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Zika vírus: Nova ameaça para saúde humana

Fornecido por AFP Uma pesquisadora segura um
recipiente com larvas do mosquito Aedes aegypti em
laboratório do Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade de São Paulo em 8 de janeiro de 2016
Transmitido por mosquitos como a dengue e o chikungunya, o vírus Zika, que tem sido objeto de uma descriptografia genética pelo Instituto Pasteur, representa uma ameaça para a saúde humana, embora a infecção muitas vezes passe despercebida.

A estirpe do vírus em circulação no continente americano, onde causa desde 2015 uma epidemia "inédita", foi pela primeira vez objeto de um "sequenciamento genético completo", disse nesta sexta-feira o Instituto Pasteur. Esta análise vai ajudar a compreender sua evolução e desenvolver ferramentas de diagnóstico.
 Fornecido por AFP Uma pesquisadora analisa larvas do mosquito Aedes aegypti em laboratório do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo em 8 de janeiro de 2016...

Quem é o Zika?

Este vírus foi descoberto pela primeira vez em Uganda, num macaco, em 1947. Foi batizado com o nome de uma floresta situada no sul de Campala, capital do país.


O Zika pertence à mesma família 'Flaviviridae', da qual fazem parte o vírus da dengue e da febre amarela. O primeiro caso humano da febre Zika foi relatado em 1968, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Assim como a dengue e o chikungunya, duas outras infecções tropicais, o zika é transmitido por picadas de mosquito do gênero Aedes aegypti e de mosquitos tigre (Aedes albopictus). Os insetos picam uma pessoa doente, carregam o vírus e depois infectam pessoas saudáveis.

Quais são os sintomas?

Na grande maioria dos casos (70 a 80%), a infecção passa despercebida. Quando se manifestam, os sintomas são semelhantes aos da gripe (febre, dor de cabeça, dores no corpo) com erupções cutâneas.

O Zika também pode se manifestar como conjuntivite ou dor atrás dos olhos, bem como por um inchaço das mãos ou dos pés.

Existem complicações?

Nenhuma morte por vírus Zika foi registrada até agora, segundo a agência dos Estados Unidos para o monitoramento e prevenção de doenças CDC.

Mas dois tipos de complicações graves têm sido descritas, complicações neurológicas e malformações em fetos de pacientes do sexo feminino grávidas, o que "convida à vigilância para o surto de Zika", alertou o ministério da Saúde francês.

Complicações neurológicas do tipo síndrome de Guillain-Barré, doença auto-imune que resulta em fraqueza progressiva ou paralisia dos membros, têm sido descritas no Brasil e Polinésia Francesa, de acordo com o Instituto Nacional de Vigilância Sanitária (InVS) francês.

Além disso, casos de microcefalia (tamanho do crânio anormalmente pequeno) e anormalidades do desenvolvimento do cérebro foram observados em fetos e recém-nascidos de mães grávidas durante as epidemias de Zika na Polinésia e no Brasil.

Qual tratamento, qual vacina?

Não existe cura ou vacina específica até agora contra este vírus. O único tratamento é reduzir a dor por analgésicos.

Para se proteger, é preciso evitar ser picado por mosquitos, usando roupas folgadas, repelentes, inseticidas e mosquiteiros.

As mulheres grávidas devem ficar especialmente vigilantes. Uma pessoa doente deve absolutamente evitar ser mordida para interromper o ciclo de transmissão da doença.

Onde o Zika ataca?

Depois de ter sido notificada na África, na Ásia e no Pacífico, a doença atingiu o continente norte-americano desde 2015, com o Brasil como principal país afetado.

Ao todo, uma dúzia de países foram infectados no início de 2016 na América Latina e no Caribe. Em dezembro de 2015, os primeiros casos foram registrados na Guiana e na Martinica.

A instalação do mosquito tigre no sul da Europa torna perfeitamente possível um futuro surto de Zika neste continente, especialmente na França, entre maio e novembro, disse o ministério da Saúde francês.





Por Olivier THIBAULT