O Complexo Hospitalar Regional Deputado Janduhy Carneiro (CHRDJC), em Patos, realizou, nessa terça-feira (15), uma cirurgia inédita, consolidando a interiorização de serviços de alta complexidade no sertão do estado.
O
procedimento – uma Esofagogastrectomia Total com Toracostomia (remoção
completa do esôfago e do estômago) só foi possível graças ao Programa
Paraíba Contra o Câncer, criado pelo Governo do Estado para viabilizar e
agilizar exames, diagnóstico, estadiamento e tratamento do câncer.
A
cirurgia, que durou sete horas, foi realizada pelo médico oncologista
Anderson Neves e auxiliada pelo cirurgião oncologista Wostenildo
Crispim, ambos profissionais do Hospital do Bem, unidade oncológica que
integra o Complexo.
O
paciente J.L de S, agricultor, de 57 anos, da cidade de Bonito de Santa
Fé, com diagnóstico de câncer no esôfago, tinha a indicação cirúrgica
após passar por tratamento quimioterápico e radioterápico. E para
realização do procedimento inédito na unidade foi preciso solicitar
materiais extra SUS, a exemplo da tesoura de energia ultrassônica,
cliperes especiais de contenção de sangramento e de ligadura de grandes
vasos, entre outros insumos.
“Além
de o procedimento ser inédito na região é preciso ressaltar que ele só
foi possível de ser realizado aqui graças ao Programa Paraíba Contra o
Câncer, que foi quem viabilizou a aquisição destes materiais necessários
para realização da cirurgia nos moldes em que ela foi feita, pois se
trata de um procedimento de alta complexidade e que requeria insumos e
equipamentos não existentes no hospital”, explica o cirurgião oncológico
Anderson Neves.
Ele reitera que procedimentos desta natureza exigem alta aptidão e experiência dos profissionais.
“Essa
cirurgia é considerada de alta complexidade e compreendeu a retirada do
esôfago em toda sua extensão, desde o pescoço até o abdômen, além da
retirada de linfonodos do tórax”, explica o médico, reiterando que
também foram usados recursos de videotoracoscopia, que é uma técnica
cirúrgica minimamente invasiva que permite visualizar o interior da
caixa torácica. “Com esse recurso tecnológico diminuímos o trauma
cirúrgico e melhoramos a resposta do paciente no pós-operatório”,
reforça ele.
O
paciente saiu do bloco cirúrgico para a Unidade de Terapia Intensiva
(UTI), onde permaneceu até a manhã desta quarta-feira (16). Ele já foi
extubado e encontra-se estável e se recuperando bem no setor de
semi-intensiva de onde será acompanhado de cinco a sete dias, tempo
necessário, segundo o médico, para reeducação e acompanhamento da
alimentação e processo digestivo pós-cirúrgico.
Para o médico Wostenildo Crispim, essa cirurgia abre novas possibilidades de procedimentos de alta complexidade na região.
“Essa
cirurgia pioneira no sertão, que usou três tempos cirúrgicos, o
torácico, abdominal e cervical, abre um precedente positivo e mostra que
estamos capacitados, tanto em termos de equipe, quanto de estrutura
para realização de cirurgias de alta complexidade não de forma apenas
pioneira, mas corriqueira e reforça a importância do Programa Paraíba
Contra o Câncer sem o qual não teríamos condições de realizar tal
procedimento em Patos”, finaliza o médico que atuou como profissional
auxiliar na cirurgia.
Paraíba
Contra o Câncer – Programa criado pelo Governo da Paraíba para acolher,
promover o acesso e dar celeridade ao tratamento de pacientes
oncológicos. O acesso é pela Teleoncologia, em funcionamento desde maio
do ano passado em todo o estado.
O
agendamento para realização de procedimentos, exames e encaminhamento é
gerido pelo Complexo Regulador Estadual, que organiza uma fila única
para o acolhimento dos pacientes. As equipes especializadas, compostas
por oncologistas clínicos e enfermeiros navegadores, coordenam o
atendimento desde o ingresso no Programa até a realização dos exames
necessários para diagnóstico, estadiamento e tratamento.
Assessoria de comunicação / Foto: Secom-PB/Arquivo