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Marco Aurélio não aceita que Moro "de repente se torne vilão" e diz que ficou "atônito" com voto de Cármen Lúcia

Em entrevista à Folha, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, revelou que ficou “atônito” com a mudança de voto da colega Cármen Lúcia no julgamento de suspeição do ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

“Se eu, com 42 anos de ofício judicante em colegiado, ‘pegando no pesado’, fiquei atônito, imagina o leigo. Foi o que disse: gera uma insegurança muito grande”, disparou. 

 

E acrescentou:
“Os pronunciamentos judiciais existem para se ter a segurança jurídica e, a partir do momento em que decisão condenatória transita em julgado, você tem um quadro definitivo que, a meu ver, só pode ser revisto pela revisão criminal ou, excepcionalissimamente, quando comprovada ilegalidade, pela via do habeas corpus”, esclareceu, discordando da decisão monocrática do colega, o ministro Edson Fachin, que anulou todas as condenações de Lula no âmbito da “Operação Lava Jato”.

Marco Aurélio, que vai se aposentar da Suprema Corte em julho deste ano, afirmou também que Moro foi um grande juiz “sem dúvida”.

“Não posso conceber que homem que surgiu como herói nacional, mostrando nova vertente quanto ao combate à corrupção, de repente se torne vilão e seja execrado. Isso não passa pela minha cabeça”, criticou, acrescentando que, apesar de defender o ex-juiz da “Lava Jato”, não gostaria de vê-lo em sua cadeira no Supremo.
“Não tenho amizade com o ex-juiz Sérgio Moro e cheguei mesmo a dizer que, como ele virou as costas a um cargo efetivo da magistratura, não gostaria que me sucedesse. Não que eu tenha nada contra ele, mas só pela postura adotada. Como alguém que virou as costas à magistratura é nomeado? Então, será um prêmio de consolação para o Supremo? Isso, evidentemente, deixa o sistema capenga”, conclui.


 

Fonte: Antagonista