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Enquete: 85,5% são a favor da greve dos caminhoneiros

A greve dos caminhoneiros chegou ao oitavo dia nesta segunda-feira (28) e, ao que parece, está tendo apoio da população. Pelo menos é o que aponta uma enquete realizada pelo o Portal Correio. 

No levantamento, 85,5% dos votantes, o que representa 1.846 votos, afirmaram apoiar a greve. Já 14,4% (313 votos) são contra a paralisação. A votação começou na última sexta-feira (25). Acompanhe mais abaixo um resumo de como começou a greve dos caminhoneiros e o que dizem as autoridades.


Na quarta-feira (23), moradores do bairro José Américo, em João Pessoa. Eles decidiram fechar a Avenida Hilton Souto Maior, em frente à igreja católica do bairro. Nas redes sociais, muitos comentários eram de apoio aos caminhoneiros. As duas vias da avenida principal foram interditadas pelos moradores que atearam fogo em pneus e pedaços de madeiras. “Não somos caminhoneiros, somos pais de famílias. Precisamos protestar pela João Pessoa melhor, um país justo, pela nossa família, nossos filhos, pra nós. Cidadão vem pra rua e protesta também”, disse Windesson, líder do movimento.

Alguns leitores do Portal Correio também se manifestaram a favor da greve. Muitos dedicaram mensagens de forças aos caminhoneiros. “Parabéns! Força! O Brasil está com vocês guerreiros! Já não basta ficar longe da família, sofrerem violência e roubo de cargas,comerem e dormirem mal e ainda ter que pagar esse preço do diesel que consome mais de 40 por cento da renda do caminhoneiro”, afirmou Lucy Fia Pereira.

Nesse domingo (27), o presidente Michel Temer cedeu e decidiu congelar por 60 dias a redução do preço do diesel na bomba em R$ 0,46 por litro. A título de comparação, o presidente disse que esse desconto equivale a zerar as alíquotas da Cide e do PIS/Cofins. Os representantes dos caminhoneiros autônomos não aceitaram o congelamento do diesel por apenas 30 dias, como havia sido inicialmente proposto.

O governo federal concordou ainda em eliminar a cobrança do pedágio dos eixos suspensos dos caminhões em todo o país, além de estabelecer um valor mínimo para o frete rodoviário. Essas determinações deverão constar em medidas provisórias a serem publicadas em edição extra no Diário Oficial da União. A expectativa do Palácio do Planalto é que a paralisação, que já dura sete dias e causa enormes prejuízos e transtornos em todo o país, termine logo.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou nesta segunda-feira (28), em entrevista coletiva, que o reajuste de preços de combustíveis será feito inicialmente daqui a 60 dias e depois, mensalmente. Ele negou risco de prejuízos para a Petrobras, que terá liberdade total para fixar a política de preços. As informações são da Agência Brasil.

A medida, porém, parecem não ter agradado muito aos caminhoneiros que estão mobilizados no estado. Pelo menos foi o que disse o presidente do Sindicato dos Condutores e Empregados em Empresas de Transporte de Combustíveis Produtos Perigosos e Derivados de Petróleo no Estado da Paraíba (Sindconpetro-PB), Hermerson Galdino, em contato com o Portal Correio, nesta segunda-feira (28).

O presidente do Sindconpetro-PB disse que a redução proposta pelo governo federal de baixar o preço do diesel por apenas 60 dias não resolve a situação. Segundo ele, isso pode ser uma forma de desmobilizar o movimento para depois reajustar novamente o preço do produto. “Vamos ficar mobilizados o tempo que for necessário para garantir que o governo resolva essa situação. Enquanto não surgir uma proposta que atenda nossa categoria a greve não irá acabar”, disse.

Hermeson também reiterou que o protesto dos caminhoneiros está sendo feito de forma pacífica e ordeira e não aceita vandalismos. Ele também agradeceu o apoio da população, que tem ajudado com a doação de mantimentos para os manfiestantes. “Precisamos do apoio do povo para que se incorpore ao movimento, pois o preço da gasolina também tem que baixar”, arrematou.

