Segundo Flávia Neves,Professora de português, revisora e lexicógrafa nascida no Rio de Janeiro e licenciada pela Escola Superior de Educação do Porto, em Portugal e que atua nas áreas da Didática e da Pedagogia, o uso de pleonasmos no dia a dia é muito comum. Por hábito ou por desconhecimento, são transmitidas mensagens redundantes, ou seja, mensagens com repetição desnecessária de ideias.
Várias
expressões usadas com frequência pelos falantes são consideradas vícios de
linguagem. Vale a pena conhecê-las:
“Adiar para depois”
Diga
apenas: adiar
O
verbo adiar indica o ato de marcar um determinado compromisso ou evento para
outra hora ou outro dia, ou seja, para um momento posterior. Não é, assim,
necessário o uso do advérbio depois.
Errado:
Vamos adiar a data da entrega dos trabalhos para depois.
Certo:
Vamos adiar a data da entrega dos trabalhos.
“Pequenos detalhes”
Diga
apenas: detalhes
Não é
necessária a junção do adjetivo pequeno à palavra detalhes porque a palavra
detalhes já indica um pequeno elemento, como um pormenor, uma particularidade,
uma minudência.
Errado:
Isto são pequenos detalhes que não interessam para nada.
Certo:
Isto são detalhes que não interessam para nada.
“Conclusão final”
Diga
apenas: conclusão
Conclusão
é sinônimo de final, sendo assim redundante a utilização das duas palavras.
Conclusão indica término, fim, finalização.
Errado:
A conclusão final do trabalho estava bem estruturada.
Certo:
A conclusão do trabalho estava bem estruturada.
“Encarar de frente”
Diga
apenas: encarar
O
verbo encarar, sozinho, indica o ato de olhar de frente, sendo sinônimo de
enfrentar. Assim, não há a necessidade do uso da palavra frente.
Errado:
Vou encarar esse problema de frente e vou resolver tudo rapidamente.
Certo:
Vou encarar esse problema e vou resolver tudo rapidamente.
“Consenso geral”
Diga
apenas: consenso
O
substantivo consenso é usado para indicar que há unanimidade de ideias e
opiniões. Não se deve, então, usar o adjetivo geral por ser desnecessário.
Errado:
Para que a medida avance, é necessário que haja consenso geral.
Certo:
Para que a medida avance, é necessário que haja consenso.
“Repetir de novo”
Diga
apenas: repetir
O
verbo repetir indica já o ato de voltar a fazer alguma coisa. Logo, as
expressões repetir de novo e repetir outra vez são redundantes.
Errado:
Foi tão divertido! Temos de repetir de novo!
Certo:
Foi tão divertido! Temos de repetir!
“Certeza absoluta”
Diga
apenas: certeza
Embora
muito usada com intuito enfático, essa expressão é redundante, uma vez que o
substantivo certeza já significa convicção e segurança plena e total, indicando
indubitabilidade.
Errado:
Você tem a certeza absoluta de que isso aconteceu assim?
Certo:
Você tem a certeza de que isso aconteceu assim?
“Há muitos anos atrás”
Diga
apenas: há muitos anos
O
verbo haver, conjugado como verbo impessoal, na 3.ª pessoa do singular, indica
tempo decorrido. Não é, assim, necessário o uso do advérbio atrás para indicar
passado.
Errado:
Isso aconteceu há muitos anos atrás.
Certo:
Isso aconteceu há muitos anos.
Eu,
sinceramente, ainda hoje vejo professores cometendo os mais absurdos erros
ortográficos e gramaticais, o que compromete o futuro das nossas crianças.
Por
outro lado, bom desses desastres é que existem crianças com QI elevado e que
aprendem em seus lares, com os pais, irmãos mais velhos e acabam se tornando
grandes escritores, pois o senso crítico desperta nelas, o afã pelo saber.
Viva
a nossa língua portuguesa (e os pleonasmos)
Por Ângelo
Leite
Bacharel
em Administração e ex-auditor da Transbrasil S/A Linhas Aéreas.