Ricardo Coutinho (PSB) tem defendido mais investimentos no Nordeste e a permanência da presidenta Dilma Rousseff (PT) até o final do mandato. O governador começou a vida política no PT, onde conseguiu seus primeiros mandatos de vereador e deputado estadual.
Em 2004 saiu do partido e filiou-se ao PSB para disputar a Prefeitura de João Pessoa.
Esteve a frente da administração municipal por dois mandatos com avaliação positiva de quase 80%, de onde saiu para disputar o governo do estado com o apoio do hoje adversário político Cássio Cunha Lima (PSDB).
Em 2014, rompeu com Cássio e disputou contra o ex-aliado uma campanha acirrada. Venceu no segundo turno. Hoje, Coutinho mostra força dentro do PSB e começa a deslocar a força do partido de Pernambuco para a Paraíba. Dentro do PSB é uma das vozes contra uma possível aliança com o PSDB de Geraldo Alckmin para 2018. Entre as especulações, há quem aposte no paraibano como candidato socialista ao Palácio do Planalto.
Confira um trecho da entrevista exclusiva, veiculada na edição 106 da Revista Nordeste:
Revista NORDESTE: O PSDB encabeça, com Aécio Neves, um movimento de desestabilização e de impeachment. Como o senhor vê essa insistência de não respeitar o resultado das eleições?
Coutinho: Eu acho que primeiro o PSDB não tem unidade em torno dessa estratégia. Segundo, eles querem no mínimo ontinuar a paralisar o país durante três anos visando uma eleição futura. Porque eles sabem que seria profundamente traumático, sem ter nada concretamente contra a presidente, entrar em uma de propor e conseguir o impedimento. Seria traumático, porque quem derruba por um lado, daqui a três meses não resolvendo a crise, poderia ser derrubado de outro. Não existe impeachment de impopularidade.
É preciso um fator concreto, um fator determinante, que no caso específico não existe. Pode-se dizer: Mas as pedaladas. As pedaladas aconteceram em outro mandato. Se houvesse alguma condenação serviria como inelegibilidade, mas ela continuaria a exercer o seu mandato. Não há um impedimento.
O que me choca e me preocupa é a paralisia do país. O ano não começou para o Brasil, nós estamos vivendo 2014 ainda. O governo não consegue ter uma estratégia para poder dizer: Vamos por aqui. O governo teria que sinalizar com algo que gerasse confiança para aliados e não aliados que defendem o estado de direito.
NORDESTE: O governo recuou de um projeto da recriação da CPMF. Há quem considere a presidenta um pouco frágil. Qual é a sua leitura crítica sobre esse descompasso.? O que falta a ela neste momento?
Coutinho: Falta coerência do governo. O governo perde cada vez mais a sua base social, porque não consegue dialogar com a base social em termos concretos. Não adianta fazer diálogo de boca, mas o principal, a política mãe de todas as políticas, que é a política econômica, não deve, vamos dizer assim, quebrar o setor produtivo. E ao quebrar o setor produtivo quebra o próprio governo do ponto de vista da receita, e quebra os estados e municípios.
NORDESTE: O PSB tem gerado um movimento de pacto com o PSDB. Mas o senhor tem se mostrado contra. Qual é a sua projeção para os próximos tempos, sabendo que o PSB de São Paulo e Rio Grande do Sul terminam manipulando pró-PSDB. Qual o futuro para o partido?
Coutinho: Eu não faço criminalização de alianças, desde que ela seja feita em torno de um projeto político. O projeto precisa ser muito claro. O PSB sempre foi detentor de uma postura e pensamento dentro do campo da esquerda democrática. O PSB tem que ter a ousadia de continuar a perseguir, para o país, um projeto de nação que dialogue com o presente, mas fundamentalmente, dialogue lá na frente com duas ou três gerações adiante.
Acesse a edição 106 da NORDESTE e leia a entrevista com o governador da Paraíba na íntegra. A partir de amanhã a revista também estará disponível em formato digital para Smartphones e iPads. O download será gratuito.
Entrevista por Walter Santos
Revista Nordeste