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Globo já foi acusada de pagar propina por transmissão de Copa do Mundo



Investigações de um esquema internacional de corrupção sobre a Copa do Mundo de 2022 no Qatar envolvem a TV Globo. É o que mostra uma reportagem da Record, publicada em abril do ano passado.

De acordo com as informações, a emissora brasileira aparece ao lado do canal americano Fox Sports e da rede mexicana Televisa como suspeitas de pagamento de propina para comprar os direitos de transmissão de jogos.

“Dois executivos da divisão da Fox para a América Latina foram acusados de montar um esquema de empresas fantasmas na Europa e no Caribe para esconder o dinheiro de suborno. Entre as transferências suspeitas, os promotores americanos apontaram uma no valor de 2 milhões de dólares feita pela Globo”, aponta a reportagem.

Em entrevista à emissora, o jornalista americano Ken Bensinger, autor do livro “Cartão vermelho: Como os dirigentes da Fifa criaram o maior escândalo da história do esporte”, afirma que pagamentos também foram feitos no mesmo esquema para garantir os direitos de transmissão das copas de 2026 e 2030.

O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, teria recebido propina para votar a favor do Qatar como sede da Copa do Mundo de 2022.

“Vários membros do comitê executivo receberam subornos em conexão com seus votos. Por exemplo, os réus Ricardo Teixeira, Nicolas Leoz [ex-presidente da Conmebol], receberam pagamentos de suborno em troca de seus votos a favor do Qatar para sediar a Copa do Mundo de 2022”, afirma o documento. O texto não revela os valores pagos aos cartolas.

O jornalista Allan dos Santos, do Terça Livre, explicou que o livro de Ken Bensinger foi lançado nos Estados Unidos em junho de 2018.

O autor do livro relata em detalhes o escândalo de corrupção na Fifa. Dona de direitos de transmissão dos torneios da Fifa, a Rede Globo é citada quatro vezes no livro.

O empresário José Hawilla, delator na investigação das autoridades americanas, admitiu ter pago propina para dirigentes na compra de direitos de transmissão de torneios da Fifa e CBF.

“Hawilla afirmou que a Globo e o grupo mexicano Televisa pagaram propina a um dirigente da Fifa para compra de direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2026 e 2030. O STF nunca [viu] a delação? E a Polícia Federal? Não há motivos para investigar a Rede Globo?”, questionou Allan dos Santos.

O assunto foi tema do Boletim da Manhã desta segunda-feira (7). O submundo da Rede Globo no Futebol também já foi revelado na edição de número 20 da Revista Terça Livre, exclusiva para assinantes.

No último final de semana, a Rede Globo dedicou tempo dos principais jornais da emissora para atacar e acusar o jornalista Allan dos Santos de envolvimento em supostos “atos antidemocráticos” e recebimento de dinheiro público.

Para o jornalista Allan dos Santos, após ter recebido R$ 10,2 bilhões em publicidade federal de 2000 a 2016 e ter a “mamata” cortada sob o governo Bolsonaro, a emissora está “desesperada”.

“A Globo bebeu em todas as suas ramificações, como a Globo Livros, Som Livre, Globo Play, ou seja lá o que for, durante décadas, do dinheiro do PT e, além disso, de empresas privadas muito amiguinhas dos governos anteriores. Essa mamata acabou. A Globo não apenas está perdendo as transmissões de Fórmula 1, como também de outros eventos como o Campeonato Brasileiro e está ficando desesperada”, pontuou Allan.

“Mas da Copa do Mundo ela não perdeu a transmissão, não é? Nem a de 2026, nem a de 2030, em um acordo com a FIFA”, disse o jornalista em referência às informações contidas no livro “Cartão vermelho”.



Por Bruna de Pieri do terça livre