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Especialistas apontam possível cilada em programa de crédito consignado do governo Lula



O governo lançou um novo programa de crédito consignado voltado para trabalhadores da iniciativa privada. A iniciativa tem como objetivo ampliar o acesso ao crédito com taxas de juros reduzidas, oferecendo uma alternativa mais acessível para quem precisa de dinheiro extra. No entanto, especialistas alertam para os riscos do superendividamento e possíveis impactos negativos na economia.


O modelo de crédito consignado já é amplamente utilizado no setor público e entre aposentados do INSS, permitindo o desconto automático das parcelas diretamente na folha de pagamento. Com a nova medida, trabalhadores com carteira assinada também poderão aderir à modalidade, desde que haja convênio entre o empregador e as instituições financeiras participantes. A ideia é facilitar o acesso ao crédito para essa parcela da população, garantindo juros menores do que os praticados em outras formas de empréstimo.


Apesar das vantagens aparentes, há preocupações com o potencial aumento do endividamento das famílias. O desconto automático na folha reduz o risco para os bancos, permitindo taxas mais atrativas, mas também diminui a margem financeira do trabalhador, que pode acabar comprometendo grande parte do salário com dívidas. Esse cenário pode levar ao superendividamento, situação na qual a pessoa não consegue arcar com suas despesas básicas devido ao excesso de compromissos financeiros.


Outro ponto de atenção é o possível efeito cascata na economia. Com mais trabalhadores comprometendo seus salários com empréstimos, o consumo pode ser afetado, impactando setores que dependem diretamente do poder de compra da população. Além disso, caso haja inadimplência generalizada, instituições financeiras podem restringir a concessão de crédito, gerando dificuldades adicionais para quem precisa de financiamento.


Para mitigar os riscos, o governo estuda a implementação de mecanismos de controle, como a limitação do percentual do salário que pode ser comprometido com o crédito consignado e campanhas de educação financeira. Mesmo assim, a eficácia dessas medidas dependerá da conscientização dos trabalhadores sobre os riscos do endividamento excessivo.


O programa ainda precisa ser regulamentado para definir detalhes operacionais, como os critérios de elegibilidade e os limites para a taxa de juros. Enquanto isso, economistas acompanham a iniciativa com cautela, ponderando entre os benefícios do acesso ao crédito e os desafios que podem surgir para a economia e a estabilidade financeira dos trabalhadores.

  

Da Redação