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PF cita ex-deputado Domingos Brazão (ex-MDB) como possível mandante da morte de Marielle

O ex-deputado estadual Domingos Brazão (ex-MDB) é citado como um dos “possíveis mandantes” do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) em inquérito da Polícia Federal que investiga se houve obstrução à Justiça na apuração do crime, ocorrido em março de 2018.

A informação foi revelada pelo portal UOL. A PF também investiga o trabalho da Polícia Civil no caso, em meio a suspeitas de que haveria ações para desviar o foco da força-tarefa. De acordo com o portal, até o momento pesava contra Brazão a suspeita de plantar uma testemunha para incriminar o vereador Marcelo Siciliano (PHS).


Em maio do ano passado, o policial Rodrigo Jorge Ferreira foi à polícia contar que havia entreouvido em um restaurante uma conversa em que Siciliano e Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica, chefe miliciano na Zona Oeste carioca, planejavam o assassinato de Marielle por causa da atuação dela em áreas de influência deles. Os dois negaram; a certa altura, Orlando acusou a Polícia Civil de tentar tirar dele uma confissão por meio de ameaças. Em fevereiro, Ferreira voltou atrás, disse que tinha inventado tudo e reforçou a tese de que havia interessados em atrapalhar a investigação.

Desde novembro a PF faz uma “investigação da investigação” do caso Marielle para saber de quem partiu a ordem de perturbar a apuração do crime, e, assim, evitar que se chegue aos verdadeiros mandantes. Na segunda feira 11, Brazão esteve espontaneamente na sede da corporação para esclarecer, segundo ele, o motivo de ter sido alvo de um mandato de busca e apreensão no mês passado.

A família Brazão disputa votos com Siciliano na Zona Oeste. E os responsáveis por dar destaque à testemunha que mentiu sobre o envolvimento de Siciliano no crime são um delegado e um policial que já trabalharam com Brazão. A VEJA, após passar cerca de cerca de três horas na PF, Brazão se disse tranquilo. “Como agente público, meu maior interesse é que o crime seja esclarecido. Não tem nada disso de desavença com quem quer que se seja”, desconversou.

PROPINA
Conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Brazão também é acusado de receber propina de empresários para não fiscalizar obras e uso de verba pública do governo do Rio.

A defesa de Brazão afirma que “seu cliente nega qualquer envolvimento nas mortes de Marielle e Anderson” e que o ex-deputado colocou à disposição da Justiça seus sigilos bancários, fiscal e telefônico.

No Carnaval, Siciliano disse a VEJA que era vítima de uma “covardia”. “Não encontrei a família da Marielle aqui [na Marquês de Sapucaí], mas eles não acreditam nessa história. Eles mesmo disseram que querem a verdade, e não um culpado qualquer. A verdadeira resposta desse crime vai aparecer e eu vou voltar a ter paz, assim como a família dela. Tentaram fazer uma covardia comigo” declarou, antes de desfilar pela Portela.


Por VEJA