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‘Covid longa’ deixa mais de 50 sintomas em 80% dos infectados pela doença; entenda a síndrome

A relações públicas Rosana Duda sofre com queda de cabelo intensa, dificuldade para respirar, palpitação, náusea e falta de atenção desde o fim de novembro, quando foi diagnosticada com Covid-19. Três meses depois, os sintomas mais comuns da doença, como a febre, foram embora — mas a preocupação é latente. “Até hoje tenho dificuldades pra respirar. Sabe quando você vai dormir e o nariz entope? Só durmo se colocar remédio. Nunca tive isso. A dificuldade de atenção também apareceu e ficou em um grau muito grande. Não consigo ler um livro, escrever textos longos como escrevia.”

Em janeiro, um artigo de um estudo que analisa mais de 50 sintomas da Covid-19 a longo prazo foi pré-publicado por pesquisadores dos EUA, México e Suécia. De acordo com a publicação, as reações relatadas por Rosana e muitas outras pessoas podem ser sinal de uma doença ainda sem nome que acomete cerca de 80% dos infectados pelo coronavírus. Por enquanto ela é chamada de Covid longa ou Síndrome Pós-Covid. Quase 50 mil pacientes foram analisados e os sintomas mais comuns relatados foram fadiga (58%), dor de cabeça (44%), distúrbio de atenção (27%), queda de cabelo (25%) e dispneia (24%). Entre outros menos comuns estão ansiedade (13%), depressão (12%), zumbido no ouvido (15%), insuficiência cardíaca (11%) e problemas digestivos (12%).

No último dia 26 de janeiro, a Organização Mundial da Saúde emitiu uma nova diretriz que afirma que, nesta síndrome, as pessoas se recuperam da Covid-19 e continuam a ter problemas relacionados à doença. “Compreender essa condição é uma das áreas de trabalho prioritárias da OMS. Em fevereiro de 2021, a OMS organizará uma série de consultas para chegar a um consenso sobre a descrição desta condição e seus subtipos e definições de casos. Esse entendimento científico informará o nome da doença. As consultas incluirão uma ampla gama de partes interessas, incluindo grupos de pacientes”, diz o comunicado.

No caso da Rosana, ela procurou médicos especialistas para tratar os problemas separadamente. “Passei na médica porque notei que o banheiro e a casa inteira tinham muito cabelo no chão. Está caindo de encher a mão quando passa. Marquei médico para semana que vem e vou fazer um check-up para ver se está tudo bem, se preciso tomar vitaminas.” Uma outra decisão dela foi adotar as aulas de muay thai para tentar aliviar a ansiedade, que também contribui para as palpitações. No Brasil, um estudo do Instituto do Coração da FMUSP (InCor) tem mostrado que a Covid-19 deixa disfunções cognitivas em 80% dos pacientes. Os resultados mostram que oito a cada dez pessoas ficaram com dificuldade de concentração ou atenção, perda de memória ou dificuldade para se lembrar das coisas. Além disso, foram verificados problemas de compreensão, entendimento e raciocínio. O equilíbrio também pode ser afetado. Todas essas consequências são preocupantes porque impactam diretamente na rotina de quem é ativo, podendo levar à depressão, ansiedade, angústia e agressividade.



Por Camila Corsini