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Doria anuncia apoio a Bolsonaro e diz que críticas do PSDB foram parte de 'campanha dura'

Isolado na frente da disputa e no segundo turno contra Márcio França (PSB) na disputa pelo governo paulista, João Doria (PSDB) anunciou na noite deste domingo (7) que apoiará Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência.

Ele deu entrevista coletiva no início da noite no Clube Homs, na avenida Paulista. "A partir de amanhã às 7h30 serei um guerreiro intransigente contra o PT. Nós vamos apoiar Jair Bolsonaro", disse.

Doria afirmou que as críticas a Jair Bolsonaro foram parte de "campanha dura" e afirmou não apoiar maus tratos a mulheres. A afirmação foi feita em resposta a pergunta da Folha sobre propaganda tucana que mostrava Bolsonaro maltratando mulheres.


"Não apoio maus tratos a ninguém, sobretudo às mulheres", disse. "O fato de o PSDB ter feito no plano nacional campanha ou ter colocado na sua propaganda eleitoral medidas contrárias ao Bolsonaro eu entendo como parte de uma campanha dura difícil".

O tucano disse que, além do antipetismo, a questão econômica é um dos pontos de convergência com Bolsonaro. "A proposta econômica do candidato Bolsonaro elaborada pelo economista Paulo Guedes é muito bem estruturada, defendendo o liberalismo, os mesmos princípios que defendo aqui em São Paulo", disse. 

Doria afirmou que o apoio a Bolsonaro é seu, não do PSDB, e que será feito com objetivo de barrar a vitória do PT.

Em discurso voltado a correligionários ele também elogiou Geraldo Alckmin, derrotado na eleição presidencial, a quem definiu como "um guerreiro". "Sempre será um grande líder do PSDB", disse.

Doria também atacou Márcio França, a quem chamou de "Márcio Cuba" e definiu como um genérico do PT. Ele tenta trazer à disputa de SP a mesma polarização nacional, entre PT e antipetismo.

O tucano também fez acenos a Paulo Skaf (MDB), com quem diz que tem relações pessoais e cordiais​. "A partir de amanhã de manhã, não só o cumprimentarei como também desejaremos ter o apoio do MDB", disse. Ele disse que conversará com Skaf, enquanto o PSDB conversará com o MDB.

Durante a campanha, Doria fez ataques a Skaf por fazer parte do partido do presidente Michel Temer (MDB). 

CAMPANHA 
O maior tempo de TV e número de palanques nos municípios não foram suficientes para Doria liquidar a fatura no primeiro turno, como sua equipe imaginava inicialmente. Desde 2002, um candidato tucano não precisa disputar o segundo turno na briga pelo governo no estado de São Paulo. 

A situação se deve, em parte, ao fato de Doria não ter conseguido diminuir o alto índice de rejeição —um efeito do abandono da prefeitura da capital paulista para concorrer ao governo. Durante a campanha, a taxa subiu de 32% a 38%, segundo pesquisa Datafolha de sábado (6). 

O tucano também tentava se descolar do presidenciável de seu partido, Geraldo Alckmin, e fazia acenos ao eleitor de Bolsonaro. Ele prometeu criar dezenas de batalhões padrão Rota e, no fim da corrida, até disse que a polícia atiraria para matar em confrontos. 

Só faltava mesmo oficializar o apoio ao militar, o que fez agora.



Por Artur Rodrigues / folha.uol.com.br