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Pesquisa e extensão se unem para incentivar cultivo de umbu na Paraíba

O 1º Simpósio Paraibano do Umbu, realizado em Campina Grande, foi um sucesso de público, de informações científicas e de experiências bem sucedidas na área de processamento do fruto, tendo muito a avançar em termos de pesquisa genética.  

A observação é do engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB) e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Ely Martins de Lima, um dos palestrantes do evento.


Conforme o professor, a primeira providência para estimular a cultura deverá ser a execução de um projeto delimitando as regiões que apresentam potencial para o cultivo do umbu no Estado, observando principalmente as condições agroclimáticas e as tecnologias relevantes a serem utilizadas nos plantios. Ele lembrou que, no ano 2000, foi feita uma experiência no Estado com mudas de umbuzeiro trazidas de Petrolina-PE e durante esses 17 anos nunca produziram frutos, só floram.  “O alerta é no sentido de analisar o material genético oriundo de outros Estados que possivelmente não se adapte às condições climáticas da Paraíba”, relatou.

Ele disse acreditar que a realização do simpósio serviu para promover a união entre a pesquisa, a extensão, os agricultores familiares e produtores rurais, na busca de materiais geneticamente comprovados às condições agrometeorológicas do Estado. Observou ser importante “fazermos  uma revisão bibliográfica de tudo o que já foi pesquisado  sobre o umbu e juntar esse material para servir de base ou suporte para montarmos pesquisas sequenciais àquelas já existentes. Em linhas gerais devem ser executados dois projetos distintos: um para a implantação da cultura em campo com plantas clonadas e o outro estudar as variáveis clima, solo, água e planta exigidos pela cultura”.

Condução da cultura – Ely Martins adiantou que, após a identificação desses materiais, será necessário compor um banco ativo de germoplasma, por meio de um jardim clonal, com acesso dos materiais trazidos de diversos municípios com características agroclimáticas propícias às exigências do umbuzeiro. Explicou que plantas com altos padrões genéticos encontradas em alguns municípios já foram identificadas, faltando fazer uma caracterização quanto ao perfil das exigências botânicas, tolerância ao déficit hídrico, bem como a precocidade e a alta produtividade, afora outros fatores fisioquímicos. Feita a avaliação, o passo seguinte é trazer o material das plantas matrizes escolhidas para um ambiente propício e iniciar o processo de clonagem para, posteriormente, efetuar os plantios comerciais.

A etapa seguinte, segundo o professor Ely, será estudar os arranjos produtivos no que se refere ao consórcio com outras culturas, principalmente de subsistência (feijão, milho, mandioca), e identificar os parâmetros de tolerância à salinidade da água e, a partir desses critérios, quantificar a sua demanda hídrica em vários estágios de desenvolvimento da cultura para que se possa inserir o umbuzeiro nos programas de cultivos irrigados do Estado.

Umbuzeiro – Entre as diversas espécies que compõem a vegetação nativa, o umbuzeiro (spondias  tuberosa) é a planta frutífera que vem despertando o interesse da população da região semiárida paraibana. É uma planta em domestificação em que seus frutos são usados de forma extrativista, porém o interesse econômico tem crescido consideravelmente nas últimas décadas, já passou de pastagem para os animais e consumo sazonal das famílias agricultoras para a comercialização às margens das estradas. Hoje, está em fase de declínio, devido ao processamento industrial de pequenas fábricas, que tem se disseminado no semiárido paraibano.

É uma planta bastante resistente. Apesar da grande devastação sofrida pela Caatinga, o umbuzeiro é conservado, salvo nos desmatamentos mecanizados para implantação de áreas de pastagens. Estudos recentes feitos em municípios com potencial produtivo revelam uma baixa densidade dessa cultura, em média 1,3 plantas por hectare.



Secom