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Líderes da esquerda discutem criação de novo partido para enfrentar Bolsonaro em 2022

Uma série de conversas envolvendo líderes da esquerda brasileira está em curso, com o objetivo de colocar de pé um novo partido depois das eleições municipais de novembro. 
O primeiro sinal que mostra as articulações é o fato do PSB estar se aproximado do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), para que ele seja candidato à Presidência da República em 2022, embora negue publicamente.

O presidente do partido, Carlos Siqueira, convidou o governador do Maranhão para a legenda. O governador, no entanto, deseja uma fusão das duas siglas, o que daria acesso a um fundo eleitoral de mais de R$ 145 milhões, valor superior ao que é recebido por PSDB, DEM e PP, e maior tempo de televisão.

A esquerda percebeu que as antigas agremiações estão com o nome estigmatizado. O movimento comunista continua sendo o mesmo, fazendo-se de morto para assaltar o governo e procuram fundar uma “nova” organização, uma “nova” legenda. Tudo isso sem deixar de ser comunista e acabando por enganar muitas pessoas.

Setores do PSB gostam da ideia de unir forças, e o partido parou de tentar lançar a candidatura do Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), filiado desde 2018. Barbosa, curiosamente, desistiu da candidatura após o Terça Livre comentar o nome do Matheus Faria, Procurador da Fazenda Nacional, que também desmascarou Alvaro Dias e sua intransigente defesa do senado ao Fachin à vaga de juiz no Supremo Tribunal Federal em 2015.

Dino chama o projeto de “MDB da esquerda”, pois acredita que poderá trazer para o novo partido vários nomes insatisfeitos com os rumos das suas próprias legendas. Um dos exemplos é o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) — o deputado sempre teve diálogo aberto com figuras como o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Jorge Picciani (ex-integrante do MDB) e o atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Atualmente, existe, no entanto, o petista Haddad com dois posicionamentos antagônicos: o que aparece em entrevistas e o das conversas nos bastidores. O primeiro não contraria Lula em público e sua estratégia de rejeitar manifestos suprapartidários contra Bolsonaro. A propósito, no último fim de semana, o petista teve que passar horas em conversas telefônicas desmentindo mais uma vez que vai ceder à vontade do ex-presidente de colocá-lo na disputa pela prefeitura de São Paulo no lugar de Jilmar Tatto. Já o segundo Haddad é muito mais enfático na necessidade de a esquerda organizar um discurso mais amplo. Ele vem conversando frequentemente com Dino e Freixo sobre esses movimentos, embora não cogite deixar o PT.

Dino avalia que a esquerda poderá perder em todas as capitais brasileiras em novembro, causando um percalço para a implementação do socialismo/comunismo. O governador do Maranhão vem tentando mostrar isso a Lula em conversas periódicas por telefone, justamente por acreditar não ser possível vencer Bolsonaro abdicando do “lulismo”. Por ora, contudo, o PT não abre mão de jeito nenhum de ter candidato próprio em 2022.

Mais uma vez a esquerda vem se “limpando” em si mesma. A esquerda gasta uma imagem e depois retorna como se fosse algo novo, e ainda faz uma crítica de tudo o que fez. Isso o movimento comunista sabe fazer muito bem. E isso não é novidade, pois, está escrito na sua cartilha A Estrutura, os Métodos e a Ação dos Partidos Comunistas de 1921.

Diz a cartilha: “A organização do partido deve se adaptar às condições e aos objetivos de sua atividade. […] Não pode haver uma forma de organização imutável e absolutamente conveniente para todos os partidos comunistas. […] As particularidades históricas de cada país determinam também formas especiais de organização para os diferentes países”.

Por fim, o fato é que não está dando certo a tentativa de caçar a chapa Bolsonaro/Mourão; Luciano Ayan, membro do MBL preso em operação contra desvio e lavagem de dinheiro em São Paulo, está preso; e o plano de impeachment também não está dando certo, porque no Congresso não passaria o impeachment do Bolsonaro. Outra possível manobra da esquerda é desviar o foco de ter a cabeça da chapa para prefeito, visando fazer vereadores e pulverizar seu poder. Isso dando certo, esses se tornariam os agentes para fazer a campanha de 2022. [Comentários de Allan dos Santos no Boletim da Manhã de 20/07]

A esquerda está desesperada, porém, organizada, para combater Bolsonaro nas próximas eleições.



Terça Livre