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O que é Transtorno Bipolar, sintomas, tratamento, tem cura?

O que é Transtorno Bipolar?

O Transtorno Afetivo Bipolar, também conhecido como transtorno bipolar ou depressão maníaca, é uma doença mental grave caracterizada por alterações extremas do humor, configurando episódios de mania e depressão

No contexto psiquiátrico, mania significa um estado de humor exaltado, no qual a pessoa se sente muito bem independente do que acontece ao seu redor.

As oscilações de humor são comuns em nossas vidas e, em geral, não caracterizam uma condição psiquiátrica.
O que diferencia as pessoas bipolares é que essas oscilações são mais intensas, duram mais tempo e são capazes de afetar padrões de sono e energia, assim como desestabilizar a estrutura familiar e as diversas relações dos pacientes. Além disso, enquanto a maior parte das pessoas experienciam mudanças no humor devido a acontecimentos em suas vidas, as oscilações dos pacientes bipolares ocorrem sem motivo aparente.
O transtorno se manifesta, geralmente, durante o final da adolescência e o começo da vida adulta. Entretanto, existem casos em que a doença começa a se desenvolver já na infância, durante a adolescência ou até mesmo após entrar na terceira idade. Ainda não existe uma cura definitiva para a condição e, por isso, ela tende a durar a vida inteira. Entretanto, é possível mantê-la controlada através de um tratamento adequado.
As primeiras manifestações da doença podem ser tanto através de episódios maníacos quanto de episódios depressivos, além de também haver a possibilidade de sintomas psicóticos nos quais a pessoa perde o contato com a realidade e pode ser acometida por delírios e alucinações.
O mecanismo da oscilação não parece obedecer alguma lógica e, por isso, uma pessoa que saiu de um episódio depressivo não necessariamente entra em um episódio maníaco logo em seguida. É possível que o paciente tenha um episódio depressivo e, após um período normal, outro episódio depressivo.

Índice neste artigo você irá encontrar as seguintes informações:

  1. O que é Transtorno Bipolar?
  2. Natureza dos episódios
  3. Tipos de Bipolaridade
  4. Causas e fatores de risco
  5. Sintomas do Transtorno Bipolar
  6. Diagnóstico
  7. Comorbidades
  8. Transtorno Bipolar tem cura? Qual o tratamento?
  9. Como conviver
  10. Complicações
  11. Prevenção

Natureza dos episódios

Em geral, as pessoas acreditam que os pacientes bipolares passam por episódios de alegria e tristeza. Na verdade, existem episódios diferentes, com sintomas diferentes, que podem ser encaixados no espectro bipolar.
  • Mania: A mania é um estado no qual a pessoa se encontra eufórica e mais irritadiça. Pode vir acompanhada de sintomas psicóticos e atrapalhar o dia-a-dia do paciente.
  • Hipomania: Caracterizada também pela euforia e irritação, porém não há a presença de sintomas psicóticos e o paciente não fica incapacitado de trabalhar ou estudar.
  • Depressão: Pode ser muito parecido com a depressão maior, na qual a pessoa sente uma tristeza profunda e sem motivo aparente, podendo incapacitar o paciente, ou pode ser mais parecido com a distimia, tipo de depressão no qual o paciente sente uma tristeza crônica, mas não o impossibilita de realizar suas atividades habituais, mesmo que não veja sentido para tal.
Algumas pessoas podem ter mais episódios de hipomania do que mania propriamente dita, assim como outros encaram episódios de distimia ao invés de depressão.

Tipos de Bipolaridade

O transtorno pode ser classificado em quatro grupos, de acordo com os padrões das oscilações de humor. São eles:

Bipolar tipo I

Há a predominância de episódios maníacos, que duram entre 7 dias e 6 meses, ou de sintomas maníacos tão severos que levam o paciente ao internamento em uma clínica psiquiátrica. Já os episódios depressivos duram pelo menos 2 semanas, mas são mais raros que os episódios maníacos. Podem ocorrer episódios mistos, onde a pessoa tem pensamentos depressivos ao mesmo tempo em que sente energia e disposição para fazer suas atividades.

Bipolar tipo II

Predominância de episódios depressivos, com incidência de episódios hipomaníacos, ou seja, episódios de uma espécie de mania mais leve, que não impede que a pessoa trabalhe ou estude, sem sintomas psicóticos. Entretanto, a atenção durante os episódios depressivos deve ser redobrada.

