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Milho vem de fora e custa caro.

Preço da 'mão de milho' (52 espigas) no Mercado Central, em João Pessoa, varia de R$20,00 a R$30,00

A 'mão de milho' vendida no Mercado Central de João Pessoa chegou a R$ 30,00 no último sábado. O preço é o mais alto registrado até agora e deve aumentar nos próximos dias, pois o produto está sendo trazido dos vizinhos Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco.
“Não existe safra de milho na Paraíba. As perdas foram de 90% por conta da seca”. A afirmação foi do presidente da Federação de Agricultura e Pecuária (Faepa), Mário Borba. Ele frisou que devido à importação do milho, o preço do cereal poderá ficar até quatro vezes mais alto do que se fosse trazido de municípios locais.
“Milho para os consumidores não vai faltar, mas eles terão que ter dinheiro no bolso para comprar porque, como vai vir de fora, estarão bem mais caro. Se viesse de municípios paraibanos, a mão de milho ficaria abaixo dos R$ 20,00. Mas se vem de outros Estados poderá ultrapassar esse valor”, disse.
Mário Borba frisou que, com as últimas chuvas, municípios como Mulungu e Itabaiana começaram a plantar o produto, mas que só deverá aparecer no comércio no final de julho. “Mesmo assim este plantio é pequeno. Se não houver uma remissão por parte do governo federal e abertura de novos créditos o agricultor não vai se reerguer. Eles têm passivo do ano passado e como este ano, praticamente, não houve safra não há como saldar as dívidas”, frisou Mário Borba.
No último sábado, o preço da 'mão de milho' (52 espigas) no Mercado Central, em João Pessoa, oscilava de R$20,00 a R$30,00. Mesmo com o preço alto, as vendas são consideradas boas pelos comerciantes, que se defendem alegando que o aumento nos custos se deve a origem dos produtos, vindos principalmente da cidade de Assú, no interior do Rio Grande do Norte. Segundo os feirantes, a mão de milho é comprada ao preço médio de R$18 e a tendência é que os preços dos fornecedores aumentem em até 50%.
“Tem pouco milho na Paraíba e por conta da seca as plantações ficaram prejudicadas. O jeito foi comprar o milho, produzido com irrigação, trazido do Rio Grande do Norte”, disse o feirante José Roberto dos Santos. Para quem deseja comprar milho em pequena quantidade, cinco espigas não sairão por menos de R$ 2,00. José Roberto acredita que a alta nos preços deve ocorrer até o final de junho, época em que a procura pelo cereal deverá aumentar.
No Mercado Central também é possível encontrar milho produzido na Paraíba, trazidos principalmente da Região da Zona da Mata paraibana e do Litoral Sul, a exemplo do município do Conde. Mesmo vindos de cidades próximas à capital, o preço do milho paraibano acompanha o custo médio dos produtos do estado vizinho. Acostumada a comprar o alimento durante o mês de junho, a dona de casa Maria das Graças Meneses diminuiu a quantidade por conta do preço alto.
“Achei muito caro. Antes eu comprava 'meia mão', agora levo somente oito, dez espigas. Nesse São João a canjica vai custar caro”, brinca. O comerciante Everaldo Crispim alega que se baixar o preço, terá prejuízo e alerta aos consumidores para não deixar as compras do milho para última hora. “Não dá para a gente baixar o preço, porque esse milho já vem de fora. Quem deixar para comprar na véspera das festas, vai encontrar o milho mais caro ainda”, revela.

Além do preço, outro fator que preocupa os consumidores é a qualidade do milho. A principal reclamação é o tamanho das espigas e se a colheita foi realizada no período certo. “Todo ano eu compro milho aqui no Mercado Central e notei que esse ano o milho está menor. Tem que escolher bem, porque está muito caro. A seca acabou com tudo”, reclamou a funcionária pública, Aparecida Jerônimo, que também está preocupada com os custos na produção e venda de comidas típicas feitas com o cereal.

Colaborou Alexsandra Tavares

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