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Pesquisas eleitorais e propaganda: Junção adequada para convencer as pessoas em um processo eleitoral ou não ?

 


É sabido, que não é de hoje que a propaganda sempre foi uma das estratégias fundamentais na conquista ou manutenção do poder político. Basta voltarmos no tempo, inclusive, aos regimes totalitários para termos esta percepção.

 

O Rei Sol – Luis XIV (sec. XVII), já se utilizava bem dela através da divulgação de sua imagem através de moedas, estátuas, e quadros (DEBRAY, 1994); com a evolução dos meios de comunicação e o surgimento da imprensa, rádio, cinema e, posteriormente, da televisão, os grandes estadistas sempre estiveram em busca dos meios e das mensagens ideais para se comunicar com o povo. Hitler foi um dos que utilizaram com muita proeza os meios de comunicação de massa para conquistar o apoio da população. Lennin também contava com a propaganda como uma forte aliada para manter a agitação das massas e o apoio popular. No Brasil, quem primeiro percebeu o poder da propaganda para manipulação ideológica da população foi Getúlio Vargas, que usou massivamente o rádio e o cinema como os principais meios de falar ao povo, que se tornaram grandes aliados do poder na transmissão das mensagens num país de dimensões tão grandes como o Brasil. (Raija Maria de Almeida Monteiro Vaz).

 

                Diante do exposto, é visível que o tempo passa, no entanto, as práticas de convencimento e manipulação da sociedade em prol de um ideário continuam presente e atual. Os veículos de comunicação aparecem na dianteira, e a todo o momento tentam por meio de diversas formas de produções atingirem os seus objetivos. Dentre estas produções é perceptível, a propaganda, inclusive o uso das pesquisas eleitorais, que tem se tornado uma prática recorrente deste tipo de texto propagandístico, uma vez que “a propaganda é uma tentativa de influenciar a opinião e a conduta da sociedade de tal modo que as pessoas adotem uma opinião e uma conduta determinada.” (DOMENACH, apud COBRA, 1991, p. 21).

            Com a propagação diária das pesquisas eleitorais pelos mais variados veículo de comunicação é perceptível por meio de uma leitura crítica, que elas, as pesquisas eleitorais estão sendo utilizadas com um propósito bem definido, alavancar o nome de um determinado candidato na concretização da conquista do poder executivo do país.

               Neste contexto, as pesquisas eleitorais aparecem como a mais importante estratégia, para persuadir as pessoas, visto que é “vendida” como uma verdade absoluta, sem nenhuma possibilidade de erro. Assim, “a mensagem publicitária constrói a imagem do receptor, impondo à realidade o estereótipo criado e fazendo acreditar que corresponde à verdade.” (CARVALHO, 2014, p. 24). Sendo esta, uma das características primordial da propaganda, estabelecer uma verdade mesmo que maquiada, uma vez que seu intento é a conquista da confiança e da adesão do público alvo, que no caso das pesquisas eleitorais, os eleitores de todo o país.

               Diante desta configuração, faz-se necessário que o público alvo, os eleitores, procure escolher seus representantes políticos com base em outras observações, que vai além das pesquisas eleitorais, que vem se apresentando no debate político como mais uma maneira de manipulação das pessoas. Pois, “a inclusão da pesquisa política nos estabelecimentos de estratégias e decisões é uma poderosa ferramenta utilizada pelos candidatos às eleições”. (MENDES, 2014).

                Nestas condições, é notável que as pesquisas eleitorais utilizadas como peça propagandística possam levar a sociedade a fazer suas escolhas de forma não consciente, pois, pode aceitar os números divulgados como algo inquestionável e definitivo. No entanto, sabemos que toda produção comunicativa atende a uma finalidade específica, inclusive a intenção do produtor, precisa ser entendida, para que tenhamos uma reflexão mais consciente do contexto em que as pesquisas eleitorais são apresentadas. Pois, às vezes a propaganda ao invés de trazer uma informação, se transforma em uma estratégia persuasiva bem definida, que é convencer o público alvo a aderir ao propagado, ao mencionado. Desta forma, “a informação cede lugar à persuasão, isto é, a todos os meios pelos quais procurar-se-á tentar, seduzir, fazer desejar e convencer.” (LEDUC, 1980, p. 22-23).

            Contudo, é preciso que a população esteja sempre atenta as mais diversas formas de produção midiática, inclusive às pesquisas eleitorais, a fim de que possa tirar suas conclusões e tomar suas decisões, com base em mais de uma fonte, se possível analisando e refletindo em cima dos pensamentos divergentes. Ainda, é fundamental que as tomadas de decisões aconteçam de forma consciente, e não apenas pautadas em especulação midiática.

            As decisões, que envolvem o futuro e desenvolvimento de um país precisam ser tomadas por todos nós, apreciando critérios, e não ficarmos presos e algemados aos veículos de comunicação, inclusive as suas estratégias de manipulação da sociedade. Os veículos de comunicação é bem verdade tem sua importância dentro de uma sociedade, porém, precisam ser observados com um olhar crítico, e não apenas como uma fonte inquestionável, haja vista, que vivemos em um país democrático de direito, em que cada um possui a liberdade e autonomia de externar o seu pensamento, e fazer suas escolhas.

 

REFERÊNCIAS

 

CARVALHO, Nely. O texto publicitário na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2014.

 

COBRA, Marcos. O impacto da propaganda: um estudo para algumas classes de bens. São Paulo: Atlas, 1991.

 

LEDUC, Robert. Propaganda: uma força a serviço da empresa. (São Paulo: Atlas, 1980).

 

MENDES, Denise Nogueira Magri. Pesquisas eleitorais e a propagada política. Disponível em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/40162/pesquisas-eleitorais-e-a-propaganda-politica. Acessado em: 15/05/2022.  

 

VAZ, Raija Maria de Almeida Monteiro. O papel social da propaganda política
como legitimadora do poder
. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/sipec/ix/trab59.htm
. Acessado em 15/05/2022.


Por Luiz Rosa Filho