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Família de advogada morta contrata perito particular

A perícia particular no prédio onde a advogada Tatiane Spitzner, 29 anos, e o marido, o professor Luís Felipe Manvailer, 32 anos, moravam, começou por volta das 11h desta quarta-feira (15), em Guarapuava, na região central do Paraná.

A perícia começou pela parte de fora do edifício e pelo hall. A expectativa é a de que o apartamento do casal seja periciado no começo da tarde, com o acompanhamento de uma autoridade policial.

Tatiane foi encontrada morta em 22 de julho, depois de cair do 4º andar do Edifício Golden Garden – de uma altura de mais de 20 metros. Luis Felipe está preso, acusado de matar a mulher.


Câmeras de segurança do prédio mostram ele agredindo a mulherpor mais de 20 minutos antes da queda.

O professor nega as acusações e diz que a mulher se jogou da sacada, de uma altura de mais de 20 metros. Luis Felipe foi denunciado pelos crimes de homicídio com quatro qualificadoras (meio cruel, dificultar defesa da vítima, motivo torpe e feminicídio), cárcere privado e fraude processual.

Promotores do Ministério Público (MP-PR) acompanham a perícia particular, conduzida pelo assistente técnico Altamir Coutinho, perito criminal aposentado do Instituto de criminalística do Paraná. Ele disse que vai fazer medições e ilustrações, com a ajuda de um drone.

“O meu trabalho visa interpretar as informações já constantes nos autos. Então, tem o exame do local e nós vamos conferir todos esses levantamentos pré-existentes, que já foram realizados pelos peritos oficiais”, disse. De acordo com Coutinho, a perícia deve durar de duas a três horas.

“Vamos fazer esse trabalho de ilustração, com algumas medições e algumas outras informações que visam unicamente esclarecer e trazer a busca da verdade real”, acrescentou.

Drone ajuda em perícia particular no prédio de Tatiane Spitzner (Foto: Murilo Souza/RPC)

A perícia foi autorizada na segunda-feira (13), pela juíza Paola Gonçalves Mancini. A Justiça também autoriou que a família da advogada retire pertences dela do local, “desde que mantidos todos os móveis e pertences da sala e sacada, onde supostamente ocorreram os fatos”.

Foi o pai de Tatiane, Jorge Sptizner, quem pediu a perícia particular.

No pedido, a defesa da família da advogada argumentou que a perícia patricular pretende “registrar a maior quantidade possível de detalhes das condutas do réu durante a prática dos crimes pelos quais é acusado, de modo a contribuir com a análise que será feita do caso pelas autoridades competentes e pela sociedade no momento processual oportuno”.

Entenda o caso
A queda de Tatiane foi na madrugada do dia 22 de julho, no Centro de Guarapuava. Conforme a Polícia Civil, depois da queda, Luis Felipe recolheu o corpo de Tatiane e o levou de volta para o apartamento.

Queda de Tatiane foi na madrugada do dia 22 de julho, no Centro de Guarapuava (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

Uma testemunha relatou que, logo depois da queda, viu o marido recolhendo o corpo e ouviu ele gritando: “Meu amor, acorda”.

O marido foi preso após sofrer um acidente de carro na BR-277, em São Miguel do Iguaçu, a 340 quilômetros de Guarapuava. Ele disse que se acidentou porque a imagem da esposa pulando a sacada não saía da cabeça dele.

Audiência de custódia de Luis Felipe Manvailer foi realizada na segunda-feira (23), em São Miguel do Iguaçu (Foto: Reprodução)

Luis Felipe está preso Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG). Depois que ele tentou se matar, a defesa pediu para que ela seja transferido para o Complexo Médico-Penal (CMP) em Pinhais, na Região de Curitiba, para “para atendimento psiquiátrico e psicológico urgente”.

O casal estava junto havia cinco anos e era “feliz”, de acordo com a defesa do marido. O Ministério Público (MP-PR), porém, diz que Tatiane vivia um relacionamento abusivo.

Familiares e amigos relataram que ela queria pedir o divórcio. Para a polícia, eles disseram que Luis Felipe costumava chamar Tatiane de apelidos pejorativos e que a proibia de contratar uma diarista para ajudar nas tarefas domésticas.

Uma amiga da advogada, Rosenilda Bielack, que conviveu com o casal na Alemanha, contou que a advogada era maltratada constantemente pelo marido, que é faixa roxa no jiu-jítsu. “Tudo era motivo para ele maltratar a Tati, falar coisas pesadas, pejorativas sempre”, afirmou.

Conversas por WhatsApp de Tatiane com Rosenilda mostram como estava a relação dela com o marido. Nas mensagens, entre março e junho deste ano, a advogada relatou sentir “medo” e disse que o marido tinha “ódio mortal” por ela.

Uma perícia feita no local da morte constatou que ela teve uma fratura no pescoço, característica de quem sofreu esganadura.

Repercussão internacional
A família de Tatiane criou páginas nas redes sociais para incentivar a luta contra o feminicídio. Nesta manhã, o perfil no Instagram tinha mais de 123 mil seguidores. Nos últimos dias, pessoas de todo o mundo tem enviado fotos com a hashtag “Todos por Tatiane”.



Da redação com G1