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VÍDEO: Filho acusado de matar e esquartejar o próprio pai, xinga a imprensa ao chegar para júri


Começou nesta terça-feira (24) o júri popular de Danilo Paes Rodrigues, jovem acusado de participar do assassinato do próprio pai, o cardiologista Denirson Paes da Silva, encontrado esquartejado dentro de uma cacimba no condomínio de luxo em que morava em Aldeia, Camaragibe, no Grande Recife.


O crime aconteceu em 2018 e, um ano depois, a viúva do médico, Jussara Rodrigues da Silva Paes, foi condenada a 19 anos de prisão pela execução e ocultação de cadáver. O corpo da vítima foi encontrado com partes carbonizadas.


No primeiro dia de julgamento, foram ouvidas cinco testemunhas de acusação e cinco testemunhas de defesa foram ouvidas; sendo duas, na condição de informantes, por causa do parentesco com o réu (veja abaixo).


Denirson e Jussara Paes tiveram dois filhos. O mais velho, Danilo, é o que está sendo julgado nesta terça-feira. O mais novo, Daniel Paes Rodrigues, chegou a vencer na Justiça uma ação contra a mãe, pedindo R$ 600 mil em indenização por causa do assassinato.

Danilo Paes chegou ao fórum por volta das 7h55. Agitado, ele gritou e xingou os jornalistas que estavam presentes no local para cobrir o júri (veja vídeo acima). O advogado Rafael Nunes, que faz parte da defesa do réu, disse que ele estava nervoso e que por isso se exaltou.


"Danilo não tem qualquer participação na morte do pai. Quando ele chegou aqui hoje, ele teve o comportamento de uma pessoa que não aguenta mais. Danilo está no limite, não aguenta mais essa tortura psicológica de, além de ter perdido o pai nessa tragédia, perdido a família, porque ele não quer conversa com a mãe, tem que estar se explicando e estar no banco dos réus", afirmou.


O julgamento, presidido pela juíza Marília Falcone Gomes Lócio, tem previsão de durar quatro dias e acontece na 1ª Vara Criminal de Camaragibe, no Fórum Desembargador Agenor Ferreira de Lima, no Centro da cidade. A sentença deve sair até sexta-feira (27).


Conforme denúncia apresentada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Danilo Paes, filho mais velho do casal, teria auxiliado a mãe a matar o pai e, por isso, foi acusado de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, com emprego de meio cruel e cometido à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima).


Ele também responde pela ocultação do cadáver de Denirson Paes. A viúva foi condenada pelos mesmos crimes em 2019.

Foto de arquivo mostra o médico Denirson Paes, o filho Danilo Paes e a esposa, Jussara Paes — Foto: Reprodução/Facebook

Depoimentos

Até as 19h40, quando o julgamento foi suspenso, cinco testemunhas de acusação e cinco testemunhas de defesa já tinham sido ouvidas no juri.


Pela manhã, prestaram depoimento o perito criminal da Polícia Civil Fernando Henrique Benevides; o médico legista do Instituto Médico Legal de Pernambuco João Batista Montenegro; e a comissária da Polícia Civil Natália Lemos.


O julgamento foi suspenso às 13h50 e retomado às 14h50, quando foram ouvidas a delegada Carmém Lúcia de Oliveira e a empregada doméstica Josefa da Conceição dos Santos.


Jussara Rodrigues da Silva, mãe de Danilo Paes e viúva da vítima, o médico Denirson Paes da Silva, foi ouvida na condição de informante. Em seguida, aconteceu o depoimento do pedreiro Iraquitan Ferreira de Lima; seguido pela ex-namorada de Danilo Paes, Gabriele Freitas. O irmão de Jussara, Indalércio Rodrigues, foi ouvido também na condição de informante.


O julgamento vai ser retomado na quarta (25), com o interrogatório do réu. Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), também deve acontecer a fase de debates entre o Ministério Público e a defesa do réu.


No início da noite de terça (24), a ex-empregada da casa onde viviam Jussara Rodrigues da Silva Paes e o médico Denirson Paes da Silva conversou com a imprensa na saída do fórum. Josefa da Conceição dos Santos disse que trabalhou durante cinco anos na casa e nunca presenciou discussões entre o casal.


"Ele [Denirson} não gostava de discussão, não gostava de tá batendo boca; era um excelente pai, um excelente doutor, um bom patrão. Ele poderia ter até os defeitos dele com ela, mas que eu via não. Não via briga de jeito nenhum", relatou, a ex-funcionária, que depôs como testemunha de acusação, pela manhã.


Josefa dos Santos contou Danilo Paes passou um tempo sem falar com o pai, Denirson, que chegou a se queixar sobre o assunto. "Danilo passou um tempo sem falar com o pai. Aí eu fiquei observando, e ele [Denirson] dizia para mim: "Ela tá botando os meus filhos contra mim". Eu digo: "Deixe pra lá, o senhor é pai", contou.


Rafael Nunes, advogado de defesa de Danilo Paes Rodrigues, também conversou com os jornalistas e disse que está confiante na absolvição do seu cliente.


"Se cogitou a questão da força física. A polícia não procurou saber quem quebrou a casinha. Teria que ser um homem; Danilo. Apareceu inclusive para ser ouvido, seu Iraquitan. A cacimba é pesada, quem abriu? Danilo. Não foi. Apareceu quem foi. A defesa mostrou. (...) Tudo isso a polícia deixou no vácuo e concluiu de forma apressada que Danilo teria participação. Danilo entrou aqui pela porta da frente e vai sair pela porta da frente", disse Nunes.


Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o júri segue estas etapas:


Seleção de sete jurados entre 25 voluntários;

Depoimento de cinco testemunhas de acusação indicadas pelo MPPE;

Depoimento de cinco testemunhas de defesa indicados pelos advogados do réu
Interrogatório do réu;

Debates entre a acusação e a defesa: primeiro, o MPPE expõe sua tese em uma hora e meia. Depois, a defesa apresenta sua tese no mesmo período. Se houver réplica do MPPE e tréplica da defesa, ambos têm mais uma hora para falar no plenário;

Encerrada a fase de debate, a juíza se reúne numa sala secreta com o Conselho de Sentença formado pelos sete jurados. Eles vão decidir se o réu é culpado ou inocente das acusações;

Por fim, a juíza volta para o plenário para ler a sentença.


Relembre o caso


O corpo de Denirson Paes foi encontrado no dia 4 de julho de 2018, dentro de uma cacimba na casa onde a família morava em Aldeia, em Camaragibe, no Grande Recife. Ele era considerado desaparecido;


Denirson Paes foi encontrado esquartejado, com partes carbonizadas. Um dia depois de o corpo ser achado, foram presos Jussara Rodrigues da Silva Paes, a esposa, e Danilo Paes, filho mais velho;


A defesa de Jussara alegou que ela era vítima de violência doméstica e teria agido em legítima defesa. A polícia disse que a descoberta de uma traição conjugal, um dia antes do crime, motivou o homicídio;


Danilo Paes foi solto, mas a Justiça negou um pedido da defesa dele para que ele fosse absolvido no processo;


Jussara Paes, presa desde a época do crime, foi condenada em novembro de 2019;


O filho mais novo do casal, Daniel Paes, conseguiu na Justiça obrigar que a mãe pague indenização de mais de R$ 600 mil por danos morais e materiais.


g1