Plantão

Ciclone deixa oito mortos e 19 desaparecidos no Rio Grande do Sul

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, anunciou em coletiva na tarde deste sábado (17) que já são oito mortos em decorrência das chuvas fortes durante a passagem de um ciclone extratropical pela região Sul. Entre as últimas vítimas estão um bebê de quatro meses, da cidade de São Sebastião, e um idoso de 73 anos, cujo carro caiu no Rio Caí, em Bom Princípio. Dezenove pessoas estão desaparecidas.

A criança de quatro meses faleceu porque durante a enxurrada estava em uma área isolada, com dificuldade para acessar o sistema de saúde.

Conforme divulgado pelo governo do RS, foram duas vítimas em São Leopoldo, uma em Maquiné, um em Novo Hamburgo, uma em Gravataí, uma em Caraá, uma em Bom Princípio e uma em São Sebastião. Novas buscas reiniciaram na manhã deste sábado (17).

— Temos que coordenar os esforços entre os governos para cuidar das vidas. Foram mais de 2400 salvamentos feito pelo Corpo de Bombeiros. Desde sexta estamos na tentativa de salvar vidas. Também vamos resgatar os bens materiais logo em seguida, estamos em conversa sobre isso — afirmou o governador Eduardo Leite.

De acordo com o governador, já foi determinada a aprovação de planos para reconstruir estruturas danificadas. As secretarias da Educação e de Obras acompanham a situação de escolas e equipamentos públicos comprometidos para que as crianças não fiquem sem aula e a população consiga ter acesso a serviços públicos. O governo mapeia as áreas mais afetadas para prestar auxílio às famílias em vulnerabilidade.

A partir de amanhã as equipes técnicas da Defesa Civil estarão no estado para ajudar nos planos de trabalho, a fim de que os recursos possam ser liberados e investidos nas áreas mais necessitadas, conforme informado na coletiva pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da presidência, Paulo Pimenta.

— A orientação do presidente Lula é dar apoio aos estados e municípios para que eles tenham uma resposta rápida do governo federal — disse o ministro.

Um dos problemas apontados pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, para as fortes chuvas na região é o aumento de pessoas vivendo em áreas de risco e a instabilidade climática, devido a atuação do fenômeno El Niño.

— No Brasil, temos em torno de 14 mil lugares onde vivem 4 milhões de pessoas em área de alto e altíssimo risco. E por outro lado, temos o agravamento das mudanças climáticas. O El Niño indica que vai aumentar em 50% o índice pluviométrico e diminuir em 50% (as chuvas) no nordeste brasileiro. Por isso a mobilização precisa ser permanente — expicou.

35 municípios afetados

O primeiro caso, anunciado na manhã desta sexta, foi de um um homem de 23 anos que morreu após sofrer uma descarga elétrica no município de São Leopoldo.

Na mesma cidade, outro homem, que estava desparecido após ser arrastado, dentro do carro, pela enxurrada, foi localizado nesta tarde depois já sem vida. Em um boletim da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, por volta das 16h30, foi confirmado um terceiro óbito, no município de Maquiné.

Ao todo, 35 municípios atendidos estão sendo atendidos com registro de 2.330 desabrigados e 602 desalojados. Foram embarcadas 250 cestas básicas para apoio imediato à população, encaminhadas pela Secretaria de Assistência Social do Estado.

O governo do Rio Grande do sul informou que instalou um Grupo de Ações Coordenadas, envolvendo as Defesas Civis estadual e municipais, a Secretaria da Segurança Pública, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS) a Brigada Militar, a Secretaria de Assistência Social e outros órgãos públicos.

Em Novo Hamburgo, onde a quarta morte foi confirmada, as aulas nesta sexta-feira já haviam sido suspensas. A prefeitura já considera o volume de chuvas "histórico" e pede para que, quem puder, ajude com doações de colchões, cobertores, material de higiene pessoal e material de limpeza.


O Globo