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Padres ‘infernizaram’ vida do governador da Paraíba nos tempos de capitania

No texto acadêmico “Família e relações de poder na Capitania da Paraíba”, que analisa o governo de Jerônimo de Mello e Castro, entre 1764 e 1797, a historiadora Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano, revela alguns detalhes sobre a “violenta” atuação política de três padres e integrantes da família Bandeira de Melo, que não aceitavam subordinação ao governante.

Os padres que infernizaram a vida do governador foram Antônio Soares Barbosa, Bartolomeu de Brito Baracho e Antônio Bandeira de Melo. Eles lideraram uma clara disputa de poder das elites locais que se viram ameaçadas diante da gestão de Mello e Castro.


Da mesma forma que os padres e a família Bandeira de Melo não atendiam ordens de Mello e Castro, o governante não aceitava, em hipótese alguma, as ordens vindas do Capitão General de Pernambuco, Capitania à qual a Paraíba estava diretamente subordinada.

Nos 33 anos que passou à frente do governo da Paraíba, Mello e Castro tentou, em vão, adquirir perante a Coroa Portuguesa a separação de Pernambuco. Não conseguiu. Teve um governo conturbado. Mello e Castro assumiu no dia 21 de abril de 1764, após ser nomeado pelo rei Dom José I, em julho de 1763.

Suas desavenças com a família Bandeira de Melo e com os três sacerdotes quase lhe custaram a vida. Foi vítima de uma plano de assassinato. Era constantemente desmoralizado em público pelos padres que tinham apoio do governo da Capitania de Pernambuco.

Pernambuco mandava na PB

O Capitão-General pernambucano mandava na Paraíba, uma vez que o título de governador dado a Mello e Castro, era apenas honorífico e não servia para muita coisa, a não ser para ele ter acesso ao rei de Portugal, a quem reclamava das insubordinações dos padres e da falta de autoridade para puni-los.

Doutora em História e professora do curso da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Serioja Mariano sustenta em seu trabalho que Mello e Castro, desde que assumiu a função, “sempre contestou os limites da subordinação”.

“Reclamava, principalmente, da pouca autoridade e falta de respeito da população que, em várias ocasiões, se dirigia diretamente ao Capitão-General, fazendo pouco caso das suas ordens”, frisa Serioja Mariano.

Segundo ela, “é exemplar o caso do padre Baracho, que havia recebido a punição de Mello e Castro por desacatá-lo publicamente, mas recorreu a Pernambuco e saiu ileso das acusações, não sendo punido como desejava o Capitão-mor, que viu seus poderes diminuídos perante as estratégias das elites locais”.  A professora afirma que o Capitão-mor, desde que assumiu, era incitado pelo padre Antônio Soares Barbosa, “fazendo intrigas com o Capitão-General de Pernambuco”.




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