Sensações de ansiedade, desamparo, angústia, impotência e
até sintomas físicos de pânico, como taquicardia e sudorese. Essas
manifestações tão típicas de uma síndrome deflagrada por um hábito extremamente
recente: o uso do celular e outros equipamentos tecnológicos que permitem a
comunicação. Os sintomas aparecem quando a pessoa não está com os aparelhos ou,
por algum outro motivo, está impossibilitada de se comunicar por meio deles. O
fenômeno tem sido denominado pelos especialistas de nomofobia, que significa no
mobile – ou medo de estar sem “mobilidade”. “Muita gente não consegue se
desprender da tecnologia deixa os aparelhos ligados 24 horas por dia, inclusive
enquanto dorme”, diz o psicólogo Cristiano Nabuco, do Instituto de Psiquiatria
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(FMUSP), ligado à Secretaria de Estado da Saúde. Ele ressalta que a nomofobia
diz respeito também a outros equipamentos tecnológicos que deixam as pessoas
conectadas, como computadores e notebooks.
Só no Brasil existem hoje mais de 250 milhões de aparelhos
de telefonia móvel vendidos. “Esse número é impressionante, principalmente
porque é maior que a população. Isso mostra como as pessoas estão cada vez mais
dependentes e passaram a usar mais de um telefone”, afirma o psicólogo
acrescentando que antigamente as janelas das casas eram grandes, pois era uma
forma de se comunicar com o mundo. “Hoje as janelas estão cada vez menores e as
TVs maiores, é um novo jeito de se conectar com o mundo”. Obviamente o problema
não está no celular (ou nas outras tecnologias), mas na relação de dependência
que se estabelece com os objetos, em razão de questões internas não resolvidas.
Segundo Nabuco, os mais suscetíveis a essa manifestação são
os jovens. Ele ressalta que existem hábitos que podem alertar para a propensão
ao problema, em especial em relação ao telefone móvel, que é de uso mais comum:
abandonar tudo o que faz para atender o chamado; nunca deixar o aparelho sem
bateria; não carregar o celular na bolsa, bolso ou similares (prefere levá-lo
na mão para que possa atender imediatamente); se esquecer o aparelho em casa
voltar de onde está para pegá-lo; sentir-se angustiado quando acaba a bateria,
quando perde o aparelho ou pensa que perdeu.
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