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Bolsonaro rebate Arcebispo de Aparecida: "Antes só bandido tinha arma de fogo"



O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou defender o armamento da população e pautas negacionistas em relação à pandemia da Covid-19 na manhã desta quarta-feira (13). O discurso ocorreu no município paulista de Miracatu, a 138 km de São Paulo, e foi feito em resposta as afirmações do Arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, em missa no feriado de 12 de outubro. 



Em Aparecida, o religioso pregou: "vamos abraçar os nossos pobres e também nossas autoridades para que juntos construamos um Brasil pátria amada. E para ser pátria amada não pode ser pátria armada".



O arcebispo fez alertas sobre o armamento da população, o discurso de ódio e as notícias falsas e defendeu a ciência e a vacinação contra o coronavírus. No mesmo dia, Bolsonaro esteve no Santuário Nacional de Aparecida, onde foi recebido com aplausos e vaias e ouviu um sermão com referências à situação atual do país, incluindo o desemprego e a pandemia.



Já nesta quarta, em seu discurso, Bolsonaro disse que respeitava a opinião do religioso, mas afirmou que antes no Brasil "só bandido tinha arma de fogo".​



— Respeito os bispos, respeito a todos que tenham uma posição diferente da minha. Não é porque quando eu não quero uma coisa, eu acho que ninguém pode ter o direito de querê-lo. Nós devemos nos preocupar com a nossa liberdade, o bem maior de uma nação. Sem liberdade, não há vida. Mais importante que a própria vida, é a liberdade — disse.



Presidente volta a criticar governadores 


Quanto ao tema da crise de saúde decorrente da pandemia, que também foi objeto de críticas por parte de religiosos nas pregações em Aparecida, Bolsonaro voltou a atacar governadores e prefeitos que adotaram as medidas restritivas preconizadas por autoridades médicas.



— Talvez eu tenha sido o único chefe de Estado, do mundo todo, que teve a coragem de se insurgir contra essa política do "fique em casa", contra os fechamentos, contra o lockdown, contra medidas restritivas, e atualmente também contra a vacinação obrigatória — afirmou.



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Nesta quarta, Bolsonaro participou da cerimônia de entrega de títulos definitivos e provisórios de propriedade rural para famílias assentadas no estado. Antes do início do evento, o presidente, sem máscara e sem manter o distanciamento recomendado pelas autoridades da saúde, passou pela plateia para cumprimentar o público.



Também participaram da cerimônia a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, o secretário especial de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia, e o presidente do Incra, Geraldo Melo Filho. 



Irmão do presidente trabalha na prefeitura da cidade


O presidente visitou a cidade na qual o irmão dele, o comerciante Renato Bolsonaro, atua como chefe de gabinete do prefeito, Vinícius Brandão de Queiroz, conhecido como Vinícius do Iraque (PL). Renato mora na cidade e tem lojas de móveis na região do Vale do Ribeira, a mais pobre do estado de São Paulo.



O irmão do presidente foi o principal cabo eleitoral de Vinícius do Iraque, eleito com 4.814 votos (45,17% do total apurado). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Miracatu tem cerca de 20 mil habitantes.



O prefeito discursou na cerimônia e afirmou que Jair Bolsonaro foi o primeiro presidente da República a visitar a cidade e participar de um evento no município. Sem poder sair candidato devido a restrições legais para a candidatura de parente direto do presidente da República, Renato Bolsonaro se tornou o grande nome da política do Vale do Ribeira, intermediando verbas federais para aliados das prefeituras locais.



Por Folhapress