O governador Cláudio Castro (PL) disse, nesta segunda-feira (15), que chegou a 12 o número de mortos pelo temporal que atingiu o Rio de Janeiro no fim de semana. A última vítima encontrada é um morador do Chapadão, na Pavuna, na Zona Norte do Rio. Ele foi arrastado pela correnteza, e seu corpo foi achado no bairro São Matheus, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
Duas pessoas estão desaparecidas, segundo o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do Estado: Elaine Cristina Souza Gomes, que teve o carro arrastado pela enxurrada após a subida do rio Botas, em Belford Roxo; e um homem que foi arrastado pela correnteza no Chapadão. Ele ainda não foi identificado.
"Me solidarizo com as famílias das 12 vítimas que tivemos até agora. Ainda estamos no trabalho de tentar achar a pessoa que está desaparecida. Enquanto tivermos perspectiva de achar com vida, apesar de não temos dúvidas do avanço, quando temos uma pessoa que perde a vida 5, 10 , 20 anos depois, temos que evoluir", afirmou Castro, quando apenas Elaine constava como desaparecida.
Segundo ele, 2.400 militares do Corpo de Bombeiros, com o apoio de drones e cães, trabalham após as chuvas fortes que atingiram principalmente a Zona Norte do Rio e a Baixada Fluminense.
O governador falou que está notificando o governo federal e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) após os problemas na BR-040. Um bolsão d água gigantesco se formou na rodovia impedindo a passagem de veículos.
"Impossível ter um bolsão de água perto de um hospital tão importante — o Hospital Adão Pereira Nunes — e a Concer demorar tanto para esse atendimento. É revoltante."
Fechada por mais de 10 horas no domingo (14), a Rodovia Washington Luís (BR-040) teve todas as suas pistas liberadas na tarde desta segunda.
Uma pista reversível foi montada até o fim da manhã devido aos bolsões d água que seguiam nas pistas. Mesmo após a liberação total, ainda havia pontos de alagamento e o congestionamento no sentido Rio chegava a 8 km por volta das 13h.
Lixo acumulado no Rio Botas
Sobre o Rio Botas, em Belford Roxo, que transbordou durante o temporal, o governador disse que pretende conversar com o presidente Lula. O local está obstruído pelo lixo. Uma mulher segue desaparecida após o veículo onde ela estava cair no rio, no sábado (13).
"Pedi ao ajudante de ordem do presidente Lula e devo falar com ele hoje para dar prioridade às obras do Rio Botas. Estamos com uma nova realidade, com o El Niño, e esse é o novo normal. As cidades têm que trabalhar cada dia mais na prevenção e nas obras para que isso não aconteça mais. A prioridade é a limpeza das ruas."
O governador disse, no entanto, que não adianta limpar rios se não houver cooperação da população.
"A população precisa entender que jogando lixo nesses locais acaba se prejudicando. Temos feito um traablho de conscientização. Quero dizer que são obras importantes, estamos fazendo drenagem e macrodenagem em muitos rios."
Desde sábado, 100 máquinas — o total do estado — trabalham para desobstruir vias na Baixada.
"Esse comitê de chuva foi criado desde 2022 e só neste ano a previsão é de R$ 1 bilhão. Estamos investindo pesado em limpeza de rios e conteção de encostas para que não tenhamos mais enchente. É óbvio que, com essa chuva de mais de 200 milimetros, com certeza teremos alagamento. Mas, quando trabalhamos na prevenção, a cada dia mais diminui o impacto na vida dessas pessoas."
Estima-se que o número de desalojados e desabrigados chegue a 600 em todos os municípios — só em Nova Iguaçu, seriam 300 pessoas.
Castro disse que criou um comitê para averiguar os gastos no estado e que um cartão será distribuído à população.
"A partir de semana que vem os cartões deverão ser distribuidos para que as pessoas possam comprar o que perderam", prometeu.
Em Nova Iguaçu, houve tumulto após uma multidão se reunir em frente ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) em busca de ajuda. A prefeitura disse que muitas pessoas foram levadas ao local por conta de uma notícia falsa sobre distribuição de dinheiro.
"O Cartão Recomeçar é para as pessoas que perderam tudo. É um valor de R$ 3 mil. Mas, esse valor é para as pessoas que perderam tudo. Terá um critério muito grande para que eles recebam. Elas terão que procurar as prefeituras e se inscreverem no Cras", disse.
O g1 apurou que o estado estima que 30 mil famílias deverão receber o benefício. Serão disponibilizados R$ 9 milhões pela Secretaria de Desenvolvimento Social. Cada cidade terá um calendário para disponibilizar o benefício.
Castro voltou de férias e se reuniu nesta manhã com secretários no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Rio. Ele disse que mesmo fora do país conseguiu falar com os prefeitos.
Na reunião que discutiu as ações emergenciais no RJ estiveram presentes o vice-governador e secretário de Meio Ambiente, Thiago Pampolha (sem partido), e os secretários de Polícia Militar, Luiz Henrique Marinho Pires; de Segurança Pública, Victor Cesar Carvalho dos Santos; de Desenvolvimento Social, Rosangela Gomes; de Saúde, Cláudia Maria Mello; de Obras, Uruan Andrade, de Defesa Civil, coronel Leandro Sampaio Monteiro, e de Cidades, Douglas Ruas.
As vítimas do temporal:
1-Geraldo, de 59 anos, morreu soterrado em Ricardo de Albuquerque
2-Marli Zeferino Alves, 77 anos, morreu afogada em Acari
3-Patrícia Rosa, 45 anos, morreu afogada em Nova Iguaçu
4-Vanderlei Rodrigues Alves, 53 anos, se afogou em Comendador Soares
5-Marcus Aurélio Laponte Alampi, de 53 anos, foi encontrado morto em Nova Iguaçu
6-Antônio Caetano Cordeiro, de 64 anos, sofreu uma descarga elétrica em São João de Meriti
7-André Cardoso de Aguiar, de 52 anos, morreu em Belford Roxo
8-Sérgio Carlos Monteiro da Silva, de 57 anos, se afogou em São João de Meriti
9-Marcos Aurélio Aguiar Cotias, de 53 anos, morreu eletrocutado em Duque de Caxias
10-Terezinha do Carmo Cassimiro, de 55, morreu soterrada no Morro da Pedreira.
11-Paulo César Oliveira Fernandes, de 59 anos, foi vítima de descarga elétrica em Duque de Caxias
12-Um homem ainda não identificado, morador do Chapadão, na Pavuna
MP cria Gabinete de Enfrentamento de Crise
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) instituiu, nesta segunda-feira (15/01), um Gabinete de Enfrentamento de Crise (GEC) para tratar as demandas decorrentes da situação de emergência ocasionada pelas fortes chuvas.
Segundo o órgão, os integrantes do Gabinete de Enfrentamento de Crise estão em contato com as autoridades do Estado e do Municípios atingidos para acompanhar as medidas adotadas. Para receber as demandas da sociedade, o MPRJ dispõe dos canais da Ouvidoria/MPRJ (telefone 127) e do Núcleo de Apoio às Vítimas (Whatsapp - 21 2215-7130) que busca proteger, garantir o apoio humanizado e os direitos das vítimas de desastres naturais e calamidade pública.
Cobrar mais ações preventivas dos gestores públicos também está entre as medidas a serem tratadas pelo grupo.
g1