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Rio Solimões vira "deserto de areia" após seca no Amazonas



O Profissão Repórter foi até ao Amazonas para mostrar os impactos da seca no estado e testemunhou uma transformação na paisagem: o que há alguns meses era o fundo do Rio Solimões agora virou um deserto de areia.

Assim como os moradores locais, a equipe também enfrentou o desafio de atravessar essa imensidão de areia para alcançar as comunidades ribeirinhas e entender como elas estão sobrevivendo a essa seca.


Em alguns trechos, ainda era possível navegar com pequenos barcos, mas em certo ponto, a única opção foi seguir por terra, que estava coberta de lama. Após quase duas horas de trajeto, a equipe finalmente chegou à comunidade indígena Porto Praia, onde foram recebidos pelo cacique Anilton Kokama, que se emocionou ao falar sobre a situação.


“A gente nunca tinha ficado dessa forma. É seca, só os poços. Agora, ficamos isolados [...]. A gente não espera muito do governo para ajudar, então a gente tenta viver, conforme a gente pode. Cada um, ajudando um ao outro”, diz o líder comunitário.

Peixes mortos onde antes era um rio. — Foto: TV Globo/Reprodução

Pescadores precisam andar quilômetros por areia para achar peixes

No meio do deserto, próximo à comunidade indígena Porto Praia, o Profissão Repórter encontrou pescadores enfrentando o forte calor enquanto carregavam cestos com peixes tanto para o consumo próprio quanto para a venda.


Halisson Anjos de Oliveira é um dos pescadores que fazem o trajeto para buscar alimento. Ele pesca desde os 8 anos e conta como é atravessar um deserto para pescar.


“Eu penso mais é no meu filho e nas outras crianças hoje. A gente tinha o costume de só atravessar aqui de canoa e agora, não. Ano passado secou, esse novamente e mais cedo. Os peixes aqui ficaram empoçados, morreram. Vou fazer 40 anos e nunca tinha visto algo assim. Eu vou ter que ir mais longe para ver se consigo alimento”, diz.


É necessário andar mais de 3 km até a margem da trilha para chegar ao local onde pode ter peixe. Halisson destaca que a seca também exige que a pesca seja feita com mais cautela.


“Hoje a gente também tem que trabalhar regrando, pescar regrando. Só o básico suficiente mesmo para a gente se alimentar, para também não terminar. Porque se você ver a profundidade que está, se você for pescar tudo de uma vez... Então a gente vai aos poucos”, explica Halisson.


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