Ciclotimia

Caracterizado pela presença oscilante de sintomas depressivos e de hipomania durante um período de pelo menos 2 anos. Entretanto, os sintomas não são o suficiente para configurar episódios depressivos ou hipomaníacos propriamente ditos.

Transtorno Bipolar não especificado

São os casos nos quais os sintomas não se encaixam nos critérios dos tipos I ou II. Isso porque os sintomas não duram tempo o suficiente, ou há poucos sintomas para se ter certeza do diagnóstico. Podem haver episódios hipomaníacos de curta duração (menos de 4 dias), ciclos rápidos — quando as oscilações ocorrem em menos de uma semana —, recorrência de estados mistos atípicos, entre outros.

Causas e fatores de risco

Assim como diversas outras condições psiquiátricas, é difícil traçar uma só causa que desencadeia o Transtorno Afetivo Bipolar. Existem evidências de que há tanto causas genéticas quanto causas psicossociais.

Genética e histórico familiar

Especialistas sugerem que a genética tenha alguma ligação com o desenvolvimento da doença, mas estudos em gêmeos idênticos mostraram que nem sempre os dois chegam a desenvolver a doença.
Entretanto, continua sendo um fato de que a maior parte das pessoas acometidas pelo transtorno bipolar tem a doença no histórico familiar.

Estrutura e funcionamento cerebral

Há estudos que revelam que os cérebros de pacientes bipolares possuem algumas alterações se comparados aos cérebros de pessoas saudáveis ou com outros transtornos psiquiátricos. As diferenças podem ser tanto físicas quanto químicas, relacionadas aos neurotransmissores.

Abuso de substâncias

A utilização de substâncias como álcool, tabaco e outras drogas ilícitas pode causar confusão mental e desencadear diversos comportamentos e sentimentos característicos dos episódios de mania ou depressão. Enquanto o uso em si não é capaz de causar a doença, certamente ajuda a torná-la mais evidente em quem já tem predisposição para desenvolvê-la.

Fatores ambientais

Outros fatores de risco que estão relacionados não apenas à bipolaridade, mas a outros transtornos também, são os fatores ambientais e as experiências traumáticas. Em ambientes carregados de conflitos e situações que podem gerar traumas, as emoções e pensamentos facilmente se tornam confusas, o que pode auxiliar no desenvolvimento do transtorno bipolar.

Sintomas do Transtorno Bipolar

Os sintomas do transtorno bipolar estão concentrados nos episódios de mania e depressão. Estes episódios não apenas mexem com o emocional, como também alteram padrões de sono, a energia e disposição dos pacientes.
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Episódios de Mania

Nos episódios de mania, o paciente:
  • Sente alegria ou energia intensa, se sente “nas nuvens”, capaz de qualquer coisa;
  • Possui muita energia e disposição para realizar diversas atividades;
  • Realiza mais atividades do que o normal, às vezes até mais do que consegue dar conta;
  • Tem problemas para dormir — dorme pouco e sente-se muito elétrico, sem necessidade de descansar;
  • Fala rapidamente e com intensidade, muda de assunto com muita rapidez e facilidade;
  • Demonstra agitação, irritação ou sensibilidade ao que os outros dizem ou fazem — pode ter comportamento agressivo;
  • Sente seus pensamentos passando rápido por sua mente;
  • Acredita ser capaz de fazer muitas coisas de uma só vez;
  • Apresenta impulsividade e falta de juízo;
  • Engaja-se em atividade arriscadas como sexo de risco, gastar dinheiro compulsivamente, entre outros;
  • Pode ter sintomas psicóticos, pensar que é alguém importante como um político ou acreditar que tem super poderes.

Episódios de Depressão

Durante os períodos baixos, nos episódios de depressão, o paciente:
  • Sente-se para baixo, triste, vazio e sem esperanças;
  • Não tem muita energia e disposição para as atividades diárias;
  • Encontra problemas para dormir — pode dormir mais ou menos do que o recomendado;
  • Sente que não consegue apreciar nada, perde interesse em atividades que antes lhe davam prazer;
  • Deixa de frequentar eventos sociais e perde interesse em interagir com outras pessoas;
  • Pode ter sentimentos de preocupação, culpa, se sentir inútil e sem valor;
  • Tem problemas para se concentrar e tomar decisões;
  • Esquece as coisas, tem a memória afetada;
  • Come demais ou pouco;
  • Sente cansaço ou moleza, pode sentir dores pelo corpo;
  • Tem pensamentos sobre a morte ou suicídio;
  • Pode apresentar sintomas psicóticos, como acreditar que cometeu algum crime ou que é uma pessoa muito ruim ou um fardo para os outros, enquanto nada disso é verdade.

