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O Gulag ideológico; Por Erik Figueiredo



A argumentação política da esquerda preza, quase que exclusivamente, pela simplicidade. Não importa se a lógica e a razão forem deturpadas ou postas completamente à margem, a menor distância entre dois pontos será sempre caracterizada por uma luta entre opressores e oprimidos. Nessa batalha, a esquerda – o locus natural de toda virtude humana – estará sempre defendendo os direitos dos mais frágeis. Esse mecanismo de construção de “narrativas” pode, em grande parte, explicar o sucesso da agenda esquerdista. Não é difícil imaginar que, em algum momento, mesmo aqueles sem nenhuma posição no espectro político acabam defendendo uma posição com um viés canhoto.


Somado a isso, tem-se o mecanismo de seleção daqueles que militam nesses partidos. Via de regra, esses militantes são descritos com maestria pelo professor Olavo de Carvalho (A lógica da histeria: http://www.olavodecarvalho.org/logica-da-histeria/). Para Olavo, esses indivíduos costumam optar pela falsificação histérica da percepção. Em outras palavras, eles não crêem naquilo que vêem, mas naquilo que dizem e repetem. Usando as palavras do grande Marx, o Groucho, para os histéricos vale a máxima do: “vocês vão acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?”


A necessidade de um número expressivo de pessoas repetindo, sem pensar, as ideias formuladas por um grupo restrito de pensadores pode explicar o grande interesse da esquerda em ocupar espaços nas universidades e ser tão contrária a projetos como o “escola sem partido”. Afinal, nada mais fácil do que doutrinar criancinhas e contar com uma massa educada pelo método Paulo Freire.


Em contraponto, sou adepto da visão de que as ideias devem ser formuladas a partir de uma técnica, um método. Como costuma repetir o articulista norte americano Ben Shapiro “Actually, facts do care about your feelings”. Na maioria dos casos, nem é preciso ter uma vasta formação acadêmica para desconfiar do discurso fácil. Basta um breve exercício de lógica. Pretendo ilustrar isso usando dois argumentos muito usados pelo discurso falacioso da esquerda, quais sejam: a) a Suécia como um exemplo de sucesso do socialismo e; b) o embargo dos Estados Unidos a Cuba como o fator de explicação para a miséria do povo da ilha.


Vamos a eles:

Sabendo de uma viagem minha para Finlândia, um colega comentou: “Você vai para os países nórdicos? Então, conhecerá o socialismo que deu certo.” Fiquei com preguiça danada de contestá-lo no momento, mas hoje pretendo pontuar o que penso usando o exemplo da Suécia (pois há mais literatura tratando daquele país): 1) entre 1860 e 1932, a Suécia adotou um modelo liberal baseado no livre mercado e no investimento privado. Com isso, o país superou o subdesenvolvimento tornando-se a quinta nação mais rica do mundo (veja Assar Lindbeck, Swedish Economic Policy (London: Macmillan, 1975); 2) somado a isso, teve o fato do país não ter participado de nenhuma guerra; 3) a partir da década de 1930 o partido social democrata (algo parecido com o PT e o PSDB), assume o poder e passa a implantar as políticas de welfare state; 4) desde então, o país vem perdendo posições relativas entre as nações mais desenvolvidas e atualmente figura como a vigésima quinta mais rica (isso mesmo, perderam vinte posições) e; 5) diante disso, o governo passou a rever essas políticas. Em resumo, não há uma política socialista de sucesso. Muito pelo contrário, no caso sueco aplica-se a célebre frase de Margareth Thatcher que marcou o fim da Guerra Fria: “o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros”.


Com relação ao embargo, a lógica é bem mais simples. Uma das motivações da revolução cubana foi acabar com a relação “promíscua” entre o governo de Fulgencio Batista e os Estados Unidos. Pois bem, eles conseguiram. Agora, os mesmos que queriam acabar com a relação EUA-Cuba se queixam do final dela? Sinceramente, essa desculpa só não é pior do que a tese do golpe contra Dilma. Sendo assim, seria melhor considerar um exemplo presente na mídia, isto é, mais uma das n-éssimas glorificações do fracasso da eterna ilha de Fidel na mídia. O programa Cuba sobre rodas do Discovery Channel mostra que a frota de carros cubana estacionou na década de 1950. Por que isso aconteceu? Uma das teses mais aceitas é a dos efeitos deletérios do embargo dos EUA ao país. Mas será que essa tese resiste a um contrafactual simples? Vejamos, por conta do embargo norte americano, os cubanos não podem comprar um Dodge Charge ou um Mustang. Se isso é verdade, por que então eles não usam seus fartos recursos monetários, oriundos da prosperidade da ilha do Fidel, para importar Ferraris e Lamborghinis da Itália? A resposta é simples, porque a população cubana é extremamente pobre. Eles são pobres por conta de um regime socialista totalitário, não por causa do embargo.


Em resumo, as argumentações políticas da esquerda são desprovidas de sentido. Aqueles que não percebem isso o fazem por não dedicarem um minuto de seu tempo para refletir sobre o que dizem ou; por se caracterizarem nas categorias de militantes apresentadas no início do artigo. Pensem, reflitam. Libertem-se do Gulag ideológico!



Por Erik Figueiredo