Uma vela pro santo; outra pro diabo – no meio delas, queima o oportunismo
A presidente Dilma Rousseff escolheu a Paraíba para dar a relargada de sua campanha no segundo turno das eleições.
E não o fez por acaso: veio ao Estado colar sua imagem a do candidato a reeleição Ricardo Coutinho, que já tinha sido contemplado, no primeiro turno, com a força da militância petista.
Uma força que, diga-se de passagem, foi estratégica e vital para a sobrevida do líder socialista.
De fato, o PT não fez pouco por Ricardo nesta campanha. Viabilizou, com a coligação, mais espaço no guia eleitoral para o desfile da campanha socialista.
E resgatou, na Capital, parte do poder de fogo de Ricardo, que ainda se ressentia com os efeitos do balde de água fria que a desastrosa campanha de Estela Bezerra lançou sobre os jardins girassóis na última campanha municipal.
Não por acaso, os petistas contavam com o reconhecimento e o envolvimento de toda ala socialista neste segundo turno.
O PT paraibano, na verdade, tem planos ambiciosos para perseguir junto com o PSB.
Cartaxistas e companhia limitada esperam, por exemplo, a retribuição em 2016, quando Luciano tentará emplacar sua reeleição.
Mas recebem agora, ainda em plena campanha, um sinalizador cristalino de que podem ter feito apostas altas demais.
A abertura do comitê Ricardo/Aécio, comandada pelo deputado federal reeleito Efraim Filho, do DEM, o primogênito do ex-senador Efraim Moraes, escolhido por Ricardo para coordenar a campanha socialista neste segundo turno, deixou os petistas de orelhas em pé. E instaurou uma crise na aliança que tanto rendeu para Ricardo na Capital.
De público, os petistas cobram explicações.
Escalado para responder, o presidente do PSB, Edvaldo Rosas, tentou minimizar, qualificando a reação petista como “cavalo de batalha”.
Mas os petistas entendem que o cavalo, realmente, passa serelepe. E não tem sela para o PT.
Mais pragmático do que o presidente do PSB, Ricardo acionou o seu jurídico para processar jornalistas e veículos de comunicação que relacionassem seu nome com o comitê.
Pede omissão ou mágica. Já que o comitê faz, por si só, a vexatória associação.
Ele quer que todos entendam que a criação do tal comitê foi ideia isolada de Efraim Filho. E que não tem nada a ver com isso.
Aparentemente, os petistas não vão desperdiçar suas crenças nisso.
Para alguns deles, se é para gastar a credulidade, melhor apostar na vinda do Papai Noel, que também veste vermelho.
Mentor da criação do comitê, Efraim Filho insiste que tomou a atitude por conta própria. E que não o fez por oportunismo.
Tai mais uma declaração difícil de acreditar. Até porque, enquanto Aécio perdia espaço para Marina Silva no primeiro turno, nenhum democrata gastou tempo e dinheiro abrindo comitê para pedir voto para o presidenciável tucano. Tampouco ousou associar, ainda que a revelia, o nome de Aecio ao de Ricardo.
Embalado nas pesquisas, vira alvo do cortejo da parte de quem deveria estar trabalhando para retribuir tudo o que recebeu do PT.
O eleitor paraibano, olhando as portas abertas desse inusitado comitê pode enxergar, lá dentro, duas velas queimando.
De fora, rescende o cheiro do oportunismo.
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