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Um paraibano morre com AVC a cada 9 horas

A cada nove horas, um paraibano não resiste a um acidente vascular cerebral (AVC). Com uma assistência rápida e devida talvez muitos dos 967 óbitos no ano passado pudessem ter sido evitados. 

Na Paraíba, apenas cinco serviços são referência para estes casos (e para outras urgências e emergências), embora os pacientes sejam tratados em outros 85 serviços.

O estudo foi divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e não traz dados por Estado, mas também não poupa nenhuma unidade da Federação das críticas. As conclusões foram tiradas da percepção de neurologistas e neurocirurgiões, que atendem na rede pública, em todo o País.


Na Paraíba, apesar de a SES apontar apenas cinco serviços de referência para o atendimento de AVC, 90 hospitais no Estado realizaram mais de 13.500 internações de pacientes para tratamento da doença, nos últimos sete anos segundo dados encaminhados pela gestão. Então, se conclui que o atendimento de muitos pacientes se deram em condições não ideais na maioria das unidades.

O que dizem os gestores do Estado e de JP

O blog perguntou aos gestores de Saúde do Estado e da Capital se os os hospitais da Paraíba estavam adequados para receber pacientes com AVC para onde os pacientes com suspeita de AVC deveriam ser socorridos.

A secretária de Estado da Saúde, Claudia Veras, lembrou que as doenças cardiovasculares causam mais de 50% da mortalidade na Paraíba. “Nessa lógica de se adequar às necessidades de saúde da população, o Governo do Estado entregará, até o primeiro trimestre de 2018, o Hospital Metropolitano de Santa Rita, que será de urgência e emergência para causas cardiovasculares, a exemplo de infartos agudos, AVC, e outras”

Cláudia Veras acrescentou que há unidades federais, estaduais e municipais que pactuaram o atendimento a essas pessoas. “Os hospitais da rede estadual de saúde de referência para AVC são: Trauma de João Pessoa; Trauma de Campina Grande; Regional de Patos e Regional de Cajazeiras. Em João Pessoa, há uma pactuação que prevê o atendimento no Hospital São Vicente de Paulo (filantrópico), para os casos de AVC isquêmico”, disse.

A gestão de Saúde de João Pessoa não avaliou a qualidade dos serviços na Capital. A assessoria de imprensa informou que, de acordo com a direção de Gestão Hospitalar da SMS-JP, os casos de AVC ou suspeitos devem ser encaminhados para os hospitais Walfredo Guedes – São Vicente (filantrópico) e de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena (estadual).

DADOS DA PESQUISA DO CFM

39% disseram que a estrutura dos hospitais onde trabalham é pouco adequada 37% falaram que é totalmente inadequada 22% acham que os serviços onde atendem são adequados 3% acham que são muito adequada 87,9% disseram que faltam leitos de internação para os pacientes 93% relataram que exames de ressonância magnética não estão disponíveis em até 15 minutos 51,9% dos especialistas disseram que hospitais públicos onde trabalham não têm ressonância magnética 34,6% dos que trabalham em hospitais com ressonância disseram que a qualidade do equipamento era péssima ou ruim 32% falaram que inexiste tomografia computadorizada 52,6% comunicaram que os hospitais carecem de medicamentos trombolíticos 57,5% reclamaram que as unidades não têm triagem para identificar os pacientes com AVC 52,7% dos especialistas disseram que os estabelecimentos do SUS são péssimos (25,7%) ou ruins (27%) 8,3% disseram que faltam itens mínimos para o atendimento



Por Andréa Batista, jornalista