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Equipe de Lula na agricultura tem investigados na Lava Jato



Integrante do grupo de transição, Katia Abreu apareceu na lista do departamento de propinas da Odebrecht.

Na esteira da equipe de transição de Luiz (PT), oito nomes foram escolhidos para dar sequência aos trabalhos que envolvem a agricultura e a pecuária. Geraldo Alckmin (PSB), eleito vice-presidente e escolhido para comandar a mudança de governo, divulgou a lista na quarta-feira 16.

O grupo responsável pelo setor em que o Brasil é destaque mundial é formado por quatro técnicos e quatro políticos, dois deles investigados pela Polícia Federal.

Ex-ministros da Agricultura

A senadora Katia Abreu (PP-TO) está entre os membros mais conhecidos. Produtora rural durante o governo de Dilma Rousseff (PT), a parlamentar chefiou o Ministério da Agricultura (2015-2016). Nas eleições de 2022, ela não conseguiu se reeleger para o Congresso.

Além disso, ela já figurou em outra lista: a planilha do departamento de operações estruturadas da Odebrecht, responsável pelo pagamento de propinas a políticos e funcionários públicos. De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, Katia era conhecida na empresa pelo codinome “Machado”. No decorrer da operação Lava Jato ela foi acusada de receber ilegalmente R$ 500 mil da construtora para ser usado na campanha eleitoral de 2014.

Na companhia da parlamentar, o deputado Neri Gueller (PP-MT), outro ex-ministro da Agricultura de Dilma, também integra o grupo de transição. Gueller chegou a ser preso durante uma fase da Lava Jato. Em razão das acusações, ele foi impedido de concorrer ao Senado por Mato Grosso em 2022.

Outros membros

No núcleo político também estão Joe Valle (PDT-DF), ex-deputado que não conseguiu se eleger para senador neste ano, e Carlos Favaro (PSD-MT), que chegou ao Senado depois da cassação de Selma Arruda (PSL-MT). A lista ainda inclui Evandro Gussi, advogado e ex-deputado federal pelo PV de São Paulo (2015-2019). Atualmente, ele preside a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Entre os técnicos do setor, também aparecem quadros como o engenheiro agrônomo Luiz Carlos Guedes Pinto. Ex-ministro da Agricultura (2006-2007), ele presidiu o conselho de administração da Companhia Nacional de Abastecimento (2004-2006) e foi membro do Grupo de Implantação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre outros cargos.

A Embrapa empresta ainda dois outros nomes. São eles: Silvio Crestana, professor de física que atuou como diretor-presidente da instituição entre 2005 e 2009, e Tatiana Deane de Abreu Sá, diretora-executiva da estatal de 2011 a 2015.

Ligada a causas ambientais, Tatiana assinou um manifestado a favor da candidatura de Lula durante as eleições de 2018. O documento também contou com o apoio de João Pedro Stédile, um dos fundadores do MST — grupo que promove invasões de terra.

Pouco representatividade

Apesar de conter oito membros, a lista da equipe de transição para a agricultura incluiu apenas um nome ligado a grande produção: Gussi, que preside a Unica. Representantes de associações dos produtores de soja, milho e a pecuária de corte, itens que geram os maiores faturamentos para o agronegócio do país, ficaram de fora do grupo.


Foto: José Cruz/Agência Brasil