Opinião dos parlamentares

Alguns deputados analisaram as repercussões dos protestos e da greve e focaram pronunciamentos à respeito da insatisfação popular com o reajuste dos preços. Para o deputado federal Benjamin Maranhão (MDB), o preço dos combustíveis chegou a um “patamar insuportável”. Mesmo sendo do partido do presidente Michel Temer, o emedebista discorda da decisão do presidente e defende que a redução da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) seja uma realidade não apenas em relação ao óleo diesel, mas também para gasolina. Ele destacou ainda que uma solução para essa alta na gasolina seria baratear o etanol e assim os motoristas teriam mais uma opção para abastecer os carros.

O deputado estadual Anísio Maia (PT) criticou a proposta do governo Temer de zerar a Cide apenas no diesel, que representaria uma redução de somente 6% por litro, contra 56% de aumento nos últimos meses. O petista debateu em plenário a crise de abastecimento de combustíveis a partir do protesto de caminhoneiros em todo o país. A partir de dados divulgados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), o parlamentar afirmou que a política de preço da Petrobras, na gestão do governo Temer e presidida pelo tucano Pedro Parente, é a responsável pelos constantes aumentos de preço.

O deputado estadual Janduhy Carneiro (Patriota) salientou que os aumentos constantes no preço dos combustíveis e dos impostos vem causando prejuízo aos trabalhadores. “Nós não conseguimos entender como em menos de 20 dias há quatro aumentos dos preços dos combustíveis. Exportamos gasolina do Brasil para o Paraguai, mas o preço lá gira em torno de R$ 2,49, enquanto no Brasil, pagamos até R$ 4,50 podendo chegar aos R$ 5. Não é possível que nós tenhamos uma gasolina tão cara. Cabe ao governo, em caráter de urgência, reduzir esses impostos que estão embutidos no preço dos combustíveis no nosso país. Isso penaliza, sobretudo, os assalariados”, lamentou, falando ainda que enquanto aumentam os impostos, os salários de várias categorias estão congelados há anos.

O deputado estadual Tovar Correia Lima (PSDB) lançou um desafio ao governador Ricardo Coutinho e sugeriu nesta sexta-feira (25) que ele adote a mesma posição do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, que anunciou, em acordo com os caminhoneiros, uma redução no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do diesel de 16% para 12%.

“O governador Ricardo Coutinho vive propagando aos quatro cantos que a Paraíba é o estado mais equilibrado do Brasil, então chegou a hora de converter esse equilíbrio financeiro em benefícios para o povo, que clama por redução no preço dos combustíveis. Ricardo poderia reduzir a taxa do ICMS para todos os combustíveis”, destacou Tovar.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) permanece em Brasília nesta sexta-feira (25) articulando solução para o problema da crise dos combustíveis. Porém o tucano argumentou que os estados também têm responsabilidade sobre esta crise, em função do aumento na carga tributária sobre os combustíveis. “No meu estado, mais de 40% dos preços dos combustíveis dizem respeito a impostos, incluindo o ICMS”, indicou.

Cássio fez uma convocação a todos os senadores pedindo a presença dos parlamentares em Brasília nesta sexta-feira (25), para tratar de projetos que permitam a redução dos impostos dos combustíveis.

Através das redes sociais, o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) rebateu o governador Ricardo Coutinho (PSB) e esclarecer que não tem obrigação de fazer a defesa do Governo Temer. Ele lembrou que votou favorável às duas denúncias contra o atual presidente. O parlamentar afirmou ainda que as críticas do socialista ao seu voto na Medida Provisória 795 devem ser por puro desconhecimento ou má fé. A MP estabeleceu ações de incentivo à exploração do petróleo no Brasil.

No plenário em Brasília, o deputado federal Wilson Filho (PTB) lamentou a atual situação de protestos e aproveitou para fazer um alerta pedindo atenção dos órgãos de defesa do consumidor para situações de abuso, que possam causar ainda mais prejuízos à população. “No meu Estado, a Paraíba, mais de 80% dos postos estão sem estoque de gasolina. E já há vários postos de gasolina agindo de má-fé, aumentando drasticamente os preços para prejudicar ainda mais os consumidores paraibanos. Alerto para isso e peço uma solução drástica daqueles que representam os consumidores do Estado da Paraíba, o PROCON e todas as autoridades que os representam”, concluiu.



Por Rammom Monte