Episódios atípicos ou mistos

Há também a possibilidade de que o paciente tenha sentimentos característicos da mania e da depressão ao mesmo tempo. Pode se sentir mal, sem esperanças, ao mesmo tempo em que se sente com energia e disposto a continuar realizando diversas atividades.
Muitas vezes, os próprios bipolares não percebem as mudanças no humor, e podem sentir como se estivesse tudo bem. No entanto, os amigos, familiares e colegas de trabalho podem perceber as alterações no humor e na maneira de realizar as atividades. Isso é importante pois eles podem ser os primeiros a desconfiar que tem algo de errado com o paciente, o que auxilia no diagnóstico.

Sintomas em crianças e adolescentes

Em crianças e adolescentes, os episódios podem se manifestar de maneiras diferentes.

Em um episódio maníaco, crianças e adolescentes podem:

  • Sentir-se muito felizes e alegres, fazer bobagens e brincadeiras que não costumam fazer ou que as outras crianças e adolescentes não fazem;
  • Ter temperamento explosivo;
  • Falar muito rápido sobre muitas coisas;
  • Ter problemas para dormir, mas não sentir cansaço;
  • Ter problemas em se concentrar;
  • Fazer coisas arriscadas;
  • No caso dos adolescentes, podem falar e pensar em sexo com mais frequência.

Já em episódios depressivos, eles podem:

  • Sentir-se triste sem motivos;
  • Reclamar de dores com frequência, como, por exemplo, dores de cabeça ou de estômago;
  • Dormir muito ou pouco;
  • Sentir culpa ou sentir como se não valessem nada;
  • Comer demais ou pouco;
  • Ter pouca energia e perder o interesse em atividades divertidas;
  • No caso dos adolescentes, pode haver pensamentos sobre a morte e suicídio.
As crianças podem ter comportamento agressivo quando seus pais negam alguma coisa. Esse comportamento pode durar por horas. Elas também podem demonstrar felicidade fazendo brincadeiras que estão fora de seu comportamento usual.
Adolescentes podem ter problemas na escola como notas baixas, suspensões por brigas ou usos de drogas, deixar de participar de atividades extracurriculares, além de se envolver em sexo de risco e apresentar comportamento ou intenções suicidas.
É de extrema importância que os pais estejam atentos a esses comportamentos, para que a criança ou adolescente seja diagnosticada e tratada o mais rápido possível, evitando pioras no desenvolvimento da doença.

Diagnóstico

Para um diagnóstico correto, é preciso que seja feito por um profissional da saúde mental (psiquiatra ou psicólogo), que pode requisitar exames para descartar a possibilidade de outras doenças que podem ter sintomas parecidos, como o hipertireoidismo.
O profissional também pode requisitar um apanhado geral da vida da pessoa, pedir que conte sua história, pois os tipos de bipolaridade podem ser facilmente confundidos com outras doenças caso não haja uma análise dos episódios anteriores. O tipo I pode ser facilmente confundido com esquizofrenia, enquanto o tipo II pode ser diagnosticado como depressão, caso o profissional não esteja ciente dos episódios de hipomania precedentes.
A maior parte dos pacientes procuram ajuda quando estão tendo um episódio depressivo, não quando estão se sentindo bem como se sentem com a mania ou hipomania. Por isso, o profissional deve ser cuidadoso para não diagnosticar o paciente erroneamente.
Para diagnosticar o Transtorno Afetivo Bipolar, o profissional deve, primeiramente, verificar a presença dos episódios maníacos e depressivos. Os critérios para identificar esses episódios estão presentes no Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais — 5ª edição (DSM-5).

