No quinto mês de gravidez, a jornalista Lidiane Gonçalves ainda sente enjoos e tem vômitos quase que diários. Na fase mais crítica, chegava a tomar café da manhã três vezes, até conseguir fazer a comida permanecer no estômago.
Um tipo de quadro que precisa ser tratado com medicamentos. De acordo com especialistas em Obstetrícia, o não tratamento dos vômitos intensos pode resultar em problemas para saúde da mãe e do bebê, podendo chegar à morte fetal e abortos. Em casos com crises agudas pode ser necessário a internação da gestante para tratamento do enjoo.
O doutor em obstetrícia pela Unifesp e professor de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Antônio Cabral, explica o que a hiperêmese gravídica, que provoca este quadro, provoca no corpo da mulher e, por consequência, no feto. "As gestantes com hiperêmese podem ter perda acentuada de peso (mais de 20% do peso pré-gestacional), desidratação e alterações metabólicas, que levam à piora do estado geral, com repercussões importantes para a mãe e para o feto, necessitando de internação hospitalar”, explica.
Lidiane não chegou a ser internada para tratar os sintomas, mas logo nas primeiras semanas começou a usar medicação, para amenizar as crises de vômito. "Atualmente as crises são menos frequentes mas, já no quinto mês, ainda tenho enjôos com vômitos. Normalmente isso acaba quando a gestação completa três meses. Mas há casos em que a mulher fica a gestação interna enjoando. Talvez eu seja um desses", disse.
Os riscos da hiperêmese são graves, podendo chegar à morte do bebê. Segundo o obstetra Otávio Pinho, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a desidratação, perda de peso e nutrientes no organismo, em consequência dos vômitos, podem provocar abortos, partos prematuros e complicações no quadro geral da saúde da mãe e da criança.
Pré-natal
Para o médico Otávio Pinho, não há como prever ou prevenir a hiperêmese. "Na obstetrícia podemos dizer que há um estado de alerta que dura nove meses. Tudo depende muito de como a mulher está, se ela tem alguma doença pré-existente ou alguma predisposição. Não há como estabelecer sinais um parâmetros para o início de uma hiperêmese. Por isso a maneira mais importante de evitar maiores problemas é o pré-natal. A grávida precisa estar sendo acompanhada, precisa conversar com o médico", alertou.
Hiperêmese gravídica - sinais que sugerem
▶ Vomitar várias vezes por dia
▶ Vomitar praticamente sempre que bebe ou come alguma coisa
▶ Estar emagrecendo
▶ Estar desidratada
▶ Não conseguir usar medicamentos porque os vômitos não permitem
Fatores de risco
▶ Gravidez de mais de um bebê
▶ Ter mãe ou irmã que já tiveram hiperemese.
▶ Já ter sofrido de hiperemese numa gravidez anterior.
▶ Sofrer de enxaquecas ou de enjoos quando anda de carro, avião ou barco.
▶ Estar acima do peso no início da gestação.
▶ Ter histórico de náusea com anticoncepcionais com estrogênio na composição.
Dicas para evitar enjôos em situação normal
▶ Evitar comidas ou odores que façam sentir náuseas
▶ Consumir alimentos mais frios ou em temperatura ambiente
▶ Fazer refeições pequenas e em curtos intervalos de tempo
▶ Comer biscoito água e sal antes de levantar da cama
▶ Evitar ingestão de líquido logo após acordar
▶ Manter um lanche sempre à mão
▶ Se manter bem hidratada
▶ Evitar alimentos gordurosos
▶ Evitar deitar logo após comer
Dr. Pedro Pinheiro