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Governador do Amazonas deveria estar preso

Em junho de 2020, a Polícia Federal pediu a prisão do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC). Ele é um dos alvos da “Operação Sangria”,  que apura esquema de superfaturamento na compra de respiradores pela Secretaria de Saúde do estado.

Como noticiou o Terça Livre, Wilson Lima foi alvo de buscas e bloqueio de bens na operação do Ministério Público Federal que apurava a atuação de uma organização criminosa instalada no governo do Amazonas com o objetivo de desviar recursos públicos destinados à pandemia do vírus chinês.

Lima deveria estar preso, mas não está porque o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Francisco Falcão negou o pedido da PF afirmando que “não havia justificativa no momento”. O ministro, no entanto, autorizou a prisão temporária de outras 8 pessoas:

  • Simone Araujo de Oliveira Papaiz – secretária de saúde
  • João Paulo Marques dos Santos – ex-secretário de saúde
  • Perseverando da Trindade Garcia Filho – ex-secretário executivo adjunto de saúde
  • Alcineide Figueiredo Pinheiro – ex-gerente de compras da secretaria de saúde
  • Fábio José Antunes Passos, Cristiano da Silva Cordeiro, Luciane Zuffo Vargas de Andrade, Renata de Cássia Dias Mansur Silva – sócios e representantes de empresas investigadas.

Nesta semana, a cidade de Manaus (AM) enfrenta um grave colapso em seu sistema de saúde. Sem oxigênio, os pacientes dependem de respiração manual para sobreviver.

Levantamento feito pelo site “Pleno News” mostra que a União repassou ao estado somente durante o ano de 2020, um total de R$ 8,91 bilhões em recursos para usos diversos.

A capital Manaus, por sua vez, teve acesso a R$ 2,36 bilhões do governo federal. Desses repasses, alguns foram direcionados especificamente para uso na área de saúde.

A dúvida que paira hoje sob quem observa, aflito, o que acontece em Manaus é só uma: o que foi feito com o dinheiro?

Adegas de vinho

Segundo o  MPFcom a participação direta do governador, foram identificadas compras superfaturadas de respiradores, direcionamento na contratação de empresa, lavagem de dinheiro e montagem de processos para encobrir os crimes praticados.

No esquema identificado pelo MPF e pela Polícia Federal, o governo do estado comprou, com dispensa de licitação, 28 respiradores de uma importadora de vinhos.

Em uma manobra conhecida como triangulação, uma empresa fornecedora de equipamentos de saúde, que já havia firmado contratos com o governo, vendeu respiradores à adega por R$ 2,480 milhões.

No mesmo dia, a importadora de vinhos revendeu os equipamentos para o estado por R$ 2,976 milhões. Após receber valores milionários em sua conta, a adega os repassou integralmente à organização de saúde. Registros encontrados pelos investigadores comprovam a ligação entre agentes públicos e empresários envolvidos na fraude.

“Os fatos ilícitos investigados têm sido praticados sob o comando e orientação do governador do estado do Amazonas, Wilson Lima, o qual detém o domínio completo e final não apenas dos atos relativos à aquisição de respiradores para enfrentamento da pandemia, mas também de todas as demais ações governamentais relacionadas à questão, no bojo das quais atos ilícitos têm sido praticados”, destacou a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo.


Terça Livre