Diagnóstico de episódio maníaco

É preciso a presença de pelo menos 3 dos seguintes sintomas por no mínimo uma semana:
  • Autoestima elevada: Sentimento de grandiosidade e intenso bem estar com si mesmo;
  • Necessidade de sono diminuída: Sente-se pronto para o trabalho depois de apenas poucas horas de sono;
  • Verborragia: Falar mais, mais rápido e mais alto que o habitual;
  • Fuga de ideias: Pensamentos acelerados e incontroláveis que resultam em dificuldade de se expressar com clareza e esquecendo-se rapidamente de ideias e assuntos anteriores;
  • Facilmente distraído: Atenção constantemente desviada para estímulos externos, resultando em muitos trabalhos concomitantes e incompletos;
  • Inquietude: Gera aumento no número de atividades feitas no trabalho ou escola;
  • Impulsividade: Falta de autocontrole, impaciência e ansiedade;
  • Comportamentos de risco: Correr mais riscos que o usual, como por exemplo, dirigir perigosamente, consumir álcool em excesso, usar drogas ilícitas, não usar preservativo, gastar as economias…

Diagnóstico de episódio de hipomania

A hipomania é classificada quando existem pelo menos três sintomas de mania, porém:
  • A mudança de humor e funcionamento deve ser diferente da característica e suficiente para ser perceptível por outras pessoas;
  • Não é suficientemente grave para causar dificuldade considerável no trabalho, na escola ou em atividades sociais ou relacionamentos;
  • Não requer hospitalização nem provoca perda de contato com a realidade;
  • Os sintomas não são causados por drogas, toxinas ou outra condição médica.

Diagnóstico de episódio depressivo

Para diagnosticar um episódio depressivo, é preciso que haja pelo menos 5 dos sintomas abaixo durante 2 semanas ou mais, incluindo estado deprimido ou anedonia:
  • Estado deprimido: sentir-se deprimido a maior parte do tempo ou triste;
  • Anedonia: interesse diminuído ou perda de prazer para realizar as atividades de rotina;
  • Sensação de inutilidade;
  • Culpa excessiva;
  • Dificuldade de concentração: habilidade frequentemente diminuída para pensar e concentrar-se;
  • Fadiga: cansaço excessivo, falta de energia;
  • Distúrbios do sono: insônia ou hipersônia praticamente diárias;
  • Distúrbio psicomotor: Agitação ou lentidão cognitiva e motora;
  • Distúrbio alimentar: Perda ou ganho significativo de peso, na ausência de regime alimentar;
  • Ideação suicida: Ideias recorrentes de morte ou suicídio.
No caso de distimia, é necessária a presença de 3 a 4 sintomas por pelo menos 2 anos consecutivos. Para diagnóstico de bipolar essa fase não pode ter sido causada por luto, drogas ou outra doença.

Comorbidades

Existem diversas doenças que podem aparecer juntamente com o transtorno bipolar, inclusive algumas que podem sobrepor os sintomas e atrapalhar o tratamento do transtorno. Por isso, é importante que essas comorbidades sejam tratadas também. Algumas dessas doenças são o transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e abuso de substâncias (dependência química).
Além disso, pessoas bipolares tem riscos maiores de desenvolver algumas doenças físicas, como problemas na tireóide, enxaquecadoenças cardiovascularesdiabetesobesidade, entre outros.

Transtorno Bipolar tem cura? Qual o tratamento?

Até o presente momento, não é conhecida uma cura para o Transtorno Afetivo Bipolar. Todavia, a doença pode ser controlada através de tratamento adequado, assim como diversos transtornos mentais.
Por ser uma doença causada por fatores biopsicossociais, o tratamento geralmente é feito através de medicamentos e psicoterapia. É de extrema importância que o paciente também esteja inserido em um ambiente saudável, com pessoas que o apoiam e tentam ajudar na sua melhora.
O tratamento em adultos é o mesmo em crianças e adolescentes, porém é preciso que os pais ou responsáveis estejam atentos e, em caso de efeitos colaterais, avisem o médico responsável.

