"A gente vai ter outras pandemias infelizmente, então vamos ter a tecnologia para criar vacinas. E é uma questão de soberania, nós vimos a dificuldade que é importar vacinas durante essa pandemia", afirmou o ministro.
A fala dos ministros ocorreu um dia depois do Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, anunciar a criação de uma vacina com tecnologia própria com a qual pediria o início dos testes em humanos à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Nenhum dos dois ministros citou esta vacina durante a entrevista.
Pontes não entrou em detalhes sobre as instituições que desenvolviam as três vacinas mas a Anvisa e o ministério de Ciência e Tecnologia confirmaram que a vacina Versamune, criada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, em parceria com a Farmacore Biotecnologia e a empresa estrangeira PDS Biotechnology Corporation, já tem o pedido oficial para início dos testes clínicos.
"Segundo os procedimentos da Anvisa, a análise considerará a proposta do estudo, o número de participantes e os dados de segurança obtidos até o momento nos estudos pré-clínicos que são realizados em laboratório e animais", disse a Anvisa sobre o pedido.
O ministério da Ciência e Tecnologia, por sua vez, afirmou que os testes clínicos desta vacina serão realizados nos Estados Unidos e no Brasil, com a Farmacore liderando os esforços regulatórios e de ensaios clínicos nacionais.
Ainda de acordo com o ministro Marcos Pontes, o processo de criação destes imunizantes começou no ano passado, com quinze tecnologias diferentes escolhidas. Destes, três avançaram dos testes com animais para os testes clínicos, onde a segurança e eficácia da vacina em humanos é avaliada (veja mais detalhes abaixo).
Em sua fala, o ministro da Sáude, Marcelo Queiroga, reiterou a preocupação de Pontes do Brasil ter uma produção nacional de vacinas, sem depender da importação. Ele também voltou a defender o distanciamento social e o uso de máscaras. "O Brasil não é a pátria de chuteiras, e sim a pátria de máscaras", disse.
Queiroga afirmou que o Brasil já têm mais 500 milhões de doses vacinas já contratadas, mas admitiu que o ritmo de vacinação ainda não é o ideal, considerando a capacidade de imunização do país. Ele também voltou a prometer que o governo vai atingir a meta de vacinar um milhão de pessoas por dia no começo de abril deste ano.
O R7 entrou em contato com USP para ter mais detalhes sobre vacina Versamune, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria.
A fase clínica do teste de vacinas é feita em seres humanos. Esta parte do processo se divide em três:
Fase I: é o primeiro estudo a ser realizado em seres humanos, com o objetivo principal demonstrar a segurança da vacina.
Fase II: tem por objetivo estabelecer a imunogenicidade da vacina, ou seja, a capacidade que o produto tem de estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos.
Fase III: é a última fase de estudo antes da obtenção do registro sanitário e tem por objetivo demonstrar a sua eficácia. Somente após a finalização do estudo de fase III e obtenção do registro sanitário é que a nova vacina poderá ser disponibilizada para a população.
Fase IV: Vacina disponibilizada para a população.
Fonte: Instituto Butantan