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'Consumidor paga mais', diz economista após greve de caminhoneiros

Chegaram ao fim, na última quarta-feira (30), as manifestações e bloqueios de estradas pelos caminhoneiros em toda a Paraíba. A falta de produtos nas prateleiras, vias interditadas e a falta de combustíveis eram situações em todo o país durante a greve. 

Mas, apesar do fim das paralisações, os impactos na economia continuam sendo sentidos. Esse impacto já é sentido principalmente pelo consumidor de renda mais baixa, que está pagando mais caro pelos produtos básicos. 


O economista Fernando Chagas compara a economia como um organismo vivo que é formado por diversos setores. “Os transportes estão na base da economia, já que mais de 85% de todo o transporte brasileiro é feito por rodovias. Então a greve afetou quase a totalidade dos setores”, explica Fernando. “O setor de proteína animal está calculando um prejuízo em R$ 6 bilhões. Esses valores serão repassados ao consumidor, através do aumento de preço dos produtos”, exemplifica.

Segundo Fernando, outro segmento que está sendo prejudicado diretamente pelos efeitos da ‘crise do Diesel’ é o segundo setor, também conhecido por ‘setor produtivo’ por transformar a matéria prima em produtos de consumo. Ele sofre com a redução da produção e das vendas nesses últimos dias. O produto final chega, então, às prateleiras com um valor extorsivo.

O economista Alysson André acredita que neste segundo trimestre o impacto será forte, mas tende a se dissipar até o fim do ano, caso não ocorra nenhum outro choque sobre a economia. Ele disse que o consumidor com renda mais baixa é o que sente mais. “Os impactos são preços mais elevados neste primeiro momento, com tendência de queda, mas dificilmente os preços retornarão aos patamares anteriores, pois costumam ser flexíveis na alta, mas resistentes à baixa”, explica.

Direitos do consumidor

“O Procon está fazendo a verdadeira dança do crioulo doido”, brinca o secretário do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-JP), Helton Renê. “A gente já sabe que a sociedade está sentindo. O que a gente consegue alcançar, a gente trabalha para normalizar. É um prejuízo que não tem mais retorno, o consumidor vai ter que engolir, mas é uma situação passageira”, esclarece o secretário.

O Procon-JP orienta que o consumidor fique atento ao preço e se negue a comprar em caso de preços abusivos, ou fazer a substituição por outro produto. “É viável substituir, pois é passageiro e nos demais casos o aumento é extorsivo”, orienta Helton.

O consumidor pode colaborar com o trabalho do Procon através da denúncia dos casos de valores extorsivos no mercado. O contato deve ser feito pelo telefone  0800 83 2015 ou pelo WhatsApp (83) 9 9139-2284.

Redução de impostos

O governador Ricardo Coutinho, durante solenidade do Projeto Acolher, no último dia 23 de maio, negou a possibilidade de baixar impostos no Estado. Fernando Chagas afirma que a economia do Estado é sensível e frágil diante de qualquer mudança. “Se o governador fosse abrir mão de 1% do ICMS, já iria gerar uma deficiência na receita e essa arrecadação teria que compensar em outro setor”, explica o economista, justificando a decisão do governador.



Por Lorena Alencar