Tratamento medicamentoso

O tratamento medicamentoso é geralmente feito com estabilizadores de humor, antidepressivos, antipsicóticos e, em casos de urgência, tranquilizantes. Os remédios devem ser prescritos por um profissional da saúde mental e o tratamento não deve ser descontinuado sem o consentimento do profissional.
Por ser uma doença que dura a vida inteira e pode se tornar invisível (hibernar) durante alguns meses ou anos, há o risco de que pacientes que se sintam bem e acreditem estarem curados e, por isso, pararem de tomar os remédios sem que o médico tenha ciência. É preciso que o profissional explique que a bipolaridade é uma doença crônica e o tratamento é para a vida toda, podendo sofrer alterações e ajustes de acordo com as necessidades do paciente.
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Quais medicamentos serão prescritos depende muito do estado do paciente. O mais comum é começar com estabilizadores de humor, para evitar as oscilações. Se necessário, pode haver a prescrição de antidepressivos algumas semanas após o estabilizador de humor. Em geral, não é comum que seja prescrito um antidepressivo sem o estabilizador, pois seu uso exclusivo poderia desencadear um episódio de mania.
A curto prazo, o efeito dos remédios só é sentido a partir de 2 semanas de uso, podendo se estender para 4 semanas caso ainda não haja resultados significativos. Após a estabilização (melhora completa) do paciente, é preciso ajustar o tratamento para a fase de manutenção. Neste caso, é possível que haja diminuição das doses ou até mesmo troca completa de medicamento. É preciso que o paciente continue tomando o que é prescrito, pois apesar de se sentir bem, a doença está apenas controlada, não totalmente curada.
Antes da prescrição, o médico precisa saber todos os medicamentos que o paciente faz uso regular, mesmo que não sejam relacionados à saúde mental, incluindo medicamentos sem prescrição, suplementos naturais e terapias alternativas. Isso porque alguns medicamentos e ativos podem interagir com outros, cancelando resultados ou potencializando efeitos colaterais perigosos.

Estabilizadores de humor

Os estabilizadores de humor podem ser facilmente apontados como os remédios mais importantes no tratamento do transtorno bipolar, pois são os que auxiliam o controle do processo de ciclagem (oscilações), evitando episódios maníacos ou depressivos.
Alguns medicamentos a serem usados como estabilizadores são:
É interessante notar que, fora o Carbonato de Lítio, os estabilizadores de humor também são usados como anticonvulsivantes no tratamento da epilepsia.

Antidepressivos

Os antidepressivos são, em geral, prescritos durante episódios depressivos. Devem ser usados em conjunto com os estabilizadores de humor, para evitar o desencadeamento de episódios maníacos.
Alguns antidepressivos usados são:

Antipsicóticos

Os antipsicóticos são usados por ter efeito antimaníaco e antipsicóticos, ou seja, auxiliam no controle de sintomas como alucinações e delírios.
Alguns antipsicóticos usados são:

Tranquilizantes

Os tranquilizantes devem ser usados apenas durante crises, enquanto os estabilizadores de humor ainda não fizerem efeito. Alguns exemplos são:
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas nesse site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.

Terapias físicas

Eletroconvulsoterapia (ECT)

Usada em casos extremos, a eletroconvulsoterapia é um dos tratamento mais eficazes nos episódios de mania ou depressão muito severos. Auxilia na prevenção da exaustão, em pacientes com mania, ou do suicídio em pacientes depressivos.
Raramente usado, esse tipo de terapia pode servir como último recurso quando os remédios não fazem efeito, ou quando há excesso de efeitos colaterais. Também é usado em pacientes grávidas, uma vez que várias das medicações podem afetar o desenvolvimento do feto.
A eletroconvulsoterapia consiste na passagem de corrente elétrica de alta voltagem sobre a região temporal, o que provoca uma convulsão que dura alguns segundos, enquanto o paciente está anestesiado. Esta técnica é usada porque é eficaz no equilíbrio de alguns neurotransmissores diretamente ligados ao transtorno, como a serotonina, dopamina, noradrenalina e glutamato.
Em geral, são feitas entre 2 e 3 sessões por semana até que o paciente esteja melhor. As sessões são realizadas enquanto o paciente está sedado por uma anestesia geral rápida, e tem duração entre 5 e 10 minutos. O paciente não sente qualquer desconforto ou dor e tem alta no mesmo dia.
Esta técnica, que parece ultrapassada e cruel, pode ser muito eficaz e segura se aplicada da maneira correta. Caso o paciente tenha dúvidas, é aconselhado tirá-las diretamente com o profissional que irá aplicá-la, pois ele poderá esclarecer melhor e ajudar a acalmar o paciente.

