Plantão

Pedófilo busca por tratamento e compara a vício em drogas

A pedofilia é uma doença crônica, que não tem cura. Os médicos fazem uma comparação com a diabetes e o alcoolismo, que exigem cuidado redobrado e tratamento por muito tempo, ou talvez por toda a vida. 

Neste sentido, a internet surgiu como um complicador, tanto para os pacientes quanto para os profissionais que fazem esse acompanhamento.

A GloboNews entrevistou um homem que, por medo de ser preso por pedofilia, passou a fazer tratamento para se livrar da doença. Ele foi denunciado por uma vítima e já está hã dois anos fazendo medicação e terapia de grupo para evitar recaídas.


“Ocorreu que quando aconteceu um fato com uma criança e essa criança falou com a mãe. E a partir desse momento minha família toda ficou sabendo, né? E foi onde entrou esse maior desespero na minha vida”, relata.

"Tinha primeiro o medo de todos descobrirem, e segundo medo de ir pra cadeia, né? Porque a gente sabe que na cadeia a coisa não é fácil pra quem passa por esse processo.”

“Eu fui confiante de que eu ia conseguir me tratar e ia ficar bem. Eu fui com isso. Porque eu acho que, quando você não sabe que existe o tratamento é uma coisa; depois que você sabe que existe o tratamento muda tudo na vida da gente.”

“Eu acho que essa doença, ela tem que ser tratada, assim como você trata sobre as drogas, sobre a bebida, e tudo isso aí. É complicado. Mas tem tratamento também. Se você for prender todos aqueles que são viciados em drogas, pode ver que a maioria sai de lá pior do que entrou.”

Tratamento

A comunidade médica diz que é muito difícil evitar recaídas. Na Faculdade de Medicina do ABC, um ambulatório de transtornos sexuais atende toda semana 50 pacientes diagnosticados com pedofilia. O primeiro passo para o sucesso do tratamento esbarra, muitas vezes, na motivação do paciente.

“Se essa pessoa com processo ativo busca o tratamento médico e psicológico com o objetivo de mudar o comportamento, ótimo. Se o indivíduo busca o tratamento como uma desculpa, isso não é saudável. Nem para o ambulatório nem para o paciente”, diz Danilo Antonio Balteri, médico psiquiatra e coordenador do Ambulatório de transtornos da sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC.

“A possibilidade de acesso desse sujeito ao material pela internet é muito ampliado e constantemente vem se ampliando”, diz Carlos Eduardo Alves Teixeira, psicólogo do Ambulatório de transtornos da sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC.

“É preciso ter uma maior necessidade de conter esse impulso. Seja com técnicas que ele possa desenvolver, ou da vigilância de um familiar. Ou pode ser um bilhete do lado do computador que relembre que ele vai acessar o computador para acessar o banco, escrever um texto, pagar uma conta, de uma forma que ele cesse esse impulso à pornografia.”

O médico destaca que nos últimos dois anos, nós temos percebido que a cada movimento da Polícia Federal no combate ao crime, muitas pessoas com a doença ou com a preocupação de acabarem com o problema acabam buscando ajuda.

Quem vai fazer tratamento tem de seguir uma série de regras para não ser denunciado. “A partir do momento que o profissional identifica uma situação abusiva na iminência de acontecer, e até identificar possíveis vítimas, é colocado isso referente ao contrato que tem que ser denunciado”, diz o psicólogo Carlos Eduardo Alves Teixeira.

Além disso, não pode haver mais vítimas. “O que ocorreu no passado não pode mais acontecer. Nós não temos obrigatoriedade da denúncia do que aconteceu antes do tratamento. Mas iniciando o tratamento nós temos sim a necessidade, muitas vezes, de denunciar, caso a ofensa sexual ocorra ou mesmo se esteja na iminência de acontecer”, disse Baliteri.


G1