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Crianças morrem no Iêmen por falta de ajuda humana

As crianças iemenitas estão morrendo de fome e doenças enquanto caminhões com suprimentos de ajuda estão bloqueados no porto, deixando equipes médicas e mães desesperados implorando para que os agentes humanitários façam mais, disse uma autoridade de alto escalão da Organização das Nações Unidas (ONU).

Geert Cappelaere, diretor de Oriente Médio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), descreveu cenas “de partir o coração” de crianças em hospitais na cidade portuária de Hodeidah e na capital Sanaa, ambas controladas por insurgentes houthis.


Segundo a ONU, cerca de 14 milhões de pessoas, ou metade da população do Iêmen, podem estar à beira de um surto de fome em breve.

Já existem 1,8 milhão de crianças iemenitas desnutridas, mais de 400 mil delas sofrendo de desnutrição grave, uma enfermidade que as deixa em estado esquelético e correndo risco de morte, disse Cappelaere.

“Mas há mais. Muitas crianças estão morrendo de doenças evitáveis por vacinas. Hoje não mais do que 40% das crianças de todo o Iêmen estão sendo vacinadas.”

Sarampo, cólera e difteria podem ser mortais para crianças, especialmente as de menos de 5 anos, e são exacerbados pela desnutrição.

“Por causa desta guerra brutal, por causa de obstáculos e obstruções sendo criados, infelizmente não é possível fazer mais”, afirmou Cappelaere.

“Podemos ainda não estar no nível de um surto de fome, mas não deveríamos esperar até termos declarado um surto de fome para reagir e pressionar as partes do conflito a acabar com esta guerra insensata.”

Martin Griffiths, enviado da ONU, pretende convocar conversas de paz neste mês com o objetivo de um cessar-fogo na guerra de três anos e meio, na qual se enfrentam o governo iemenita apoiado por uma coalizão liderada pelos sauditas e os insurgentes houthis aliados do Irã.

No momento em que Cappelaere falava as forças da coalizão se preparavam para um ataque em Hodeidah.

Sete caminhões de equipamentos médicos e remédios que podem salvar vidas estão aguardando liberação no porto de Hodeidah há duas semanas desde que foram descarregados, disse Cappelaere.


G1