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Dólar dispara, passa de R$ 4 e paraibano vai sentir no bolso

A cotação do dólar fechou nessa segunda-feira (20) em R$ 3,95, continuou crescendo nesta terça-feira (21) e fechou um pouco acima dos R$ 4. No valor real para o consumidor paraibano, contudo, que compra a moeda norte-americana em casas de câmbio, o preço já varia entre R$ 4,22 e R$ 4,26. 

Em cartões pré-pagos, em que já está incluído o Imposto de Operações Financeiras (IOF), o valor pode chegar a R$ 4,46, disparado um dos mais altos dos últimos anos.


A situação já é bastante preocupante. De acordo com o economista e consultor financeiro Cláudio Rocha, essa situação deve perdurar pelo menos até o fim de outubro, enquanto persistirem as indefinições quanto à corrida eleitoral para a Presidência da República.

Por telefone ao Portal Correio, Cláudio Rocha explicou que a corrida eleitoral e, mais do que isso, as incertezas sobre quem deverá vencer o pleito para presidente, podem ser consideradas “fatores preponderantes” para toda essa instabilidade. “Os investidores sempre recuam quando não sabem o que esperar do Governo Federal. Com a falta de dólar no mercado, o preço dispara”, destaca. Ponderando, logo em seguida, que o próprio mercado internacional também colabora com os altos valores atuais.

Na verdade, a alta da moeda é fruto de uma série de fatores. Porém, o cenário se torna mais delicado no Brasil por causa das incertezas eleitorais. Ainda de acordo com Cláudio Rocha, por exemplo, o aumento de juros do Tesouro norte-americano, que é considerado o mais seguro do mundo, também faz com que aqueles que investiam no Brasil mudem de foco e prefiram investir nos Estados Unidos.

“Um dos grandes problemas do Brasil, em resumo, é que existem pouquíssimos investidores internacionais que aplicam no longo prazo. A grande maioria do pessoal que vem de fora, ao contrário, prefere investir no curto prazo. Estão hoje aqui e amanhã não estão mais. Em momentos de incertezas como o atual, eles preferem esperar para evitar riscos”, prosseguiu.

Com a alta do dólar, a propósito, sofrem variações nos preços todos os produtos que são considerados “commodities”, ou seja, os bens primários, e que têm preços atrelados ao dólar. Vão desde café, até minério de ferro e petróleo. Para além disso, o trigo é outro item que aumenta bastante, já que 50% do produto consumido no país é importado de Argentina, Canadá e Estados Unidos.

Logo, o aumento não afeta apenas quem precisa comprar dólar. “No fim das contas, de forma mais direta no bolso do consumidor, devemos ter aumento no combustível, no café e até no pãozinho”, pontuou ainda Cláudio Rocha.

Exportações

O economista Cláudio Rocha, que foi consultado pela reportagem, destacou também que os exportadores são os únicos que têm o que comemorar com a alta do dólar, já que passam a comercializar seus produtos com ágio.

“Numa alta como essa, por exemplo, se pegarmos a bolsa de valores como parâmetro, caem as ações de empresas importadoras e pipocam as ações de empresas que exportam mais”, explica.

No cenário nacional, pois, ganha principalmente o setor agrícola brasileiro, considerado o maior produtor de grãos do mundo. Já no cenário paraibano, segundo dados do primeiro semestre de 2018, se beneficiam principalmente os setores de calçados de borracha, cana de açúcar e tecidos de algodão.

“O dólar é como se fosse uma mercadoria e funciona dentro da lei da oferta e da procura. Quando o dólar some do mercado, o preço sobe. É o que estamos vendo no Brasil. Isso é bom para os exportadores, mas só eles ganham com isso. Só depois que as eleições passarem, a depender do que o eleito vai dizer para acalmar o mercado, é que deveremos ter alguma possível mudança de cenário”, concluiu o economista e consultor.


Da Redação