Há 139 anos, pela Lei 727 de 08 de outubro de 1881, passava a existir, oficialmente,
nosso município e sua cidade sede, Conceição-PB.
Os índios Coremas e Panatis da tribo dos Cariris habitavam esta região.
Com a chegada dos "desbravadores” (colonizadores), se repete o ocorrido em
toda a América e em toda a História da humanidade: Os "civilizados,"
ao se encontrarem com os naturais da terra, (ditos selvagens), os expulsaram,
os escravizam, os assassinaram ou ainda os forçaram a uma convivência
humilhante.
Nos casos em que houve a rara convivência pacífica, após o choque
cultural e a clara demonstração de superioridade tecnológica do
"conquistador", ocorreu, na verdade, a exemplo da história da
Paraíba, uma manipulação dos indígenas, que, por já terem rivalidades
históricas, não raro travavam guerras entre si. A exploração dessa realidade
pelo “conquistador” terminou por facilitar a inevitável ocupação do seu
território.
Na Paraíba, os Potiguaras, naturais do território, enfrentaram os
Tabajaras, povo indígena que migrou para a Paraíba e que terminaram se aliando
aos portugueses. O resultado dos confrontos entre os conquistadores portugueses
- com apoio dos Tabajaras - contra os Potiguaras, que se tornaram aliados aos
franceses (invasores e traficantes de madeira etc.), foi a expulsão dos
Potiguaras do território paraibano para o Rio grande do Norte. Tal fato
acarretou um erro histórico: O Rio Grande do Norte ganhou o status de
"Terra dos potiguaras" ou "Potiguar" e a Paraíba,
"terra dos Tabajaras", tal lapso histórico, vem sendo corrigido, pois
os índios originais da Paraíba (litoral) foram os Potiguaras.
Após os esclarecimentos sobre a História de nosso Estado, voltemos à
História de nosso município, Conceição: O alferes Nicolau Rodrigues dos Santos,
no dia 04 de julho de 1783, registrou essas terras como uma Sesmaria (porção de
terra doada pelo donatário, para facilitar a ocupação do sertão e sua
colonização) no arquivo Público do Estado.
Um dos descendentes do alferes Nicolau Rodrigues dos Santos, João
Rodrigues dos Santos e seus irmãos fundaram, já no século XIX (1881), um
povoado, às margens do Rio Piancó, e lhe deram o nome Conceição; construíram
casas e a Capela em homenagem a Nossa Senhora da Conceição. Estava consolidada
a ocupação desta parte do semiárido paraibano; de boas terras para cultivo,
onde hoje fincamos raízes!
A história nos possibilitou avanços, retrocessos, estagnações, mudanças,
permanências e continuidades; inerentes ao caminhar da História e ao processo
de convivência e sobrevivência da humanidade.
Após algumas décadas de verdadeira estagnação, Conceição busca encontrar o caminho do progresso e do desenvolvimento; enfrentando os percalços comuns em um país com grandes desigualdades social, que combate os problemas com paliativos e não com a cura, procura dar a seus cidadãos uma melhor qualidade de vida.
NOSSO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL
No que costumamos chamar de “parte mais velha da cidade”, localizada na
popularmente conhecida “Rua da Igreja”, existe a Praça da Matriz, denominada de
Cônego Antônio Andrade – onde está localizada a majestosa Igreja “Nossa Senhora
da Conceição”- (marco original da Cidade), seguida da Praça da Glória, e, dos
lados direito e esquerdo das referidas praças, resiste o maior conjunto
arquitetônico de casarões que compõem o que seria o nosso “patrimônio
histórico”, embora por toda a parte mais antiga de Conceição existam diversos
casarões com o mesmo estilo de construção secular, à exceção das casas antigas
que já foram derrubadas e substituídas por construções modernas, fato que
contribui para o “apagamento” de nossa história patrimonial e cultural.
O oficialmente é correto afirmar que não temos “patrimônio histórico”.
Afirmativa se faz verdadeira diante do fato de não termos sequer uma
“construção antiga” que tenha sido tombada qual patrimônio histórico, e, dessa
forma protegida contra sua extinção.
Uma visita ao site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do
Estado da Paraíba (IPHAEP), nos mostra a veracidade da afirmativa feita
anteriormente, pois na lista dos municípios que possuem patrimônios históricos
tombados, Conceição não é citada.
Na verdade, poucos municípios possuem imóveis numa situação de proteção
legal. Tal fato coloca a Paraíba e seus 223 municípios, nos quais nos
incluímos, como recantos da União, que têm pouca ou nenhuma preocupação com seu
passado histórico, conforme nos esclarece o IPHAEP ao citar a lista dos
municípios paraibanos que possuem centros históricos tombados, que somam apenas
quinze (15):
Alagoa Grande ( Dec. 23.551 de 07 Nov. 2002); Areia ( Dec. 8.312 de 06
Nov. 1979); Bananeiras (Dec. 31.842 de 04 Dez 2010); Cajazeiras (Dec. 25.140 de
29 de Jun. 2004); Campina Grande (Dec. 25.139 de 29 Jun. 2004); João Pessoa (
Dec. 9.484 de 14 Mai 1982); Mamanguape ( Dec. 25.031 de 14 Mai 2004); Pilar (
Dec. 8.625 de 26 Ago.1980); Pombal (Dec. 22.913 de 04 Abr. 2002); Princesa
Isabel ( Dec. 26.099 de 05 Ago. 2005); Remígio ( Dec. 23.809 de 27 Dez 2002); Rio
Tinto (Cadastrado e em vias de tombamento); São João do Cariri ( Dec. 25.141 de
29 Jun. 2004); São João do Rio do Peixe ( Dec. 22.917 de 04 Abr. 2002); Sousa (
Dec. 258.030 de 14 Mai 2004).[1]
Gostaria de acrescentar ao já relatado, que muitos desses móveis, possíveis candidatos a fazerem parte de um futuro “Centro Histórico tombado”, se encontram deteriorados, à venda ou simplesmente comprometidos em sua estrutura, o que, não raro, os leva a serem derrubados. Segue slides com fotos do Centro mais antigo de Conceição-PB, de como ainda existem em meio ao contemporâneo, do quanto já foram modificados... Realidade que denuncia a extrema necessidade de um projeto do poder público que venha a socorrer e manter viva parte significativa de nosso patrimônio histórico, artístico e cultural.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LIMA, Pe. Manoel
Otaviano de Moura. Conceição e Ibiara – Notas e Apanhados Históricos: Pe.
Manoel Otaviano de Moura Lima. Cajazeiras-PB: Editora e gráfica REAL, 2016.
58p.
FONTES: