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OMS investiga possibilidade de cão-guaxinim ser a origem da Covid-19; Existem outras teorias, entenda!



O grupo de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que investiga a origem do coronavírus, causador da Covid-19, levantou neste sábado, 18, a possibilidade de que o cão-guaxinim, animal vendido no mercado de Wuhan onde a começou a pandemia, foi fundamental na transmissão do patógeno aos seres humanos. Dados recentemente revelados de amostras de laboratório colhidas no mercado indicam uma forte presença de DNA deste animal, e fotos do mercado de Huanan em Wuhan, região central da China, provam que sua carne ou produtos derivados eram vendidos em barracas, destacou um comunicado da OMS. “Embora esta não seja uma evidência conclusiva sobre os hospedeiros intermediários ou originais do vírus, os dados mostram a presença de animais que poderiam ter sido a fonte de infecções em humanos”, disseram os especialistas do Grupo de Assessoria Científica sobre a Origem de Novos Patógenos (Sago, na sigla em inglês). Os dados foram extraídos de análises do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da China, publicados em uma plataforma científica de acesso aberto, mas cujos textos foram removidos quando especialistas europeus descobriram, estudaram e relataram suas descobertas à OMS.



De acordo com o Sago, esses dados indicam que nenhuma das 457 análises diretas de amostras de 18 espécies animais no mercado deu positivo para o coronavírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19, mas foi identificado em amostras ambientais traços de DNA mitocondrial do mencionado cão-guaxinim, um canídeo aparentado com as raposas. Outros animais cujo DNA foi descoberto em amostras ambientais do mercado e que, segundo a OMS, podem ser suscetíveis à transmissão do coronavírus são o porco-espinho da Malásia e o rato de bambu. “O Sago recomenda fortemente aos pesquisadores na China que investiguem as fontes dos animais e produtos relacionados a animais presentes no mercado de Huanan antes de ser fechado em 1º de janeiro de 2020”, concluiu o grupo de especialistas da OMS. Especialistas de Sago, CDC e outros que tiveram acesso a eles quando foram publicados on-line realizaram várias reuniões nos últimos sete dias para discutir os resultados dessas investigações, nas quais a China mais uma vez mostrou opacidade ao não compartilhá-los diretamente com a OMS.


A organização internacional enfatizou, quando foi revelado este novo avanço nas investigações sobre a origem misteriosa da Covid-19, que ainda existem diferentes hipóteses sobre a origem do coronavírus, que causou quase 7 milhões de mortes, 5 mil delas só na última semana. Entre essas hipóteses estariam, além da transmissão de um ou vários animais para humanos, aquela que representa um contágio pela cadeia alimentar, ou a que considera que poderia sair acidentalmente de um laboratório onde foi mantido para estudo. (Créditos da Jovem Pan com EFE)


Chefe do FBI diz que vírus da covid 'provavelmente' escapou de laboratório chinês



O diretor da agência de investigações americana FBI, Christopher Wray, disse na terça-feira (28/2) que a agência acredita que o coronavírus "provavelmente" teve origem em um "laboratório controlado pelo governo chinês".


“O FBI há algum tempo avalia que as origens da pandemia são provavelmente um possível incidente de laboratório”, disse ele à rede americana Fox News.


Essa é a primeira vez que um representante do atual governo americano fala publicamente sobre essa suposta origem do vírus.


A China sempre negou que houve qualquer tipo de vazamento no laboratório em Wuhan. Pequim diz que essa tese é uma difamação.


Nesta semana, o embaixador dos EUA na China pediu que o país "seja mais honesto" sobre as origens da covid.


A origem do coronavírus foi central nas tensões diplomáticas entre os EUA e a China no início da pandemia, em 2020.

Em diversas ocasiões, o então presidente americano, Donald Trump, chamou o coronavírus de "vírus chinês", que, segundo ele, teria sua origem no laboratório de Wuhan.

Essa visão foi repetida por outros governos, gerando tensões diplomáticas entre diversos países e a China.

Foi o caso do Brasil, onde o então presidente Jair Bolsonaro também insinuou que o vírus teria sido originado em laboratório.

Guerra de versões

Na terça-feira, Wray disse que a China "tem feito o possível para tentar impedir e obscurecer" os esforços para identificar a origem da pandemia global.

"E isso é lamentável para todos", disse ele.

Alguns estudos sugerem que o vírus passou de animais para humanos em Wuhan, na China, possivelmente no mercado de frutos do mar e animais da cidade.

O mercado fica a 40 minutos de carro de um laboratório de vírus com reputação internacional, o Instituto de Virologia de Wuhan, que realizou pesquisas sobre coronavírus.

Outras agências do governo dos EUA chegaram a conclusões diferentes das do FBI, mas há diferentes graus de confiabilidade em cada uma das descobertas.

O governo chinês ainda não respondeu diretamente aos comentários feitos por Wray na entrevista.

Mas na segunda-feira a China negou notícias da imprensa americana de que o departamento de energia dos EUA teria concluído — com "baixo nível de confiabilidade" — que o coronavírus pode ter vazado de um laboratório. A agência havia dito anteriormente que não sabia como o vírus se originou.

O diretor do FBI, Christopher Wray

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

O diretor do FBI, Christopher Wray, conversou com a Fox News

A China também fez referência a uma investigação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2021 que disse que a teoria do vazamento de laboratório era "extremamente improvável".

"Algumas partes devem parar de repetir a narrativa do 'vazamento de laboratório', parar de difamar a China e parar de politizar o rastreamento das origens", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.

A investigação da OMS foi muito criticada e seu diretor-geral pediu uma nova investigação. Segundo ele, "todas as hipóteses permanecem em aberto e requerem mais estudos".

Na segunda-feira, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que o presidente dos EUA, Joe Biden, apoia "um esforço de todo o governo" para descobrir como a covid começou.

Mas ele acrescentou que os EUA ainda carecem de um consenso claro sobre o que aconteceu.

"Ainda não chegamos lá", disse ele. "Se tivermos algo pronto para dizer ao povo americano e ao Congresso, faremos isso."

Um relatório não sigiloso divulgado pela principal autoridade em inteligência dos EUA em outubro de 2021 também afirmou que quatro agências americanas avaliaram que o vírus teria se originado de um animal infectado ou de um vírus semelhante — as quatro avaliações também tinha "baixa confiabilidade".

Ativistas pró-China, por sua vez, acusam justamente os EUA de ter criado o coronavírus. Uma teoria espalhada na internet sugere que o coronavírus foi produzido em Fort Detrick em Frederick, Maryland, cerca de 80 km ao norte de Washington, e que teria vazado do laboratório.

Fort Detrick já foi o centro do programa de armas biológicas dos EUA e atualmente abriga laboratórios biomédicos que pesquisam vírus, incluindo Ebola e varíola.

As tensões entre os EUA e a China aumentaram após o recente episódio do balão de espionagem.

Na terça-feira, um painel bipartidário de parlamentares americanos deu início a uma série de audiências sobre a ameaça que o governante Partido Comunista Chinês representa aos EUA.

A primeira sessão do Comitê Seleto da Câmara sobre Competição Estratégica entre os Estados Unidos e o Partido Comunista Chinês concentrou-se em questões como direitos humanos e a dependência da economia dos EUA da indústria de manufaturação chinesa. (Créditos da BBC News)