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Mercado ilegal da turmalina movimentou R$ 2,5 mi; deputado ainda poderá ser intimado. LEIA!

Pedras eram extraídas na PB, lapidadas no RN e exportadas de MG (Crédito: Divulgação/Polícia Federal)
A extração, exportação e comercialização da pedra turmalina Paraíba movimentou mais de R$ 2,5 milhões. 
O dado foi revelado por representantes da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), durante entrevista coletiva na sede da PF, em Cabedelo, no final da manhã desta quarta-feira (27), que esclareceu os detalhes da operação “Sete Chaves”.
Por causa da cor e da raridade, a turmalina Paraíba é uma das pedras mais valorizadas do mundo. De acordo com a PF, um quilate (0,2 grama) custa em média US$ 30 mil, mas pode chegar até 800 mil, dependendo das características da gema. A mina localizada na Paraíba teria potencial para gerar lucro de US$ 1 bilhão.
“Pretendíamos e conseguimos apreender documentos que comprovam uma eventual atuação irregular das empresas que exploravam a turmalina paraíba.
Bastante turmalina foi apreendida, inclusive, um dos presos foi capturado ontem, no aeroporto de Guarulhos com a mala repleta de turmalina paraíba. Ele estava indo para Las Vegas [EUA] participar de uma grande feira internacional de pedras pediosas”, disse o delegado Fabiano Lucena.
Ainda de acordo com o delegado da PF, Fabiano Lucena, a investigação começou no ano de 2009 e envolveu policiais de várias regiões do País. Ela ocorreu nas cidades de João Pessoa, Monteiro e Salgadinho, na Paraíba; nos municípios de Parelhas e Natal, no Rio Grande do Norte; em Governador Valadares, em Minas Gerais; e em São Paulo, capital paulista.
Eles cumpriram oito mandados de sequestro de bens, 19 de busca e apreensão e efetuaram a prisão de sete pessoas, mas nenhuma detenção ocorreu na Paraíba. Um dos suspeitos ainda encontra-se foragido. Foram apreendidos um veículo, quantia em dinheiro e várias pedras preciosas.
Todos os suspeitos serão indiciados pelos crimes de lavagem de dinheiro, usurpação de patrimônio da União, organização criminosa, contrabando e evasão de divisas.
“O destino dessas pedras seria as cidades de Houston e Las Vegas, nos Estados Unidos, Hong Kong, na China e Bangkog Tailândia. Nós já fizemos alguns procedimentos de operação internacional e na medida do possível e do que as leis internacionais impõem vamos tentar repatriar essas pedras”, disse.
Turmalina Paraíba era vendida nos EUA, China e Tailândia (Crédito: Divulgação/Polícia Federal)
Ainda de acordo com o delegado, o esquema começava com a retirada da pedra por uma empresa paraibana localizada no distrito de São José da Batalha, no município de Salgadinho (PB), que não possuía licença para extração do minério. A pedra era extraída ilegalmente e enviadas para uma mina em Parelhas, onde recebiam certificados legais de exploração e seguiam para lapidação em Governador Valadares.
De Minas Gerais as pedras eram exportadas e comercializadas em mercados tailandeses, chineses e norte americanos. “Na maioria das vezes elas eram declaradas à Receita Federal, mas uma declaração extremamente abaixo do valor delas. Havia uma falsidade ideológica que dava suporte a essa saída do Brasil”, complementou Fabiano Lucena.

Deputado envolvido 
Nem a Polícia Federal e nem o Ministério Público adiantaram informações sobre a possível participação de um deputado paraibano no esquema. Segundo o delegado Fabiano Lucena, o nome do parlamentar não foi divulgado por uma questão processual. “Existem investigações distintas e ele tem um foro privilegiado em relação ao qual nós só temos que obedecer às ordens judiciais”, explicou.

O delegado complementou: “Isso dependerá do prosseguimento das investigações e quando acharmos necessário, vamos intimá-lo para ele comparecer. Não há provas de envolvimento do deputado. É necessário que nos analisemos o material apreendido pra que nós cheguemos efetivamente a um juízo de culpa”.
WSCOM