Estimulação magnética transcraniana (EMT)

A EMT é uma técnica que usa pulsos magnéticos para estimular as células do cérebro que estão envolvidas no controle e regulação das emoções e do humor, podendo auxiliar na depressão.
Trata-se de uma técnica segura e não invasiva que tem duração de cerca de 6 semanas, com 5 sessões por semana.

Psicoterapia

A psicoterapia é essencial para o melhoramento e controle da bipolaridade, uma vez que a exposição aos sentimentos e dificuldades provocados pela doença podem desestabilizar o paciente ainda mais. Nesses casos, a psicoterapia ajuda o paciente a manter-se forte, lidar com eventuais recaídas e também fazer com que o paciente não desista do tratamento.
Existem diversos tipos de terapias que podem ajudar, algumas delas são:

Terapia cognitivo comportamental

Este tipo de terapia foca em encontrar as crenças e padrões de pensamento que não são saudáveis e prejudicam o paciente, e substituí-los por crenças e pensamentos positivos. Desta maneira, ajuda o paciente a compreender fatores que desencadeiam episódios, assim como ensina a lidar melhor com o estresse e situações que podem provocar emoções intensas.

Orientação psicoeducacional

Esta terapia é voltada para o conhecimento da doença em si, na qual o paciente aprende mais sobre o transtorno bipolar e, com isso, pode reconhecer melhor os sintomas em si mesmo, o que pode ajudar o profissional da saúde mental a prescrever o tratamento mais adequado. Quanto mais informação a família e os amigos tiverem, mais facilita o reconhecimento de quando o paciente está passando por um episódio, ajudando-os a reagir da melhor maneira à situação.
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Terapia de ritmo interpessoal e social

Do inglês Interpersonal and Social Rhythm Therapy, esta terapia é focada na estabilização dos ritmos e padrões, estabelecendo uma rotina equilibrada para o paciente. Essa terapia atua no controle do sono, das refeições, dietas e exercícios, que pode ajudar o paciente a encontrar maior estabilidade também para suas emoções.

Outras terapias

Algumas outras terapias que podem beneficiar não apenas o paciente, mas também familiares e amigos, são: terapia familiar e terapia conjugal (terapia de casal). É importante que as pessoas próximas do paciente estejam cientes da doença, compreendam como funciona e sejam tratados também, pois as emoções e oscilações de humor dos indivíduos bipolares podem prejudicar também as relações interpessoais.

Como conviver

O Transtorno Afetivo Bipolar pode ser difícil de lidar tanto para o portador quanto para os amigos e familiares. Por isso, algumas medidas devem ser tomadas para conviver com a doença durante o período de tratamento mais intenso, assim como após o controle, durante a manutenção.
O paciente deve se ajudar comprometendo-se ao tratamento e tomando os medicamentos na hora certa. Lembre-se de que o tratamento é para a vida toda e não pode ser parado quando o paciente se sentir bem ou quando achar que não está fazendo efeito mesmo que já tenha passado anos desde o início do tratamento. No caso do tratamento ter perdido a eficácia, é preciso informar o médico e pedir ajustes.
Manter uma rotina estabelecida de sono e refeições pode ajudar o paciente a controlar a doença. Também é recomendado que o paciente se abstenha do consumo de álcool e outras substâncias, pois mexem diretamente no cérebro, podendo desencadear um novo episódio. É importante também que o paciente não se automedique com tranquilizantes, antigripais, antialérgicos e analgésicos, pois os ativos podem se misturar com os medicamentos regulares e causar efeitos adversos indesejados.
Ao perceber sinais de que um novo episódio de humor está se iniciando, é de extrema importância que o paciente fale com seu médico, relatando seus pensamentos e vontades sem preconceitos. Só assim o médico saberá o que realmente se passa e poderá ajudar corretamente.
O paciente deve aproveitar os períodos em que se sente bem para se conhecer melhor, descobrir como normalmente sente a tristeza e a alegria, observar sua disposição e comportamentos normais, pois isso ajuda muito na hora de identificar uma nova crise.

Como os familiares e amigos podem ajudar?

