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Ministério da Saúde não recomenda vacina a menores de 18 anos nem combinação de imunizantes



O Ministério da Saúde publicou na última sexta-feira (10) uma nova versão do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19 em que consta a não-recomendação da vacina contra covid-19 para menores de 18 anos. Além disso, a pasta também desaconselha a combinação de imunizantes de fornecedores distintos, prática que tem sido comum em alguns estados.


O documento de 105 páginas traz uma série de informações sobre o processo de imunização no Brasil, entre elas, práticas que não vêm sendo seguidas por estados e municípios, embora recomendadas amplamente por jornais e governos locais. A recomendação contraria outras orientações do próprio Ministério. A íntegra do documento pode ser acessada aqui.


Na página 41 do documento, no tópico “Erros de imunização e condutas recomendadas”, há a recomendação para que indivíduos menores de 18 anos não recebam nenhuma dose da vacina contra a Covid-19. O órgão orienta que pessoas nessa faixa etária vacinadas com a primeira dose não terminem o esquema vacinal.


“As vacinas covid-19 não estão indicadas para essa faixa etária, indivíduos que forem inadvertidamente vacinados deverão ter seus esquemas encerrados sem que sejam administradas doses adicionais”, diz o documento.


A nova recomendação do Ministério da Saúde ocorre depois que milhões de adolescentes já estão recebendo as vacinas contra a Covid-19, incentivada por abrangente campanha a favor da vacinação. De acordo com o LocalizaSUS, cerca de 1,8 milhões de indivíduos entre 12 e 17 anos receberam a primeira dose da vacina.


Por outro lado, o novo posicionamento do Ministério da Saúde contraria a própria posição manifestada pela pasta. No último dia 02 de setembro a pasta recomendou que a vacinação para adolescentes fosse iniciada na próxima quarta-feira (15) com o imunizante da Pfizer. A recomendação segue disponível no site do Ministério.


Pfizer x AstraZeneca

No documento publicado na última sexta-feira, o Ministério da Saúde também não recomenda que indivíduos recebam uma segunda dose de outro fornecedor. Se uma pessoa recebeu uma dose da Pfizer, a pasta reafirma que o indivíduo deve completar o esquema vacinal com o imunizante do mesmo fornecedor.


O Ministério também não recomenda a aplicação de uma dose adicional da vacina.


“Indivíduos que iniciaram a vacinação contra a covid-19 deverão completar o esquema com a mesma vacina. Indivíduos que, porventura, venham a ser vacinados de maneira inadvertida com duas vacinas diferentes deverão ser notificados como um erro de imunização no e-SUS Notifica (https://notifica.saude.gov.br) e serem acompanhados com relação ao desenvolvimento de eventos adversos e falhas vacinais. Neste momento, não se recomenda a administração de doses adicionais de vacinas covid-19”, diz o documento.


Apesar da recomendação do MS, já há cidades que estão ministrando a segunda dose com um imunizante de outro fornecedor. A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (13) que irá ministrar a segunda dose da vacina da Pfizer em indivíduos vacinados com a primeira dose da AstraZeneca.


A justificativa é a ausência de imunizantes da Fiocruz, que provocou atrasos no esquema vacinal de milhares de pessoas. Contudo, a Prefeitura da capital paulistana enfatizou que indivíduo vacinado com a AstraZeneca e aceitar receber uma segunda dose da Pfizer, deve assinar um termo de ciência.

Termo de consentimento para vacinação da segunda dose com imunizante diferente, em São Paulo. (Foto: Divulgação)

Experimento

Em agosto, a cidade de Toledo, interior do Paraná, foi escolhida pela farmacêutica norte-americana Pfizer como a cidade para fazer um polêmico experimento de vacinação em massa de adolescentes dos 12 aos 17 anos. Foi destinado uma remessa exclusiva de 35.173 doses do imunizante para a aplicação da primeira dose tanto na população adulta, acima de 18 anos, como em adolescentes de 12 a 17 anos.


“O estudo é de natureza observacional e busca analisar o comportamento do Sars-Cov-2 em uma cidade cuja população acima de 12 anos já iniciou a imunização com ao menos uma dose”, anunciou o governo paranaense.


Até o momento, quase 12 mil adolescentes entre 12 a 17 anos foram vacinados com uma dose da Pfizer em Toledo. Também nesta segunda, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou que adolescentes entre 14 e 15 anos começará na próxima quarta-feira (15).


Na capital federal, cerca de 11 mil adolescentes já foram vacinados com a primeira dose do imunizante.


Posicionamento

Procurado pelo BSM para explicar as razões da alteração de recomendação de vacinas para adolescentes, o Ministério da Saúde não atendeu as ligações da reportagem. O espaço segue aberto para mais esclarecimentos da pasta.


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