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“Se o povo acreditasse em jornalista, Bolsonaro não teria sido eleito”, afirma cineasta (veja o vídeo)



A sétima arte é, provavelmente, a maior paixão do pernambucano Josias Teófilo, de 33 anos, na esteira de seus outros dons artísticos e profissionais, como a escrita e a fotografia. Uma das provas é seu mais novo filme, ‘Nem tudo se desfaz’.

O longa-metragem, com estreia prevista para o próximo semestre, narra com precisão singular a ascensão de Jair Messias Bolsonaro, desde suas primeiras aparições polêmicas, quando se aventurava pela “vereança” no Rio de Janeiro, passando pelos primeiros passos no parlamento nacional, até os fatos que o levaram ao posto mais alto da nação.

Trata-se de um registro histórico, e não de uma peça de propaganda.

Em entrevista exclusiva ao canal A Verdade, Teófilo revela as motivações que o levaram a fazer mais um filme que já está polemizando e recebendo aplausos ou “pedradas”, antes mesmo do lançamento, a exemplo, aliás, de seu outro longa, ‘O Jardim das Aflições’, sobre o filósofo Olavo de Carvalho.

Teófilo destaca a necessidade de mostrar “a verdade”. Ele conta que foram as verdades ditas por Bolsonaro, desde sempre, que o motivaram. Bem como a verdade dos fatos que presenciou como observador ou em que foi parte atuante.

As grandes manifestações de natureza popular, e sem a participação de partidos políticos, de 2013, as mobilizações que levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016, e ainda as turbulências sociais e institucionais desde que o novo presidente da República assumiu em 2019.

Mas Teófilo conta que há muito da campanha de Bolsonaro no filme. O início, sem qualquer expectativa, mesmo do candidato. A aposta nas redes sociais, o crescimento espontâneo sem qualquer apoio financeiro de larga escala ou partidário e ainda a total indiferença da grande mídia.

O cineasta explica que a história é narrada com intensidade de imagens e sons, contando mesmo com uma trilha sonora para órgão, composta exclusivamente para a película.

“E nós gravamos a trilha sonora para órgão no Mosteiro de São Bento, em Vinhedo (SP) e o motivo é para fins de exorcismo, pois meus filmes dão muita confusão... já fui ameaçado de morte, já me esculhambaram na rua... e como diz Santo Inácio de Loyola, é preciso usar os meios humanos como se não houvessem os divinos, e os divinos como se não houvessem os humanos”, conta.

Sobre o título, ‘Nem tudo se desfaz’, Josias esclarece que não se trata de uma alusão à perpetuação do poder de Bolsonaro ou à impossibilidade de tirarem ele da presidência antes do término do mandato, como chegou a ser acusado por membros do Movimento Brasil Livre (MBL), mas sim à atuação das massas no campo político.

“Pois as massas são imprevisíveis, já estiveram ao lado do MBL e agora estão contra. Os seres humanos se juntam em massas, pois têm medo do desconhecido”, explica o cineasta.

Teófilo diz ainda que o filme não retrata os fatos como tentaram nos contar os jornalistas, mas justamente do ponto de vista do próprio povo.

“Se o povo acreditasse em jornalista, Bolsonaro não teria sido eleito”.

Confira:

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