É importante que a família e pessoas próximas saibam que, muitas vezes, a doença fala mais alto que seu portador, sendo necessário compreensão e paciência durante as crises. É preciso que as pessoas entendam que os sintomas são a doença e não características da pessoa em si, pois isso alivia sentimentos de culpa da pessoa bipolar.
O apoio ao tratamento é fundamental, principalmente no que tange a medicação. Auxiliar o paciente a lembrar dos horários e doses dos medicamentos a serem tomados contribui para que não haja uma nova crise, uma vez que a ausência dos mesmos por poucos dias é o bastante para que os sintomas voltem.
Nos períodos de mania, o paciente pode alegar que os familiares estão o acusando e recusar as orientações. Nessas fases, é importante apontar os sintomas de maneira compreensiva, sem julgar, para que o paciente entenda o que está acontecendo.
Caso o paciente gaste muito dinheiro durante os períodos de mania, uma maneira de contornar isso é conversar com ele enquanto ele estiver bem e entrar em acordo de tirar dele cartões de crédito ou débito durante esses episódios.
Enquanto o paciente estiver em períodos depressivos, os familiares e amigos devem prestar atenção em ideações suicidas, especialmente se o paciente fala abertamente sobre isso. É importante não deixar o paciente sozinho, assim como tirar de perto dele objetos e utensílios que ele possa usar para tentar tirar a própria vida.
É importante, também, que a família não exija demais nem proteja em demasia o paciente. O primeiro pode causar muito estresse e desencadear um episódio, enquanto o segundo pode fazer com que o paciente se acomode e não tente sair da “zona de conforto”, evitando lutar contra a doença.

Complicações

As maiores complicações relacionadas ao bipolar são a descontinuação do tratamento, o abuso de substâncias e pensamentos de automutilação e suicídio.
O paciente deve ser constantemente lembrado que o tratamento é o que faz com que ele se sinta bem e, caso resolva parar, os sintomas podem voltar repentinamente.
Embora o abuso de substâncias possa ser um fator desencadeador do doença, também pode ser uma consequência, pois, para escapar da dor emocional, o paciente pode se envolver com álcool ou drogas ilícitas. Torna-se um ciclo vicioso, já que o uso piora a doença e a doença pode aumentar o uso.
O suicídio é a causa mais frequente de morte entre os bipolares jovens. As estimativas são de que 50% dos portadores do transtorno bipolar tentam suicídio ao menos uma vez na vida, enquanto 15% realmente cometem.
Durante os episódios de mania, o indivíduo pode se engajar em sexo de risco, o que pode levar a uma gravidez indesejada ou contração de doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, pode gastar muito dinheiro compulsivamente, o que pode acabar com as economias da família.
A demora para diagnosticar e acertar o tratamento do transtorno bipolar também é um fator de complicação. Estima-se que, no Brasil, leva cerca de 6 anos para que um paciente seja corretamente diagnosticado com bipolaridade.
Outra complicação é o fato de que bipolares tem maiores chances de desenvolver doenças crônicas físicas, como doenças cardiovasculares, obesidade, entre outras.

Prevenção

Não existe um meio de prevenir o transtorno em si, apenas crises e episódios de humor. Algumas dicas são:

Prestar atenção nos sintomas

Perceber a presença de sintomas logo no começo de um episódio previne que o ele fique ainda pior. Identificar fatores desencadeadores também ajuda. É importante avisar o médico caso o paciente perceba que está iniciando um novo episódio de mania ou depressão. Recomenda-se encorajar a família e amigos a prestar atenção nos sinais, pois o próprio portador pode não perceber.

Evitar o consumo de álcool e outras drogas

A utilização de substâncias que agem diretamente no cérebro pode piorar os sintomas, assim como desencadear uma nova crise.

Tomar os medicamentos prescritos

Manter as doses e horários assim como prescritos são as melhores medidas para que o tratamento funcione corretamente. Ao sentir vontade de parar, o paciente deve ser lembrado das consequências, inclusive que os sintomas poderão voltar com toda a força.

Contatar o médico antes de tomar novos medicamentos

É importante que o profissional responsável pelo tratamento esteja ciente de todos os medicamentos que o paciente está tomando, e quando for tomar novos medicamentos, sejam eles prescritos ou não, avisar o médico. Isso porque as interações medicamentosas podem ser graves e desencadear um novo episódio.

O Transtorno Afetivo Bipolar é uma doença séria que, caso não tratada, pode acarretar diversas dificuldades da vida de uma pessoa.
Se você conhece alguém que apresenta sintomas parecidos com a bipolaridade ou se identificou, compartilhe este texto para que mais pessoas tenham conhecimento e consulte seu médico!

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