desde então transferiram-se as comemorações para o dia de São Pedro — tradição que perdura até hoje.
Padre Firmino é lembrado por seu longo paroquiato de quase vinte anos, durante o qual ergueu a imponente torre da Igreja Matriz, concluindo, assim, as obras de sua edificação.
Desde o falecimento do religioso, houve dezenas de prefeitos no município e nenhum mudou a data. Além do respeito à memória, há também a questão comercial. Em junho, a maioria das cidades da região reversam o festejo. Piancó, por exemplo, é a primeira a realizar evento em praça pública; seguida por Diamante, Nova Olinda, Boa Ventura, Conceição etc.
O São Pedro é realizado em julho, quando já se tem cessado festas em quase todas as cidades, dessa forma, Itaporanga consegue atrair os moradores de outras localidades para o evento.
Padre Firmino
Padre Firmino (Foto: Reprodução/Acervo Itaporanga)
Natural de Alagoas, chegou à Misericórdia (Itaporanga) após ser vítima de perseguição política pelos poderosos da terra natal, onde havia exercido o mandato de deputado estadual. Trouxe consigo um grande número de agregados e filhos de criação, muitos dos quais aqui se fixaram e constituíram família.
Entre esses filhos, criou José Mariano, entregue a seus cuidados pelo próprio pai — o cangaceiro de mesmo nome, integrante do bando de Lampião — ainda quando vigariava na cidade alagoana de Mata Grande.
A ligação de padre Firmino com o cangaço se dá também por outro episódio marcante: em 1912, enquanto era vigário de São José de Belmonte, em Pernambuco, foi padrinho de crisma do menino Virgulino Ferreira da Silva, que, mais tarde, viria a se tornar o temido cangaceiro Lampião.
Honesto e sem vícios, morreu pobre e doente, aos 84 anos. Seu funeral foi conduzido pelo então bispo diocesano de Cajazeiras, dom Zacarias Rolim, e seu sepultamento reuniu uma multidão, que acompanhou o féretro até a Igreja do Rosário, onde foi enterrado no dia seguinte, por volta das cinco da tarde. (texto: Acervo Itaporanga)
Diamante Online / Foto Divulgação