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Diretor da ALPB é sócio de empresa investigada em operação da PF por suposto esquema de corrupção



Um suposto esquema de corrupção envolvendo a Prefeitura de Gado Bravo e uma empresa de comunicação que tem como sócio o advogado Bruno Mouzinho Régis, diretor-geral da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), está na mira da justiça eleitoral e da Polícia Federal. Tanto que, na última terça-feira (24), uma operação da PF fez buscas e apreensões tanto na sede da prefeitura como na sede da Top Mídia Comunicação, que fica em Campina Grande.


Segundo investigações do Ministério Público Eleitoral da Paraíba (MPE-PB), a Top Mídia recebeu três parcelas de R$ 5 mil cada da Prefeitura de Gado Bravo poucos dias antes de transmitir a convenção partidária que confirmou o prefeito interino da cidade, Marcelo Paulino (PL), como candidato nas eleições complementares de setembro deste ano, marcadas pela Justiça Eleitoral depois que o prefeito eleito no ano passado foi barrado pela Lei da Filha Limpa.


A suspeita do MPE-PB, portanto, é que a empresa esteja recebendo da Prefeitura para trabalhar na campanha do candidato a prefeito, o que é ilegal e configura desvio de verba pública.


Relação próxima com o presidente da ALPB

O caso torna-se ainda mais grave, no entanto, depois que o blog Pleno Poder, do Jornal da Paraíba, revelou as relações próximas de Bruno Mouzinho Régis, que detém 30% da Top Mídia, com o deputado estadual Adriano Galdino, presidente da ALPB.

Além de Bruno ocupar o cargo de diretor-geral da Assembleia, com salário de R$ 23,1 mil, num cargo de confiança nomeado pelo próprio Galdino, o advogado tem outras relações políticas e financeiras com o parlamentar.

Bruno Mouzinho é diretor da ALPB — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Bruno Mouzinho é diretor da ALPB — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Bruno Mouzinho Régis, por exemplo, costuma fazer doações regulares a Galdino. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, ele doou, em 2016, R$ 10 mil para a campanha de Galdino à Prefeitura de Campina Grande. Dois anos depois, quando o deputado estadual foi candidato à reeleição, foram mais R$ 8 mil de doação.

Depois, Bruno é o presidente do Avante em Campina Grande, o mesmo partido que é comandado em nível estadual por Eliane Galdino, esposa de Adriano e prefeita de Pocinhos.

A mesma Top Mídia, inclusive, trabalhou na campanha de Eliane Galdino na disputa pela Prefeitura de Pocinhos em 2016 e em 2020. Na primeira, recebeu R$ 12,5 mil pelos serviços. Ano passado, um montante de R$ 20 mil, de acordo com dados do TSE.

Volume de recursos recebidos pela Top Mídia em campanha de 2020 — Foto:  (Reprodução/TSE)

Volume de recursos recebidos pela Top Mídia em campanha de 2020 — Foto: (Reprodução/TSE)

Aliás, recebimentos de candidatos, prefeitos e Prefeituras por parte da empresa de Bruno Mouzinho é uma prática nos últimos anos. Apenas em 2020, a Top Mídia trabalhou em 11 campanhas eleitorais municipais e arrecadou um total de R$ 115,5 mil pelos serviços.

Em 2018, a Top Mídia recebeu R$ 139 mil, incluindo aí R$ 34 mil do próprio Adriano Galdino, que foi reeleito para a Assembleia Legislativa. Dois anos antes, em 2016, a quantia foi bem menor: pouco mais de R$ 17 mil.

Em contratos firmados com prefeituras e câmaras municipais, os volumes são bem mais vultosos. De 2015 até 2021, de acordo com o Sagres do Tribunal de Conta do Estado da Paraíba, a empresa recebeu mais de R$ 705 mil de 12 prefeituras e três câmaras.

Prefeituras como a de Pocinhos, Areial, Itabaiana e Puxinanã mantém, atualmente, serviços de comunicação contratados com a empresa.

O que dizem as partes

O diretor-geral da Assembleia Legislativa do Estado, Bruno Mouzinho Régis, disse que nunca teve poder decisório sobre os negócios da Top Mídia. Ele ressaltou ainda que a empresa não é investigada e que apenas foi acionada pela Justiça para fornecer o contrato que fez.

Já a Top Mídia, em nota, disse que “atendeu a um mandado de busca e apreensão da Polícia Federal, que realiza operação de investigação na Prefeitura de Gado Bravo. A empresa disse que não teve nenhum bem apreendido e colaborou com as investigações entregando os contratos e notas fiscais por serviços prestados à Prefeitura, para o devido esclarecimento dos fatos”.

O procurador do município de Gado Bravo, André Motta de Almeida, nega qualquer tipo de irregularidade no contrato firmado entre a prefeitura e a empresa Top Mídia. Ele disse que o contrato é de abril, “quando sequer nós sabíamos quando ocorreria a eleição marcada para setembro”.

Da Redação com G1