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Atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga é ouvido na CPI da Pandemia; assista

 

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia de Covid-19 recebe agora o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para tratar da aquisição e distribuição de vacinas contra o novo coronavírus e do planejamento da imunização para o próximo ano. Ainda nesta quinta-feira (6), à tarde, será a vez de Antonio Barra Torres, diretor da Agência de Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ser ouvido.

Resumo da CPI da Pandemia:

Ministro diz que faltou fortalecer o SUS antes da pandemia

Queiroga afirmou que o Brasil deveria ter fortalecido o Sistema Único de Saúde (SUS) antes da pandemia do novo coronavírus para evitar o colapso, como visto em algumas regiões, e também para diminuir o número de vítimas da doença.

"Os senhores sabem as condições que o SUS estava o sistema antes dessa pandemia: Unidades de Terapia Intensiva (UTI) lotadas, dificuldades nos pronto-atendimentos, problemas com médicos especialistas. Isso é o que faltou, sobretudo para atender pacientes com síndromes respiratórias agudas graves", disse Queiroga, ao ser pressionado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). 

Antes, ele havia dito que não tinha uma resposta exata para essa situação porque a crise atual é causada por um "vírus com uma imprevisibilidade extrema, que tem capacidade de mutações".

Queiroga defende vacinação como saída para a crise

Em sua intervenção inicial, antes dos questionamentos de Renan, Queiroga defendeu que as vacinas são a solução para o fim da pandemia.

“Entendo que minha participação aqui visa buscar, sim, soluções para o enfrentamento eficaz deste problema. E destaco que a solução que temos para a pandemia é a campanha de vacinação. Precisamos vacinar nossa população”, afirmou o ministro.

“A vacina contra Covid é uma resposta de ciência. Nunca, em tão pouco tempo, tivemos vacinas eficazes para combater uma doença viral como a Covid – os senhores sabem as dificuldades com a dengue,  que ainda não temos uma vacina específica”, completou.

Ele disse ainda que o Brasil é, reconhecidamente um país com competência para vacinar sua população e elogiou o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), principais produtores nacionais de vacinas.

"Claro que só tenho pouco mais de 40 dias à frente do Ministério da Saúde e não tenho condições de me ater a todos os detalhes de um ministério extremamente complexo, como é o da Saúde, e que nessa condição sanitária é foco de todos os brasileiros", afirmou.

Por fim, o ministro defendeu que não se deve aprofundar as divergências no país, mas sim construir consensos para que o Brasil possa sair da pandemia de Covid-19.

"É dever do ministério da saúde proteger o Sistema Único de Saúde (SUS), um patrimônio de cada um dos 220 milhões de brasileiros, e deve ser o compromisso de qualquer cidadão que assume o Ministério da Saúde. Gostaria de pedir aos senadores um voto de confiança para que nosso trabalho no Ministério da Saúde possa ser continuado e aprimorado."

Randolfe não descarta convocar filhos de Bolsonaro

Pouco antes do início da sessão da CPI nesta quinta-feira, o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou, em entrevista à CNN, que o requerimento para convocar os filhos do presidente Jair Bolsonaro à CPI já está pronto, mas ainda será discutido se há motivos para eles serem chamados a depor.

"O requerimento está pronto, mas vamos analisar a conveniência porque não existe nada de pessoal contra o presidente ou contra qualquer um dos filhos dele. Temos que encontrar se existem mais elementos que nos levem a participação deles nesse chamado gabinete paralelo", disse Randolfe.

"Por mais que o vereador no Rio de Janeiro se dedique mais a um gabinete de ódio e fake news, atacando notadamente os membros desta CPI, por mais que cada um de nós pudéssemos ter razão particular, não seremos levados pelo fígado", completou, se referindo a Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Convocação feita por vários senadores

Até então, a CPI da Pandemia não havia se debruçado sobre os imunizantes contra a Covid-19, uma vez que não haviam vacinas desenvolvidas quando os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que já foram ouvidos pelos senadores, ocuparam o cargo.

Queiroga está à frente do Ministério desde 23 de março deste ano. O médico cardiologista assumiu o cargo com o desafio de chefiar a pasta no pior momento da pandemia no país, quando se somavam cerca de 300 mil mortes no Brasil – atualmente, são 414.399 vítima da pandemia.

A participação do atual titular da pasta atende quatro requerimentos de convocação, de autoria do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), do vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Eduardo Girão (Podemos-CE).

Para Randolfe, a constante troca de ministros da Saúde em meio à pandemia é, por si só, um enorme problema para a gestão do Ministério.

“Só foi possível chegar a essa situação catastrófica por conta dos inúmeros e sucessivos erros e omissões do governo no enfrentamento da pandemia da covid-19 no Brasil. O senhor Marcelo Queiroga pode ajudar esta comissão parlamentar de inquérito a elucidar se o Brasil segue no mesmo caminho de erros nesta tragédia que vivemos”, afirmou o senador, em sua justificativa para ouvir o ministro.

 ministro da Saúde, Marcelo Queiroga
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, compareceu ao Senado para depor na CPI da Pandemia
Foto: Reprodução/CNN Brasil (6.mai.2021)

Depoimento do diretor da Anvisa

Também nesta quinta, a partir das 14h, deve prestar depoimento na CPI o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.

O foco deste depoimento devem ser os processos de liberação de imunizantes contra a Covid-19, assim como o recente processo que culminou com a negativa do registro da vacina russa Sputnik V.

Assim como os senadores Alessandro, Girão, Randolfe e Renan, Angelo Coronel (PSD-BA) também endossa a autoria dos requerimentos de convocação do diretor-presidente da Anvisa.

Segundo o senador baiano, a presença de Barra Torres é necessária para entender os motivos pelos quais o imunizante russo foi recusado pela agência.

"O processo que levou à não liberação pela Anvisa da vacina Sputnik V, produzida pelo laboratório russo Gamaleya, foi envolto em polêmicas e supostas pressões de ambos os lados. Tal processo merece ser apreciado por esta CPI e por isso é imperiosa a convocação do diretor-presidente da Anvisa, senhor Antônio Barra Torres, para que explique os procedimentos da Agência neste processo", afirmou Coronel no requerimento.

Contra-almirante e também formado em medicina, Barra Torres está no primeiro mandato como diretor-presidente da agência, cargo que assumiu em novembro de 2020 e no qual pode permanecer até dezembro de 2024.


(Com informações de Renato Barcellos, da CNN, em São Paulo, e da Agência Senado)