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‘Caiu meu mundo’, diz pai de bebê morta em ataque a creche de Santa Catarina

Poucos dias antes de Sarah Luiza Mahle Sehn completar 1 ano e 8 meses o pai Evandro Sehn passou pela dor da despedida precoce. A menina foi uma das cinco vítimas fatais do ataque de um jovem de 18 anos, a escola infantil Pró-Infância Aquarela, na manhã desta terça-feira (4). A chacina chocou a pacata cidade de Saudades, no Oeste catarinense.

O velório e o sepultamento das cinco vítimas ocorreu na manhã desta quarta-feira (5) e foram marcados por muita comoção. “Não tem palavras que confortem. Chegar em casa e ver as coisas dela, não sei como vai ser daqui para frente. Ela era tudo para nós, muito esperta, inteligente, linda”, disse o pai emocionado.

A menina, que foi muito desejada e esperada pelos pais, era filha única. Evandro é motorista de transporte escolar e diariamente levava colegas da pequena Sarah à escola. “Sempre cuidei das crianças com muito carinho e infelizmente aconteceu isso com a minha filha. Aproveitamos pouco ela”, lamentou.

Foi enquanto trabalhava que foi informado sobre o atentado por um colega que mora ao lado da escola. “Ele me ligou desesperado e eu vim correndo ver se conseguia fazer alguma coisa, mas infelizmente não deu tempo”.

Evandro invadiu a escola atrás de informações sobre a filha. “Corri atrás dela. Fui no hospital e voltei. Entrei na escola e infelizmente vi o cabelinho dela com a ‘xuxinha’ que foi feito de manhã. Caiu meu mundo”.

Segundo o pai, Sarah havia iniciado na escola há cerca de um mês. Ela frequentava a creche no período da manhã e a tarde ficava em casa com a avó e a bisavó. “Era uma menina esperta, feliz, educada. Agora ficam os vídeos e fotos que a gente pôde tirar com ela. Levou uma parte de nós junto, mas temos que ser fortes para conseguir superar isso”.

Relembre o caso

O que era para ser uma manhã tranquila e comum na pequena cidade de Saudades se tornou em uma tragédia com comoção nacional. Um jovem de 18 anos, armado com espadas invadiu a escola infantil Pró-Infância Aquarela. Ele atacou alunos e colaboradores.

Além de Sarah, o jovem matou Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses, e Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses, a professora Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos e agente educativa Mirla Amanda Renner Costa, de 20 anos.

A professora e duas crianças morreram no local, já a agente educativa e a terceira criança foram socorridas, mas morreram no hospital. Segundo a Polícia Civil, o jovem entrou na escola com duas espadas, uma delas uma Katana, tradicional espada japonesa, popularmente conhecida como espada ninja. Ele desferiu golpes contra as crianças e educadoras.

“O agressor chegou de bicicleta na escola por volta das 10h. Cerca de 30 crianças estavam na escola no momento e ele invadiu uma sala de aula onde tinham quatro crianças, a professora e mais uma funcionária da escola”, disse o delegado responsável pelo caso, Jeronimo Marçal.


Ataque a creche em Saudades, no Oeste de Santa Catarina

“Heroínas e anjos! Para sempre lembrados”. Cartazes em homenagem às vítimas do ataque foram colocados em frente a escola. – Foto: Willian Ricardo/NDMaisAs demais crianças e professoras conseguiram se trancar dentro das outras salas para se proteger do ataque. O jovem foi contido dentro da escola por vizinhos que ouviram os gritos. Foi quando ele tentou se matar e desferiu golpes contra si mesmo.
“Ele foi contido dentro da escola e, naquele momento, tentou tirar a própria vida. Os eletrônicos do suspeito passarão por perícia para buscar a motivação desse crime. Ele não tinha ligação com as vítimas e também não tem histórico policial”, explica o delegado.
Na casa da família do suspeito, a Polícia Civil encontrou o computador que deverá passar por uma perícia. As embalagens das duas facas utilizadas no crime e cerca de R$ 11 mil em espécie também estavam na casa. A motivação do chacina ainda é investigada.
O suspeito foi transferido em estado grave o HRO (Hospital Regional do Oeste), em Chapecó, onde passou por cirurgia. A quarta vítima atingida, um menino de 1 ano e 8 meses, também foi deslocada para Chapecó, onde permanece internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica.


CAROLINE FIGUEIREDO, CHAPECÓ